Fotojornalismo na era digital: registrando e empreendendo emoções

Larissa Reis
LabCon / UFMG
Published in
26 min readNov 25, 2019

Gabriela Meireles, Igor Luís, Júlia Oliveira, Larissa Reis e Maíra Ramos

A imagem possui uma função quase central no jornalismo. É através dela, em complemento ao texto — de modo, muitas vezes, a legitimá-lo — que conseguimos acessar outras realidades, nos sentir a par do que acontece no mundo, nos situar e compreender a sociedade à nossa volta. O fotojornalismo, então, é um campo de grande importância para veículos de comunicação e para o mercado jornalístico.

Para entender melhor esse campo — que se encontra em constante movimento em função do aprimoramento das tecnologias digitais e novas formas de produção e consumo online — reunimos a seguir histórias de quem ajuda, atualmente, a consolidá-lo e transformá-lo. Dentre os cinco fotojornalistas entrevistados, nenhum deles é, de fato, formado em jornalismo, mas todos trabalham, ou já trabalharam, de forma autônoma. Tratam-se de quatro fotógrafos que atuam no ramo esportivo: Douglas Magno, Cristiane Mattos, Pedro Vale e Marcelo Alvarenga, além do Vinícius Caricatte, que exerce a atividade em shows de rock. Todos eles se conhecem de alguma forma. E, além do companheirismo na hora de fotografar, todos são movidos pela emoção, sendo este o principal “valor-notícia” norteador de seu trabalho.

Douglas Magno: transformando histórias em fotos

Arte: Maíra Ramos.

Douglas Magno é natural de Mateus Leme, uma cidade com menos de 30 mil habitantes situada nos arredores da capital mineira. O fotojornalista é formado em Publicidade e Propaganda e trabalha com fotografia há treze anos. Tendo experiência de sete anos como contratado no jornal O Tempo, hoje empreende no ramo da fotografia, prestando serviços de forma independente para agências internacionais, como a France-Presse, e para jornais como o espanhol El País.

Perfil profissional de Douglas Magno no Instagram.

Com uma rotina apertada, Douglas chega a estar em até três cidades no mesmo dia, como foi o caso quando conseguimos conversar com ele por telefone, em setembro de 2019. No dia, o fotógrafo passou, a trabalho, por Brumadinho, Divinópolis e Carmo do Cajuru, todos municípios de Minas Gerais.

Um pouco tímido, mas desde o início simpático, Douglas introduziu a entrevista nos contando sobre o começo de sua carreira. Relata que estreou fotografando shows e também chegou a trabalhar com casamentos e batizados, pois, segundo ele, foi difícil entrar no mercado do fotojornalismo, que requer muita confiança dos contratantes para com os contratados.

Há oito anos, Douglas tem se dedicado ao fotojornalismo e às fotografias institucionais, que ele diz fazer utilizando uma linguagem jornalística característica do seu trabalho, mesmo quando o cliente não é um veículo de mídia. Logo após sua apresentação, questionamos o profissional sobre as dificuldades na realização do seu trabalho.

A partir disso, ficamos sabendo que os fotojornalistas veem o ofício com uma divisão em três áreas: hardnews — que são as coberturas cotidianas-, esporte e cultura, sendo que cada uma tem suas dificuldades específicas. O esporte, por exemplo, exige muita agilidade ao realizar os disparos e as hardnews têm desafios ainda maiores, com mais riscos e ameaças.

Quando perguntamos sobre as situações mais marcantes, revelou que já passou por muitas. Sua última grande cobertura foi a do rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão em Brumadinho — MG, em janeiro de 2019. Sobre o episódio, Douglas comentou que foi perigoso andar por toda a lama sem saber exatamente onde pisar e quais os riscos que corria ao entrar no meio dos rejeitos para fotografar.

Partindo para relatos com alta carga emocional, o fotógrafo cita Brumadinho, mas dá um relato mais aprofundado sobre a crise migratória na fronteira entre o Brasil e a Venezuela, que cobriu pelo El País.

Cobertura de Douglas Magno sobre a crise na Venezuela. Galeria de fotos disponível no Instagram do Fotógrafo.

“(…) Venezuela foi muito marcante. Crianças andando duzentos, trezentos quilômetros a pé descalças, pra chegar e dormir ao ar livre e você perguntar às pessoas: vale a pena? E a pessoa falar pra você o seguinte: vale, aqui tem comida”, relembra o fotógrafo.

Lembrando de quando fotografava para o jornal, ele comenta sobre um caso que aconteceu na região metropolitana de Belo Horizonte em que uma mãe saiu de casa e deixou a filha pequena sozinha, mas houve um incêndio e a criança não resistiu. Sobre situações como essa, Douglas diz que se emociona e que não esquece.

“É difícil, eu sou muito emotivo, eu choro… eu consigo, durante a cobertura, separar bem as coisas, não vou ser falso e dizer que isso me atrapalha na hora. Eu consigo manter a calma, concentrar, focar, tentar expor o menos possível essas pessoas e fazer um trabalho digno, não usar a dor dessas pessoas pra me promover. Mas depois que você faz, quando dá uma pausa, vem aquilo tudo e você desaba, aí é difícil…”

Do outro lado da linha, na sala pequena e abafada em que estávamos, tentamos aliviar o clima para que fosse possível prosseguir com a entrevista. Perguntamos, então, sobre as experiências positivas da carreira de Douglas. Ele nos disse que também eram muitas, e citou sua cobertura dos Jogos Parapan-americanos de 2019, que ocorreram em agosto no Peru.

“Ao cobrir um evento paralímpico você vê muita superação. A pessoa, por exemplo, que dá o salto na areia de um metro sai vibrando, mas se você imaginar o que é pra ela dar um salto de um metro, isso é inexplicável. Ver a alegria dessa pessoa de verdade. Ali não é dinheiro, patrocínio de bilionários, ali é a superação. A pessoa que ficou em último lugar é vencedora, porque deu o máximo que podia”.

Foto de Douglas Magno, 2019, publicada no Instagram.

Retomando os aspectos mercadológicos do seu trabalho, Douglas é detalhista ao explicar como tudo funciona. Segundo ele, são três os principais modelos de trabalho do fotojornalismo. O primeiro deles é a contratação por jornais ou revista, com salários e horários fixos e independentes da qualidade ou relevância das fotos produzidas. O segundo, é o trabalho para agências nacionais, que pagam por foto vendida. Douglas, assim como outros fotógrafos que entrevistamos, não considera esse o melhor modelo para empreender de forma individual, devido ao pouco resguardo e à inexistência de vínculos empregatícios de qualquer natureza.

O terceiro, preferido por Douglas nesse momento de sua carreira, é o trabalho para agências internacionais. Nesse caso são cobradas as “saídas”, termo utilizado no ramo para designar os trabalhos de duração menor que um dia, ou “diárias”, em caso de trabalhos mais extensos. Esse formato funciona com um valor fixo previamente acordado e as agências costumam assumir integralmente as despesas com deslocamento e alimentação, além de oferecer respaldos relacionados a saúde, segurança do equipamento e aspectos jurídicos. Para se resguardar, o fotógrafo afirma que procura trabalhar sempre com agências sérias como a France Presse e a Reuters, além de tomar alguns cuidados como pagar um plano de saúde de forma particular, por meio de sua empresa.

Ao ser perguntado sobre seus planos para o futuro, Douglas afirma que já passou por uma mudança drástica neste ano, quando saiu d’O Tempo. Ele, pretende continuar trabalhando em parcerias com as agências internacionais e buscar capacitações para se manter atualizado no mercado que, segundo Douglas, tende a procurar profissionais com habilidades tanto para fotografar quanto para produzir vídeos. Além disso, o fotojornalista compartilha que não tem pretensão de sair do estado e nem do país, pois gosta muito de Minas Gerais e quer continuar contando histórias por aqui.

Cristiane Mattos: transformando o lugar da mulher no fotojornalismo esportivo

Arte: Larissa Reis.

No dia 13 de outubro de 2019, o Atlético Mineiro entrava em campo contra a equipe do Grêmio, na Arena Independência, às 19h, pela 25ª rodada do Campeonato Brasileiro. Duas horas antes de a partida começar, quem estava entrando em campo era a fotojornalista de 46 anos, Cristiane Mattos, com quase 20kg de equipamentos fotográficos.

Enquanto a torcida começava a povoar as arquibancadas e se preparar para momentos de intensas cobranças ao time alvinegro, devido aos últimos resultados negativos obtidos na competição, Cristiane se posicionava no gramado: com calma, ajeitava seus equipamentos na linha de escanteio, lugar onde, segundo ela, “energias do universo” lhe disseram que renderia boas fotos.

Mas antes de iniciar seu ritual de trabalho, ela deu uma pausa para conversar com a gente sobre sua rotina, carreira e visão sobre o mercado do fotojornalismo, principalmente, em relação fotojornalismo esportivo e sua restrita abertura às profissionais mulheres.

Cristiane Mattos com os seus equipamentos do lado de fora da Arena Independência, antes da cobertura da partida Atlético-MG x Grêmio. Foto: Maíra Ramos.

Cristiane conta que começou a fotografar em 2010 por hobby, se inserindo no mercado através de freelas em casamentos e festas de aniversário. Durante esse período, que perdurou 3 anos, ela não se via, ainda, plenamente realizada com a sua carreira, já que o dinheiro que ganhava não era o suficiente para se sustentar.

Foi a partir de 2013 que ela começou a pesquisar sobre os caminhos para se inserir no mercado da fotografia esportiva. E no mesmo ano o seu nome começou a ser reconhecido no mercado do fotojornalismo, pois foi quando conseguiu se registrar no Ministério do Trabalho e passou a fotografar profissionalmente eventos esportivos, sua grande paixão.

A fotógrafa começou de baixo, registrando futebol de várzea para alimentar seu portfólio. Ainda em 2013 ela foi convidada por uma agência de São Paulo para cobrir algumas partidas de forma colaborativa. Lá, Cristiane recebia 70% do lucro das vendas das imagens produzidas por ela, mas acabava tendo muitas despesas com viagens e equipamentos. “Muitas vezes trabalhei no 0x0, ganhava o que eu tinha gastado. Mas eu precisava muito dessa oportunidade de fazer um trabalho diferenciado e colocar meu nome no mercado. Foi ali que decidi que eu queria trabalhar com isso”.

Perfil profissional de Cristiane Mattos no Instagram.

Em meados de 2015, Cristiane notou que o mercado do fotojornalismo esportivo começava a entrar em crise. Com muitos fotógrafos atuando na área e com as fotos sendo desvalorizadas pelas agências, o trabalho não compensava o grande investimento que ela havia feito. “Você vinha em um jogo, gastava R$30 de estacionamento, gastava gasolina e não conseguia vender R$40 em fotos para as agências”, relata.

Sua frustração durou cerca de dois anos, já que em 2017 surgiu a oportunidade de trabalhar para o jornal O Tempo, da Grande BH. Embora a fotógrafa avalie de forma bastante positiva todos os seus trabalhos independentes, ela acredita que essa oportunidade foi muito importante para que ela conseguisse obter segurança financeira e até mesmo investir mais em seus equipamentos e em outros trabalhos.

“Embora fosse algo que eu não desejava, já que eu teria de fazer de tudo, não apenas esporte, lá eu vi uma possibilidade de ter uma maior estabilidade financeira”, pondera. Trabalhando no jornal, a fotógrafa pôde descobrir ainda uma nova paixão, além do esporte.

“Gosto muito de fotojornalismo hardnews, manifestação, incêndio, acidente, correr atrás de político… tudo o que tem ação me apaixona”, confessa Cristiane.

Se a entrada nesse mercado é difícil para todos os profissionais que sonham em fotografar futebol, para as mulheres esse processo é ainda mais desafiador. Embora o ramo esteja “saturado de profissionais”, como observa Cristiane, atualmente existem apenas 3 mulheres atuando em Belo Horizonte, incluindo ela.

Cristiane conta que fato de ser mulher foi um grande desafio para que ela conseguisse se consolidar. “No início foi difícil, tomei muita porta na cara, muita gente duvidava do meu potencial. Foi quando eu percebi que eu estou em um mercado em que eu tenho que ser boa e me equiparar aos melhores”, avalia Cristiane. Para ela, o apoio de outros fotógrafos, como o Douglas Magno, e a Nina Abreu, ex-diretora de comunicação da Federação Mineira de Futebol, foi fundamental para que ela conseguisse o espaço que tem hoje.

Para se destacar em campo, Cristiane conta que treinou seu olhar para captar detalhes para os quais nenhum outro fotógrafo estaria atento. E foi justamente esse olhar diferenciado da fotógrafa que fez com que seu o trabalho se tornasse conhecido em todo o mundo.

Após a vitória do Atlético por 2x1 em cima do Racing, que acabou dando ao time mineiro acesso às quartas de final da Copa Libertadores da América de 2016, Cristiane foi a única fotógrafa a registrar o momento em que o preparador de goleiros do time argentino ofendeu a torcida alvinegra, fazendo gestos racistas. Após a publicação das suas fotos, o preparador foi demitido do clube, e as imagens de Cristiane ilustraram páginas de jornais internacionais.

Treinador de goleiros Juan Carlos Gambandé se dirigiu à torcida alvinegra e simulou descascar uma banana. Foto: Cristiane Mattos.

Ela conta que só conseguiu capturar esse momento pois leu momentos antes do jogo que na partida anterior o preparador de goleiros havia feito uma provocação com o Victor, goleiro do Atlético. Na ocasião, haviam cerca de 30 fotógrafos em campo, e cinco agências internacionais cobriam a partida.

“Acabou o jogo e todo mundo estava preocupado em entregar o material, outros estavam indo embora pra não pegar trânsito. Eu, como sabia da história, fiquei na expectativa de ele fazer alguma coisa. Não fazia ideia que seria algo com a torcida, imaginei que ele iria provocar novamente o Victor e que, até mesmo, pudesse acontecer uma agressão”, conta.

Depois de conhecer um pouco da história de Cristiane, ela partiu para o seu ofício. Durante a partida, foi difícil acompanhar suas movimentações em campo e depois do jogo também não nos encontramos novamente. O placar terminou em 1x4, nada favorável para o time da casa, que viu seus torcedores abandonarem a arena 20 minutos antes de a partida terminar oficialmente. Enquanto para eles o placar não foi favorável, para Cristiane sim. Já que ela não estava cobrindo o jogo pelo jornal O Tempo, que exigiria dela uma atenção exclusiva ao time mineiro, ela pôde presentear a torcida tricolor com belos registros da goleada.

Registro de Cristiane Mattos da partida Atlético-MG x Grêmio.

Pedro Vale: transformando o olhar sobre a fotografia

Arte: Larissa Reis.

Pedro Vale, publicitário por formação, é um fotógrafo que, apesar da breve carreira, tem se destacado no mercado de fotografia esportiva. Suas fotos têm um estilo demarcado, idealizado por ele. As imagens são construídas a partir do conhecimento sobre design que ele possui, função que exerceu antes de seguir o caminho da fotografia, sendo esse seu diferencial. Durante a produção de suas fotografias, Pedro privilegia aspectos como as formas, movimentos, cores e elementos presentes ali, que, quando combinados, configuram uma composição construída por um viés mais artístico.

Perfil profissional de Pedro vale no Instagram.

A exemplo da maioria dos profissionais do ramo, a fotografia surgiu na vida de Pedro como um hobby e se tornou uma paixão. A partir disso, o fotógrafo decidiu que não queria seguir carreira publicitária, na qual ele executava funções relacionadas ao design. Cumprindo o desejo de trabalhar com aquilo que ama, ele traçou seu posicionamento, que seria “transformar como as pessoas enxergam a fotografia”, segundo ele.

Analisando a estética de suas fotografias é possível perceber certa ênfase nos detalhes acerca de cada jogador: a predileção por registrar as expressões faciais bem marcadas, as tatuagens e ações em campo, criando representações que exprimem elementos como a batalha, a luta, a garra, a derrota, a vitória e a consagração num jogo de futebol. É através desse estilo fotográfico apresentado no Instagram, a principal plataforma de seu trabalho, que ele expressa seu fazer fotográfico: a produção de conteúdo digital para jogadores de futebol.

Fotos: Pedro Vale.

A função de Pedro como produtor desse conteúdo para a mídia funciona como um mecanismo que não só constrói uma marca pessoal para os jogadores, mas também possibilita um melhor engajamento na rede do jogador. O conteúdo produzido no estilo fotográfico utilizado pode ser considerado como a maneira predileta de posicionamento de marca dos atletas nos últimos anos.

Pedro possui contratos com os clientes que são, majoritariamente, jogadores da equipe do Cruzeiro: Marquinhos Gabriel, Fabrício Bruno, Dodô, Pedro Rocha, Jádson, Éderson, Davi, Cacá.

Já mencionado anteriormente, a construção do storytelling nas mídias sociais é considerada por especialistas como uma estratégia relevante para construção de marca pessoal e melhora do desempenho nas redes. Ela atua na captura da atenção do usuário, visto seu formato de “contação de histórias” ao produzir conteúdo.

Esse estilo característico de produção visual de Pedro rendeu a ele uma ascensão meteórica. Há três anos, Pedro foi a um seminário, cujo palestrante principal era Henrique Falci, fotógrafo referência no ramo. Pedro começou na profissão sendo assistente de Henrique, a partir da relação estabelecida entre eles no seminário, o que lhe abriu muitas portas, como a criação de vínculos futuros com pessoas as quais Pedro considera fundamentais à sua ascensão.

Networking é tudo na vida, pra mim não há nada mais importante. Eu vejo que tenho, desde sempre, uma facilidade muito grande de lidar com pessoas, criar amizades, isso me ajuda muito”, relata.

A rápida ascensão do profissional se deu a partir de alguns fatores: o cultivo de laços para além dos profissionais durante esses três anos, o networking bem trabalhado e o empenho para se destacar no mercado. Em menos de 6 meses, desde que decidiu por ser fotógrafo esportivo, Pedro cobria seu primeiro jogo.

O jogo foi Cruzeiro x Chapecoense — meses após a tragédia sofrida pelo time catarinense. Pedro tinha como propósito maior, ganhar visibilidade na cobertura desses jogos e assim criar uma vitrine para tentar fazer a cobertura da Copa do Mundo de 2018, na Rússia. A cobertura da Copa do Mundo de 2018 acabou não acontecendo, mas a motivação criada para realizar esse sonho, foi fator preponderante para a sua consolidação no mercado.

Em três anos, Pedro nichou sua produção fotográfica, o que rendeu a ele reconhecimento. O prestígio e reconhecimento adquiridos por ele são expressos no onlin,e através do alto número de admiradores do seu trabalho, quanto offline, quando, por exemplo, o entrevistado Marcelo Alvarenga o cita como referência e inspiração, sem saber que Pedro também havia sido entrevistado para a reportagem.

Atualmente ele trabalha produzindo conteúdo digital exclusivo para atletas da Série A. As imagens surgem a partir do storytelling criado pelo olhar de Pedro e suas lentes.

Esse olhar se concentra tanto nos personagens que o contratam durante as partidas que o resultado obtido é a representação de histórias inéditas a cada jogo: a provocação do jogador à torcida adversária quando marca o gol, o choro após a vitória, a prece feita de joelhos e mãos para o alto no meio do campo, com cada umas dessas histórias sendo contadas a partir de personagens e contextos únicos daquela partida.

O foco se dá no instante, na particularidade, no anseio por registrar aquilo que pode ser acessado através de outros meios, mas dificilmente da forma em que ele opera.

Pedro Vale cobrindo a partida Atlético-MG x Grêmio, na Arena Independência. Foto: Maíra Ramos.

O fotógrafo possui uma conta verificada no Instagram com 42,1 mil seguidores, o que confirma o interesse que as pessoas têm tido por seu conteúdo. Ele se tornou referência no meio, inclusive, para profissionais que já trabalham com fotografia, como Marcelo Alvarenga, nosso mais jovem entrevistado.

Além de se posicionar no mercado como storyteller, Pedro produz conteúdo que engloba, alinhado à fotografia, o audiovisual. Ele tem um canal no youtube com 1.600 inscritos, onde mostra os bastidores de seu trabalho, os equipamentos utilizados por ele, as coberturas que faz e dá dicas sobre a profissão.

Para além do processo de criação que o posicionou no mercado, a postura adotada por Pedro na escolha por ser um fotógrafo independente e o esforço praticado em busca de realizar esse sonho o configura como um empreendedor. Em conversa sobre essa postura construída ao longo dos anos, ele diz: “Tem que saber se é isso que você quer mesmo e ir atrás. Tem que pensar que você é uma empresa e não um fotógrafo.” Essa visão mercadológica sobre o trabalho se deu a partir de sua formação como publicitário e seu interesse pela área de gestão de marca.

Mas não ache que devido a sua rápida ascensão na profissão, o caminho trilhado por Pedro foi sido fácil. Assim como Cristiane, ele conta que sempre teve muita certeza que haveria dificuldades para se estabelecer num mercado tão saturado. No entanto, as dificuldades enfrentadas até conseguir se destacar eram consideradas como “questão de tempo para virar (a situação a seu favor)”.

Ele conta que não sofreu nenhuma frustração no trabalho, mas que existem, sim, dias mais complicados, como em toda profissão. “Assim como eu já disse lá atrás, vivemos de contar histórias e nem sempre elas têm o desfecho que desejávamos. Mas eu me sinto muito realizado em poder trabalhar atualmente em um jogo com seis atletas (presentes no mesmo jogo) confiando no meu trabalho, por exemplo.”

Pedro diz que quando há a demanda de cobrir 6 atletas ao mesmo tempo se desdobra pelo campo com atenção. Ele conta que tenta mudar seu posicionamento de câmera no gramado, quando permitido, para capturar seus atletas por vários ângulos. Nesses momentos a atenção precisa ser multiplicada, então procura se concentrar nos jogadores ali presentes e não necessariamente no jogo em si. O fotógrafo conta que busca ter um “multi-olhar” para que todos os atletas que o contrata tenham suas histórias fotografadas a cada jogo.

Quando perguntado sobre perspectivas futuras no seu exercício, Pedro sonha em produzir conteúdo digital para grandes marcas como Adidas, Nike e Umbro. Ele inclusive já participa de projetos colaborativos, onde atende marcas em ações específicas, como a criação de conteúdo esportivo para a MRV devido a comemoração dos 40 anos da construtora.

Pedro Vale em seu perfil no Instagram.

Marcelo Alvarenga: transformando a própria carreira

Arte: Larissa Reis.

Marcelo Alvarenga é fotógrafo esportivo. Não se intitula como um fotojornalista, pois considera o fotojornalista como aquele que exerce a atividade em variados espaços, cobrindo hardnews, por exemplo.

Perfil profissional de Marcelo Alvarenga no Instagram.

Em seu primeiro ano de profissão, sendo o nosso entrevistado mais próximo de um início de carreira, Marcelo cobre o futebol mineiro. Engenheiro formado, Marcelo busca na fotografia uma renda estável. Ele trabalha como engenheiro de segunda a sexta, e aos fins de semana e quartas feiras exerce seu hobby que virou paixão.

O fotógrafo nos confidenciou que começou no ramo a partir de um desejo de entrar num estádio e assistir aos jogos de forma gratuita, como um hobby, já que é um consumidor de futebol e frequentador assíduo de estádio.

Marcelo já nutria um interesse por fotografias em geral, mas foi em novembro de 2018 quando decidiu se aventurar na fotografia esportiva. Desde então, ele tem trabalhado especificamente com isso. A experiência ainda tem sido de aprendizado, visto a recente bagagem construída até aqui.

Sua primeira experiência no campo se deu quatro meses após sua decisão por trilhar o caminho da fotografia. Foi na Arena Independência, na partida entre Atlético e Grêmio pelo Campeonato Brasileiro, em novembro de 2018, que ele viu seu sonho virar realidade: estar presente no estádio, espaço afetivo para ele, exercendo uma profissão e não mais (somente) torcendo da arquibancada.

Ele conta que o caminho percorrido até aqui não tem sido fácil e que alguns problemas estruturais da profissão acabam dificultando ainda mais o percurso. O primeiro deles é o fato de o mercado da fotografia se mostrar saturado, há muitas pessoas fazendo o trabalho e há pouca valorização do serviço prestado. Marcelo conta que muitas vezes torcedores que se aventuram na arte de fotografar acabam cedendo fotos a jogadores gratuitamente, prejudicando o trabalho do fotógrafo.

Outro aspecto é a dificuldade de se conseguir uma credencial como profissional, que torna esse processo de consolidação mais difícil, burocrático e, até mesmo, chato. O credenciamento dos profissionais passa pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que exige que o profissional possua um vínculo com alguma agência de imagem para ir a campo. Portanto, para adquirir esse vínculo, ele se filiou a uma agência que possui credenciamento com CNPJ na CBF. Marcelo conta que isso dificulta ainda mais o processo, já que dificilmente é possível se manter como fotógrafo prestando serviço a agências nacionais que pagam valores cada vez menores na compra das imagens.

Outro ponto citado por ele é que os estádios brasileiros dificilmente tem uma estrutura de internet, como nos da Europa, onde a internet é cabeada. A falta de uma rede que funcione é um problema principalmente para quem trabalha para agências, já que se torna impossível mandar as fotos em tempo real. Os profissionais acabam se virando da forma que dá: cada um do seu jeito, seja utilizando modem ou a internet 4G do celular. A estrutura disponível para o exercício da fotografia dentro dos estádios se mostra precária em alguns aspectos: o estádios não tem cadeiras para o fotojornalista, você precisa levar seu próprio banco. O espaço destinado a eles também não é respeitado. Os atletas chegam até mesmo realizar aquecimento nesses espaços.

Para além da estrutura dos espaços e dos equipamentos utilizados, o fluxo de trabalho do profissional é maçante. Mas apesar das dificuldades enfrentadas pelos iniciantes na profissão, ele acredita que elas são necessárias e a partir disso são diferenciados aqueles que estão de forma profissional e empenhados exercendo o trabalho e o que estão ali somente por hobby. “Quando você tenta tirar a carteirinha de jornalista, eles falam que você tem que ter publicação em jornal, blog, site… só que você não consegue ter publicação se você não for jornalista, então você começa a ter que “correr atrás do rabo”. E é aí é que acontece a separação de quem realmente quer estar aqui e quem está aqui pra brincadeira”, analisa Marcelo.

Foto do Instagram profissional de Marcelo Alvarenga, @marceloalvarengafoto.

O engenheiro nos conta que começou na fotografia trabalhando para agências, vendendo imagens avulsas para veículos de comunicação, como a maioria dos iniciantes faz. Atualmente, ele realiza coberturas para agências pontualmente, quando o valor a ser pago é previamente definido, diferentemente da venda avulsa (e não garantida) de imagens. O trabalho para agências acaba sendo a forma encontrada para entrar efetivamente no mercado, já que iniciar a carreira já sendo um profissional independente é quase impossível.

Marcelo ainda não sabe onde quer chegar. Ainda atua na engenharia, mas tem se especializado na fotografia. Desde que decidiu se aventurar, ele fez uma mentoria com dois fotógrafos referência no Brasil: Pedro Martins e Ricardo Nogueira. Durante curso, foi questionado a ele “Onde você quer chegar?” e Marcelo não sabia responder a pergunta. Mesmo trabalhando em duas atividades ao mesmo tempo, Marcelo tem buscado crescer no fotojornalismo.

Esse contato com profissionais referência no meio o ajudou a melhorar como profissional. O laços feitos com Douglas Magno, Pedro Vale e Cristiane Mattos, por exemplo, todos tidos como “ídolos” para ele, o ajudou a entender melhor como funciona a profissão, além de direcioná-lo em relação a um caminho focado na profissionalização e valorização do trabalho feito em campo.

“Ele [Pedro Vale] era meu ídolo, e a primeira vez que ele me respondeu no direct (do Instagram) me senti assim ‘meu deus, o Pedro Vale me respondeu!’”. Marcelo conta que o Pedro foi o primeiro a conversar com ele e lhe conseguir um trabalho: “Ele estava indo viajar para Buenos Aires (cobrir Cruzeiro x Boca) e precisava de alguém cobrisse um trabalho voluntário. Pagava pouco, mas isso foi importante”.

Marcelo ressalta durante a entrevista a boa relação cultivada com os colegas de trabalho “Eu tive como padrinhos o Pedro, o Douglas, a Cris — eles são pessoas que se tornaram meus amigos. Quando entrei no ramo, eles me ensinaram o profissionalismo na fotografia. Pra mim, esse respeito entres os profissionais é fundamental”.

Nesse um ano de carreira ele tem trabalhado somente com a fotografia esportiva. Marcelo confessa que tem medo de se aventurar em outras áreas e por isso ainda não o faz. Atualmente, seu trabalho tem sido focado na produção de conteúdo para assessorias de comunicação, assessorias de marketing e para os próprios atletas, como os jogadores do Atlético Mineiro Luan, Otero, Alerrandro, Jair, Bruninho e Vinícius. Marcelo acredita que o futuro da fotografia esportiva se dará na produção de conteúdo focada nos atletas, até porque grandes fotógrafos têm se destacado produzindo esse tipo de fotografia. O aumento desse mercado direto com os atletas o tem deixado esperançoso. Ele prospecta se estabelecer na área indo por esse caminho, valorizando a profissionalização do trabalho.

Refletindo sobre a breve carreira construída até aqui, Marcelo dá dicas para quem se interessar pelo ramo.

“Só entre nesse mercado, se realmente quiser, pois o caminho não é fácil nem barato. Você vai ter que correr atrás e durante esse processo vai ser ‘chato’, mas para chegar a atuar no campo, precisa ser assim. A dica para quem está começando é: trate o trabalho como uma profissão e aja com profissionalismo e respeito com as pessoas que já estão aqui.”

Vinícius Caricatte: transformando a relação entre os fãs e seus ídolos

Arte: Larissa Reis.

No dia 17 de setembro de 2019 fomos a uma hamburgueria. Dessa vez, entretanto, por motivos acadêmicos, já que tínhamos uma entrevista a fazer. Às 19h combinamos de nos encontrar com Vinícius Caricatte, fotógrafo que atua, principalmente, em coberturas de shows de rock em Belo Horizonte. Pouco depois desse horário ele já estava sentado à mesa com o grupo e nos contou um pouco mais de sua trajetória no ramo.

Caricatte nos confessou que tudo começou há 11 anos, em 2008, quando, com 17 anos, fotografava baladas para poder entrar de graça. A partir da ideia de um amigo, posteriormente, eles montaram um site onde passariam a publicar as fotos. Aos poucos esse trabalho foi ocupando cada vez mais seu tempo, até que em 2015 decidiu dedicar-se exclusivamente a essa atividade.

Isso aconteceu, também, quando percebeu que poderia ganhar mais dinheiro como fotógrafo do que com seu antigo trabalho, onde atuava na comunicação de uma empresa automobilística — produzindo peças gráficas, fazendo mailing e atendimento às redes sociais, por exemplo. Como precisava de tempo para se dedicar à fotografia, editar as fotos e ir aos shows, Vinícius priorizou ela ao seu trabalho fixo na empresa.

Em 2015, após dedicar-se exclusivamente ao exercício da fotografia, ele trabalhou primeiramente em uma agência, onde fazia fotos de festas de 15 anos e casamentos, principalmente. Hoje em dia trabalha por conta própria, como Pessoa Jurídica. Emite notas fiscais, mas que para ele não representa uma dificuldade, já que o processo é feito de forma rápida, online, e nem todos os clientes solicitam nota fiscal, além de seu faturamento com isso não ser alto.

As dificuldades são, para ele, “concorrência e valorização [do trabalho]”. Apesar disso, Vinícius conta que possui muitos parceiros e fotógrafos que o ajudam no processo, como Henrique Rabelo. Eles trabalham em parceria, em Belo Horizonte, na cobertura de shows em caso de indisponibilidade de algum dos dois ou quando o evento é muito longo.

“Conhecer muitas pessoas e fotógrafos é essencial, uma vez que, em situações saturadas, indicações pesam muito na hora de escolher um profissional”, explica Caricatte. “Outra dificuldade é convencer os clientes de que o preço de seu trabalho é justo, já que isso é algo que eles avaliam fortemente para contratar seus serviços. Também é preciso um esforço para que eles entendam e valorizem o seu trabalho”, acrescenta.

Como a concorrência é alta, se diferencia em seu estilo fotográfico. Utiliza nas fotos de shows técnicas que aprendeu quando fotografava casamentos. Ele também destaca que o aprendizado que teve no estúdio foi determinante para que criasse um estilo único, resultado da miscelânea entre áreas, aparentemente, dicotômicas. Caricatte também fez um curso específico para ensaios femininos, outra área na qual trabalha.

Algumas referências que usa são Katarina Benzova, fotógrafa do Guns n’ Roses, Kiss, Aerosmith, que trabalha só com fotos em preto e branco; Marcelo Rossi, o qual cobre vários shows em São Paulo; Camila Cara, “apadrinhada” do Marcelo, e Iana Domingos, em Belo Horizonte.

Fotos de shows que postou em seu Instagram (@caricatte). Na foto, show de Wilson Sideral na comemoração do aniversário do Mineirão em 2019.

Para além de seu estilo, outro diferencial são as bandas que fotografou. Em seu portfólio estão bandas de renome mundial e nacional, como Guns n’ Roses, Foo Fighters, Linkin Park, Red Hot Chilli Peppers, Rolling Stones, Pearl Jam e Paralamas do Sucesso. Quando há um show que queira fotografar ele entra em contato com os produtores do artista e envia seu portfólio junto com o orçamento. Para definir seu preços, ele considera a média do mercado: Caricatte procura não cobrar muito barato, para não desvalorizar o seu trabalho, e nem muito caro, para não afastar os clientes.

Eles nos contou que prefere trabalhar dessa forma, e não em um jornal, por exemplo, devido ao tempo que dedica à atividade. “Há um trabalho em cima da foto, de edição, que leva tempo, e isso deveria ser feito de maneira muito rápida caso eu trabalhasse em jornal”, explica. Como trabalha com um público específico, que são os fãs, para ele, o tempo não é um problema. Ele também aponta que os fotógrafos que trabalham para jornais são contratados pelos mesmos, o que pode acabar tirando um pouco da “liberdade” dos profissionais, na sua visão.

Seus serviços são oferecidos de forma diferente dependendo do que irá fotografar. No caso de shows, costuma oferecer um pacote que inclui making of, show, camarim, e fotos do público. Já quando está fotografando comidas, é estipulado o preço dependendo da quantidade de fotos. Porém, deve levar sempre em conta alguns fatores como logística e custo-benefício do serviço. Depois que tira as fotos são os clientes que decidem a melhor forma de divulgá-las. Caricatte também o faz nas suas redes sociais e em um site chamado Pixel, onde pode compartilhar as fotos em alta definição e com os devidos créditos, caso alguém queira usá-las posteriormente.

Fotos de comidas que postou em seu instagram (@caricatte), ambos para o bar Meat Please BH.

Nesse contexto, as redes sociais possuem um papel fundamental. Desde a divulgação e registro de seu trabalho até a forma como os clientes chegam até o fotógrafo, o Instagram é de suma importância. Costuma utilizar alguns “gatilhos” e estratégias de marketing para atrair mais pessoas, mas não especificou mais sobre essas estratégias. Além das redes sociais, Caricatte também possui o blog Rock Fã Clube, criado em 2011, como plataforma de trabalho, e até mesmo como “desculpa para entrar nos shows”. Seu blog é voltado para um nicho específico: os fãs de rock. Tendo em vista este público, ele diz não ver sentido em criar um “G1 do rock”, em suas próprias palavras, centrado em fofocas e notícias sobre a vida dos rockeiros. Ele observa que os fãs gostam muito de fotos de show, que é sua área de atuação.

Fotos de shows que postou em seu instagram (@caricatte). Na foto, Max Cavalera, cantor da banda nacional de metal Sepultura.

Atualmente o blog possui um tráfego muito baixo. Isso se deve a dois fatores, segundo ele: público e periodicidade. Ele é voltado mais para o público belo-horizontino, local, e não para todo o país, o que diminui naturalmente o número de pessoas. Caricatte publica uma quantidade menor de fotos lá se comparado aos primeiros anos, uma vez que agora possui mais projetos em andamento. Entretanto, observamos que é uma tendência a diminuição de usuários do blog, e não somente no caso do fotógrafo. Outras redes sociais e mídias possuem mais alcance atualmente, como Instagram e Youtube.

O dia que seu blog registrou maior movimentação foi em 6 de março de 2013, data da morte de Chorão, vocalista da banda Charlie Brown Jr., com 5 mil acessos. Esse volume foi possível pois ele publicou uma foto (não-autorizada) do vocalista morto, a qual recebeu em um grupo, visando divulgá-la apenas para os fãs, tamanha a importância do cantor na cena do rock nacional. Isso causou um desentendimento com o produtor de outra banda, Detonautas, o qual o proibiu de fazer fotos do grupo.

Caricatte possui um extenso trabalho na área de shows, mas também já fez algumas coberturas de jogos de futebol (em número bem menor). O último jogo registrado foi no dia 08 de setembro de 2019, onde o time celeste perdeu de 4 a 1 para o Grêmio. Ele nos revelou que gosta tanto da fotografia de show devido às emoções envolvidas.

A fotografia é um hobby relativamente comum, e, por isso, cada vez mais pessoas têm se aventurado nessa área. Nos shows não seria diferente. É comum vê-las utilizando seus celulares para registrarem shows, mas, segundo Caricatte, há uma grande diferença de qualidade entre os dois equipamentos. Em shows isso se acentua ainda mais devido às condições de iluminação, número de pessoas, entre outros. Nesses casos, tem de ser avaliado o que a pessoa tem disponível e o que ela procura. Entretanto, a fotografia profissional continua em alta nesse tipo de evento, pois, segundo Caricatte, “transmite mais emoção”.

Seu único contato com jornalistas é através de grupos no WhatsApp, onde divulga suas fotos. Pessoalmente, conhece apenas um. Ele também possui um mailing com os jornalistas dos principais veículos de mídia, o qual também é usado para divulgação.

Para aqueles que estão iniciando no ramo fotográfico, deu algumas dicas. “Observe o que está sendo feito, os estilos em alta, e use-os de referência — e não como cópia, pois assim prejudicaria seu estilo e identidade próprias. Assim também é mais fácil de entender o mercado no qual atua. Cada um deve ter o seu diferencial, assim como a capacidade de se relacionar com o que está sendo feito. É importante valorizar o seu trabalho desde o início, caso contrário chegará uma hora em que ninguém vai querer pagar pelo seu serviço. Pode acontecer, claro, do fotógrafo topar alguns trabalhos pela experiência e pelo portfólio, mas isso ocorre em casos específicos”. E, repassando uma dica e crítica construtiva que recebeu e mudou sua forma de pensar, afirmou que “é melhor ter 20 fotos boas do que 100 mais ou menos”. Até hoje leva isso em conta nos seus trabalhos.

Para o futuro, vai se estabelecer definitivamente em Viçosa (MG), onde mora. Lá, vai trabalhar primeiramente para fazer seu nome, se tornar conhecido. Também está negociando para acompanhar uma banda em sua turnê pelo Brasil, além de estar desenvolvendo uma plataforma de desconto, onde vai usar suas fotos como forma de divulgação. Pensa em trabalhar com fotografia de moda em algum momento e realizar o projeto Noturnas BH, que consiste em uma série de fotos urbanas noturnas de Belo Horizonte de longa exposição, seguindo o que já foi feito em São Paulo.

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Larissa Reis
LabCon / UFMG

tudo que eu escrevo, por natureza, termina com frase de efeito.