A era do Open Banking

Livia Belfort
Labbs
4 min readAug 24, 2017

--

Imagine que você está navegando no Submarino.com, ou no seu site favorito, e quer comprar um notebook. O notebook custa R$4.000,00, mas se você pagar à vista ele sai por R$3.500,00. Nesse momento você se pergunta “Quanto será que eu tenho na minha conta do banco? Será que dá pra eu comprar esse notebook?” Agora imagine que, ao invés de você precisar sair do ambiente do Submarino, para entrar no ambiente no BB e checar essa informação, você consiga fazer isso do próprio site do Submarino. (Oi? Meus dados bancários no Submarino? Como assim?)

Calma… ainda vou avançar mais!

Aí você vê que seu saldo não está lá essas coisas e que precisa tomar um empréstimo para comprar o seu notebook à vista e DO PRÓPRIO SITE DO Submarino você toma esse empréstimo do BB. Pronto! Empréstimo realizado! Agora pode comprar seu notebook. Rápido, Fácil e seguro!

Ficamos pasmos quando começamos a fazer nossas transações bancárias pelo celular, não ficamos?

Pois ficaremos mais pasmos ainda, quando começarmos a fazer essas mesmas transações no site/app/plataforma que quisermos e que nos for mais conveniente.

Isso é o que chamamos de OPEN BANKING.

É o Banco abrindo algumas informações/transações para outras empresas / sites / apps, possibilitando não só uma maior inserção nesse mundo digital, como a criação de novos negócios.

Caraca, Lívia, mas como isso é possível?

Isso é possível através de uma tecnologia chamada API. API é o termo técnico para a integração de sistemas entre empresas. No caso do exemplo que eu citei, seria uma API ligando o BB ao Submarino.

As APIs já são muito utilizadas por empresas como o Google, Facebook, Booking.com e tantas outras que integram os seus sistemas a sistemas de terceiros.

Por exemplo, quando você está navegando no booking.com, escolhendo o hotel ideal para as suas férias e você clica para ver onde o hotel está situado no mapa, o booking.com “chama” uma API do google, para ter este mapa. Você não precisa sair do booking.com e entrar na página do google, para ter essa informação. É tudo “resolvido” em um só lugar, em uma única plataforma, de forma lhe dar muito mais conveniência.

Isso facilita a vida do cliente e melhora a sua experiência.

Atuar com Open Banking é navegar num mundo novo com mil possibilidade e oportunidades.

Uma das grandes vantagens deste movimento talvez seja o fortalecimento do engajamento com os usuários. Trabalhar com open banking coloca a empresa em muitos outros canais, tornando a nossa marca muito mais presente na vida e no dia a dia dos clientes.

Se o cliente acessar sites de marketplaces, o BB estará lá. Se o cliente fizer uso de app para gestão de fluxo de caixa, o BB estará lá. Se o cliente é usuário de um app de viagens, o BB estará lá.

Outra vantagem é a possibilidade de novas receitas. É possível cobrar por cada “chamada” que o sistema de terceiros fizer no nosso sistema. Ou pode-se definir um limite de chamadas por um aplicativo, por dia, e quando esse limite for ultrapassado, uma taxa deve ser paga. Vários modelos de negócios podem ser criados sobre isso.

Mas e a questão da segurança?

Hoje existem vários dispositivos de segurança que garantem essa transferência de informações/transações de maneira segura, como é o caso do Oauth2. Além, obviamente de instrumentos de contrato e termos de consentimento do cliente.

Mas será que a “participação” do BB, nesse mundo, de se limitar a questões bancárias (pagamento e recebimentos, por exemplo)?

Penso que não!

Com as mudanças que temos presenciado no mundo, conceitos como “Big Data” e “Ciência de Dados” ganham cada vez mais importância dentro das organizações e é aí que o BB pode nadar de braçada.

Se o que rege o mundo hoje são informações de clientes, que outra empresa (tá, exclui o facebook e o google) tem tanta informação do cliente, quanto o BB? O Banco está hoje sentado em uma mina de ouro. Sabemos os hábitos de consumo dos nossos clientes, sabemos onde eles moram, pra onde viajam, o que eles compram, quando compram, quais restaurantes frequentam, e tantas outras informações valiosíssimas não só para o BB, como para tantas outras empresas.

Existe um campo disciplinar, chamado Ciência de Dados, que tem o objetivo de extrair conhecimento ou insights a partir de dados coletados, sejam eles estruturados ou não, criando estatísticas, classificações, fazendo análises preditivas, etc.

O BB precisa cada vez mais estudar e se especializar nessa disciplina. Em interpretar os dados que temos dos nossos clientes de forma a produzir a melhor solução e de fato realizar as melhores ofertas.

E porque não oferecermos também esse “serviço de inteligência” ao mercado, via Open Banking?

E se o BB, através do Open Banking passasse a ser um direcionador de ecossistemas, uma plataforma onde empresas criariam serviços para venda, por intermédio da nossa plataforma, sob a nossa tutela, mas com toda liberdade de criação e entrega de experiências aos clientes?

Recentemente lançamos o Experimento Open Banking BB, que nada mais é que a primeira iniciativa oficial do BB, junto ao Mercado, de integração dos nossos negócios.

Ao longo dos últimos meses o BB desenvolveu algumas APIs, que através desse Experimento, em um momento ainda Beta (em construção), poderão ser testadas por parceiros e clientes pré-selecionados.

Superados os testes, aí sim, poderá virar negócio, conforme o caso, ser monetizado.

Temos ou não temos, à nossa frente, um mundo de possibilidade?

--

--

Livia Belfort
Labbs
Writer for

Graduada em ADM, pós em Finanças e em Gestão de Pessoas. Atuo no BB, na estratégia de Open Banking. Sou entusiasta da inovação e apaixonada pela vida!