ESPECIAL
Suicídio: uma realidade presente entre os universitários
A pressão da vida acadêmica pode ser uma ameaça à saúde psicológica dos estudantes, ao passo que cada vez mais universitários apresentam algum tipo de transtorno psicológico
Camila Barbosa e Tom Veiga, especial para o LabF5
Entre os jovens universitários as taxas de suicídio são consideradas preocupantes. Segundo um estudo, publicado em 2016 pelo jornal ‘O Estado de São Paulo’, a cada 10 estudantes de universidades federais, 3 já procuraram algum tipo de auxílio psicológico.
“A nossa sociedade hoje cobra demais das pessoas, cobra produtividade… Não há igualdade de oportunidades e essas pressões cotidianas impactam nas emoções, impactam na saúde mental e os universitários, que são uma população destaque, sofrem isso demasiadamente”, aponta a professora da Faculdade de Psicologia da Universidade Federal do Amazonas, Gisele Cristina Resende.
A psicóloga diz ainda que o ambiente acadêmico acaba se tornando nocivo para o estudante antes mesmo de ele ingressar na universidade, com a concorrência dos vestibulares. Depois de superada essa fase, o estudante tem que lidar com a rotina estressante e as responsabilidades que surgem, fazendo com que ele desenvolva problemas psicológicos e até mesmo a ideação suicida. “Por que não é só passar no ENEM, PSC e entrar na universidade. Depois vem outra etapa: como sustentar o curso do ponto de vista financeiro, acadêmico e familiar. O estudante precisa de uma rede de apoio que, até então, é deficitária na universidade. E toda essa pressão acaba acarretando um sofrimento mental e com isso a probabilidade maior de suicídio.”
Para Joana Ribeiro (nome fictício de uma estudante que preferiu não se identificar), que tem três tentativas de suicídio em seu histórico médico, a adaptação à vida acadêmica interferiu bastante na sua saúde psicológica. “Entrei na universidade, não conhecia ninguém e não sabia como lidar com a nova fase, não pude me comunicar como deveria para explicar minha situação porque não há brechas. É um ambiente que te exige uma saúde mental que você pode não ter ou perde pelo caminho.”
O suicídio não é cometido de forma repentina, ocorre todo um processo de sofrimento psicológico antes de haver a tentativa. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), 90% das mortes por suicídio poderia ser evitada com auxílio psicológico ou tratamento. Para prevenir o suicídio é preciso estar atento aos sinais e a melhor forma é ouvindo o que o outro tem a dizer, pois quem tenta o suicídio sempre dá sinais de que pode fazê-lo. E, após essa escuta, encaminhar aos serviços especializados.
Gisele Resende, diz que através do diálogo é possível quebrar os estigmas e tabus sobre o suícidio. “Falar sobre suicídio é muito importante. As pesquisas mostram que quando a gente fala, a gente previne ao contrário do mito que existia. Quando eu falo eu elaboro as minhas ideias e posso agir de maneira diferenciada.”
Algumas instituições oferecem o serviço de apoio psicológico 24 horas. Uma delas é Centro de Valorização da Vida (CVV), que oferece um serviço de escuta qualificado atendendo 24 horas por dia através do telefone (número 188), e-mail, e Skype.
Na cidade de Manaus, algumas instituições oferecem serviços especializados de atendimento psicológico. O serviço é oferecido na rede pública através da Secretaria Estadual de Saúde (SUSAM), com policlínicas pela cidade e, pela prefeitura, em policlínicas e Centros de Atendimento Psicológico (CAPSIs).
Instituições de ensino superior como a UFAM, Uninorte e Ulbra, também oferecem atendimento psicológico à comunidade em suas clínicas-escolas. Aqui você pode conferir algumas dessas instituições e endereços.