O lado oculto das camgirls
Estilo de vida, sonhos e exposição: quem são as garotas que fazem pornografia online
Por Ana Carolina Marques, Karine Silva, Laura Maia e Vivian Andrade
Nota: os nomes utilizados no texto são fictícios para proteger a intimidade das mulheres entrevistadas.
A profissão das pessoas é frequentemente como elas se definem: escritor, médico, cabeleireiro, engenheiro civil… mas o que acontece quando o que coloca comida na sua mesa é tão privado como seu corpo nu?
É este o universo das camgirls, mulheres que recebem dinheiro se exibindo na webcam para um grupo de pessoas online. De mulheres casadas a meninas que acabaram de fazer 18 anos, cada vez mais pessoas têm se envolvido com a pornografia online e muitas têm a prática como sua única fonte de renda. Com o sucesso da camgirl Clara Aguilar, participante e terceira colocada da décima quarta edição do reality Big Brother Brasil (BBB), ainda mais garotas começaram a fazer os denominados “shows” em sites como cam4, myfreecam, dentre outros, usando apelidos e nomes falsos.
Foi o caso de Bárbara, de 20 anos, que em 2015 foi modelo em sites de camming por três meses antes de perseguir a carreira de atriz. Ela já conhecia Clara e sabia do sucesso da ex-BBB como camgirl. Em uma noite, carente e precisando de dinheiro, Bárbara fez seu perfil e, pela primeira vez, recebeu para tirar a roupa para estranhos. “Eu queria me distrair, conversar e precisava de grana. Então eu trabalhava normalmente durante o dia e fazia o camgirl de madrugada, quando mais pessoas estavam na internet”, conta a moça, que trabalhava com panfletagem e eventos, além das performances online.
Apesar da popularização, a prática era novidade no Brasil quando Daniela, 31, entrou no ramo em 2005. Naquela época, o comum era usar o Chatroullette, uma plataforma que permite conversar com estranhos usando a webcam, mas não monetiza o serviço. Daniela descobriu então o site canadense ImLive, mas não tinha a certeza de que receberia o dinheiro realmente, já que o uso de cartão de crédito na internet não era comum. O pagamento era feito por meio de um cheque que chegava pelos correios, e aos poucos ela foi descobrindo formas de ganhar mais clientes e, consequentemente, mais dinheiro. “Percebi que, se mantivesse uma rotatividade, poderia ganhar mais do que no emprego da época”. Hoje, a atividade é sua única renda.
Os sonhos por trás da webcam
Sob os holofotes
Camgirl por apenas três meses, Bárbara se dedicava às webcams somente o tempo necessário para atingir a sua meta financeira diária (R$100). O dinheiro que juntou foi utilizado para perseguir o sonho de ser atriz. Agora no final do ano, ainda em frente às câmeras, mas do jeito que sempre quis, ela mora em outra cidade, onde encontrou mais oportunidades.
Atualmente, morando com várias pessoas e com medo de que ser reconhecida possa atrapalhar seus planos, ela deixou o camming de lado. Ao contar sua experiência, sempre usa Clara Aguilar como exemplo, pois notou que o passado de camgirl marcou a carreira da ex-BBB. “Percebi que, pelo preconceito das pessoas, esse não é um jeito muito legal de ser lembrada”.
Com a nova profissão, também não sobraria tempo para ser camgirl. Bárbara já chegou a ficar mais de 20 horas em gravações e não tem horários fixos. A prioridade no momento é investir em sua carreira de atriz de televisão, que ela considera bem menos estressante que a anterior. Inclusive, mesmo já tendo um diploma de curso superior, ela pretende fazer também um curso de artes cênicas e afirma estar disposta a se mudar de cidade novamente de acordo com as chances que surgirem.
Apesar da carreira dos sonhos envolver exposição, enquanto camgirl Bárbara se preocupou em ser discreta. Apagava todos os registros de seus shows dos sites em que trabalhava assim que acabavam, e a atriz não colocava fotos nem vídeos, visando mostrar a sua identidade o mínimo possível. “Quanto menos aparecesse de mim, melhor. Quem entrasse no meu perfil antes das minhas apresentações não ia ver nada meu, nem fotos minhas, nem das apresentações. Só tinha contato com a minha imagem quem me via ao vivo quando entrava na minha sala, mas, fora isso, não”.
Música e independência
“Não consigo me adequar a esse negócio de acordar cedo, e a maioria dos empregos tradicionais não te levam a lugar nenhum quando não se fez uma faculdade, que é o meu caso. Então preferi fazer algo sozinha, ser dona de mim mesma.” Lésbica e musicista, Daniela toca guitarra em duas bandas de rock. Com tatuagens pelo corpo e uma personalidade forte, valoriza um estilo de vida mais livre, em que pode fazer seu próprio horário.
Começou a ser camgirl aos 21, quando uma amiga sugeriu que elas entrassem para o ramo juntas. A partir daquele momento percebeu que era possível conseguir muito dinheiro em pouco tempo, o que substituiria um emprego que não oferecia grandes oportunidades de crescimento. Após morar em diferentes cidades, agora também está satisfeita com o lugar onde mora.
As performances em frente à câmera permitem que ela tenha tempo para se dedicar à música, carreira que sempre quis seguir. As dificuldades do mercado, muito competitivo e com poucas oportunidades para novos artistas, fazem com que Daniela precise ter outra atividade remunerada paralela à música. Ela teve experiências importantes na carreira musical. Gravou CD’s, foi a programas de televisão e tem suas próprias composições.
Seu objetivo passa longe da fama ou de investir em covers e shows em barzinhos: Daniela quer viver de bandas só de mulheres e não largaria a atividade de camgirl por menos do que seu amor pela música e também pela gastronomia, sua outra paixão. “É uma grana fácil. Apesar de eu ouvir alguns absurdos às vezes, na maior parte do tempo é bem tranquilo”. Ainda assim ela afirma que não é o mesmo prazer que sente ao tocar sua guitarra.
A British Broadcasting Corporation (BBC) acompanhou o cotidiano de três camgirls da Inglaterra, e mostrou suas vidas por trás das webcams no documentário “The Truth About Webcam Girls”, publicado em 2014.
Fluxo de dinheiro
Integrantes de um mercado que movimenta bilhões de dólares por ano, os sites em que as camgirls atuam têm várias diferenças entre si, e a principal delas é a porcentagem repassada às modelos do total arrecadado. Uma das páginas mais populares é o Cam4, em que as pessoas podem assistir aos shows gratuitamente. Nessa modalidade, as garotas recebem gorjetas dos clientes e chamam a atenção para suas salas privadas. Lá, elas recebem 50% do total arrecadado.
Em outro site, o Model Centro, é possível que as também chamadas cam models se cadastrem gratuitamente e recebam 85% do que é pago pelos clientes. No ImLive, página em que Daniela começou e ainda trabalha, as garotas podem optar entre receber porcentagens maiores ou desfrutar de maior visibilidade. É uma relação inversa: quanto menor a porcentagem repassada, mais próxima a modelo estará da primeira página, ganhando, consequentemente, mais visitantes.
Mesmo recebendo apenas uma parte do que é pago pelos clientes, as garotas afirmam que “fazer camgirl” é um negócio lucrativo. Bárbara conta que, em sites nacionais, pelo menos mil pessoas assistem a um show durante a madrugada, o horário de pico, garantindo pelo menos R$50 em uma hora. Daniela, por sua vez, recebe em dólar e diz que em um mês é capaz de arrecadar o suficiente para se sustentar durante dois. Observando as entrelinhas do site, é possível descobrir maneiras de faturar mais. No ImLive, há benefícios para camgirls que cumprem “desafios” propostos pela plataforma, como ficar horas extra no free chat. A garota que trabalha fantasiada no Dia das Bruxas, por exemplo, recebe 100% do valor pago pelos clientes.
As possibilidades oferecidas pelos sites, porém, não satisfazem todas as garotas. O pesquisador Weslei Lopes, autor da tese O sexo incorporado na web: cenas e práticas de mulheres strippers, defendida na área de ciências sociais da Pontífica Universidade Católica de Minas Gerais, baseou seu trabalho em entrevistas com camgirls que possuem seus próprios blogs. Em busca de mais independência e maior divulgação de seu trabalho, elas disponibilizam fotos e vídeos com prévias de suas performances, preços dos pacotes oferecidos e endereço para negociações dos shows, que são feitos via Skype.
Insegurança e exposição
O retorno financeiro não é o único fator considerado pelas girls na escolha de sua plataforma de atuação. Há outro elemento importante a ser levado em conta: o público. Constituída em sua maioria por homens, muitas vezes casados, a clientela pode ser bem inconveniente e cansativa, e a camgirl tem de não só lidar com a relação com o cliente, mas também com o medo de ser exposta.
Enquanto a profissão de muitos é motivo de orgulho, as camgirls vivem frequentemente com medo de serem reconhecidas na rua ou em eventos. Por isso, muitas delas não mostram o rosto e trabalham com o ângulo da câmera ou usam máscaras. Existem também aquelas que são chamadas “assumidas”, que divulgam seu perfil no Facebook e Twitter junto com seu nome real e fotos do rosto, mas são exceções.
Bárbara tinha medo de que algum de seus clientes hackeasse seu computador e tivesse acesso a arquivos e informações particulares. Essa também foi uma preocupação de Daniela no início da carreira. O contato com pessoas desconhecidas deixa as meninas apreensivas sobre a possibilidade de terem sua privacidade invadida por meio da rede. Por isso, antes de “fazer camgirl” Daniela participava de video chats na categoria “Friends & Romance”, em que apenas conversava com os clientes, sem exibir o corpo. “Eu tinha medo de me expor na internet, de alguém rastrear meu endereço de IP. Podia sair uma coisa absurda por aí e eu acabar exposta”.
Por esse mesmo medo de ser abordada, Daniela diz que prefere os sites internacionais. No ImLive, onde atua, há a possibilidade de bloquear a audiência de determinados países. Embora tenha impedido o acesso ao público no Brasil, a camgirl conta que foi importunada na rede. “Muitos brasileiros fora do país ainda vinham me encher o saco, dizendo que me viram na esquina, me pressionando, sabe? Aí hoje coloco como se eu fosse argentina”.
Bárbara, por outro lado, diz que preferia os sites nacionais. A ex camgirl, que mostrava apenas da boca para baixo em suas performances, se queixa da carência dos públicos internacionais, de quem muitas vezes acabava virando psicóloga. “Eles ficavam brigando, querendo conversar e disputando a minha atenção. Nos sites brasileiros, os clientes são mais diretos, dizem logo o que querem e mantêm a conversa distante da vida pessoal”. Ainda assim, conta que deixou de ir a um show por medo de encontrar um cliente, que disse ser guitarrista da banda que se apresentaria. A camgirl não sabia se era verdade e aposta que o homem estava apenas querendo se exibir, mas, mesmo assim, sua segurança veio em primeiro lugar.
A troca de informações pessoais, inclusive, é expressamente proibida pela maioria dos sites e pode resultar no bloqueio do perfil da camgirl. Há instruções prévias em relação a isso. “No site nacional em que eu atuava eles ligam para confirmar o cadastro e dão instruções. É um suporte de verdade, eu não esperava que tivesse toda essa assistência”, diz Bárbara.
Tanto Bárbara quanto Daniela já tiveram que lidar com a grosseria dos clientes, que exigem alguns atos específicos, usam o imperativo e criticam sem tato. “Tem caras que são bem idiotas, falam ‘fica de quatro aí!’ e eu ignoro, deixo falando”, conta Daniela “Alguns tentam te assustar, falam que te viram, que vão te expor. Idiotice sem fim”, completa. Apesar de já ter passado por esses tipos de situações, a moça diz que hoje não fica mais abalada com os comentários, pois está “bloqueada emocionalmente” em relação a isso.
Hora do show
Daniela conta que todo o trabalho começa no free chat, momento de conversa coletiva com os clientes. Essa é a hora em que as garotas atraem visitantes para a sala privada, em que realizam os seus shows e recebem pagamento. Cada uma tem a sua própria sala de chat coletivo, em que não pode estar totalmente nua mas é permitido exibir partes do corpo para chamar a atenção dos clientes. Os clientes então entram em contato com as garotas que lhes chamam mais a atenção, e expõem suas vontades para saber se a camgirl está disposta a realizá- las durante o show.
Ao entrar no site pago, quando há uma performance combinada, o visitante vai conduzindo o show. Daniela tem uma ordem em sua apresentação: tira a parte de cima, depois a de baixo, que normalmente tem uma fantasia trabalhada, deita e se masturba. No início dos chats privados, a garota pergunta ao cliente o que ele quer. Quando não há uma demanda específica do cliente, ela faz seu show já programado.
Deixando claro o que faz ou não no seu perfil, raramente os clientes pedem algo além do que a camgirl oferece. “Não marco anal, porque não faço e nunca fiz anal, então ninguém pede”, conta Daniela. O que não impede que outros pedidos mais específicos não apareçam, como pedir para ver as calcinhas da garota ou vestir-se de homem.
A musicista já viveu situações inusitadas com esse tipo de pedido. Enquanto uma ex namorada a esperava chegar em casa, cumpriu algumas horas de free chat no lugar de Daniela e conheceu um de seus clientes fixos. O homem, apesar de ansioso pela chegada da camgirl, conversou com a então namorada dela e aproveitou a webcam para exibir sua coleção de calcinhas em um desfile: apenas nesse tempo, a garota faturou 20 dólares.
É um trabalho exaustivo: as girls precisam trocar de roupa e arrumar o cenário frequentemente. Daniela conta que passa pouco tempo, geralmente menos de cinco minutos, com cada cliente. Ou seja, quando encerra um chat, tem de se preparar para outro. “Tem dias que demora mais um tempo, mas tem dias que é um atrás do outro, que não dá tempo nem de vestir a roupa de novo, várias vezes seguidas (…) Tem uma contagem regressiva, 10 segundos para voltar pro free chat. Aí você tem que estar vestida”.
Despindo-se de si
“Assumir a stripper virtual exige que essas mulheres se destituam momentaneamente de si mesmas e assumam uma personagem que possui características estéticas e comportamentais que se diferem, muitas vezes, desse eu que foi “esvaziado” naquele momento. Tal situação implica para algumas delas ultrapassar barreiras individuais, visto que essa transposição exige que assumam posturas e comportamentos que não condizem com seu modo de vida e gostos”. (Trecho do artigo Close na Web: Incorporando femininos desejáveis, de Weslei Lopes da Silva e Juliana Gonzaga Jayme).
O incômodo da profissão não se limita ao medo de sofrer preconceito por parte de conhecidos e transeuntes na rua. Ser cam model não é tão simples quanto apenas tirar a roupa: a preparação para as performances exige esforço das mulheres, e mesmo durante as apresentações, elas recebem mensagens rudes e duras críticas. O público pode ser bem exigente e existem até mesmo sites de review, como o mycamgirl, em que os clientes fazem avaliações positivas ou negativas às garotas, além de fornecer a lista de sites em que elas trabalham.
Assim como muitas camgirls iniciantes, Bárbara limitava seu show a um striptease. Ela conta que começava a noite com uma roupa comum, e enquanto conversava com os clientes, tirava as peças, dançava e mostrava os seios. “Como fiz por pouco tempo, graças a Deus eu nunca precisei fazer nada de mais, mas pagando bem, talvez eu fizesse o que o cliente pedisse”, conta. Ela dedicava de cinco a seis horas por dia à atividade, e tinha como preparação a escolha de uma lingerie bonita — além de, é claro, se preparar para o desgaste psicológico de conversar com os clientes: “Eu não tenho paciência pra ficar adulando as pessoas. Se for pra cuidar de alguém eu compro um gato pra mim”, brinca.
Para Daniela, a situação é diferente: veterana e sustentada pelo trabalho de camgirl, ela acaba recorrendo à pornografia explícita para manter a clientela interessada. “Convenço o cliente a entrar na minha sala, então ele vai dizendo o que quer que eu faça, como me masturbar, usar um brinquedo… e eu dou uma enrolada.” Não é vantagem para as camgirls realizar os desejos da audiência assim que pedem: quanto mais tempo elas conseguem manter as pessoas entretidas, maior a chance de gastarem mais.
Daniela, porém, não esconde a preguiça que sente de se preparar para lidar com o público. Ela conta que as vezes ela toma algumas cervejas para se animar na hora do trabalho. Assim, ao ficar online, fica mais fácil fazer parecer que acha interessante conversar sexualmente com um homem. Para não descartar clientes, não admite sua sexualidade no perfil do site e se apresenta como bissexual, mas chega a comentar com alguns sobre sua lesbianidade.
No início da carreira, as duas camgirls não sabiam bem o que fazer em suas performances. Bárbara contou que muitos visitantes, ao perceberem sua inexperiência, deram dicas para que ela fizesse um show melhor e conseguisse mais dinheiro. Já Daniela procurou alguns vídeos de apresentações na web e se sentiu perdida, mas com a orientação dos clientes foi melhorando a sua apresentação. Os combinados, que muitas vezes conduzem os shows, são acompanhados por brinquedos eróticos, fantasias e uma atuação específica das garotas. Muitas vezes fetiches são realizados via webcam, e as garotas se adaptam à imagem esperada pelos clientes: mulheres dispostas a agradá-los e compreensivas com seus problemas.
Superficialmente, pode parecer que as mulheres que se dedicam a este ramo da pornografia são o que mostram em seus perfis: jovens, sedentas por sexo, extrovertidas e apaixonadas pelo seu trabalho. O que um olhar mais próximo acaba mostrando é que, online, estas garotas estão performando o que seus clientes querem ver com o objetivo simples de faturar o dinheiro que outras profissões não possibilitariam — pelo menos não dentro das suas habilidades e disponibilidade. A realidade delas não é apenas o que seus orgasmos e risadas mostram nos shows: além de complexas e cheias de sonhos como qualquer pessoa, essas garotas se veem vulneráveis com a ameaça da exposição, opressão dos clientes e uma jornada de trabalho que pode ser exaustiva. Não é por acaso que este outro lado passa despercebido. Não há vantagem para essas garotas exporem muito de si mesmas ou dos lados ruins do trabalho de camgirl: seus clientes se interessam justamente pelo personagem que elas criam no momento em que ficam online.
Cercada de estereótipos, a atividade camgirl ainda é um ramo obscuro, sem muitos dados e pesquisas científicas que possam basear conclusões mais elaboradas. No entanto, não resta a dúvida de que elas passam longe de se encaixarem nos extremos “puta” ou “santa” que geralmente as mulheres são forçadas a adotar. No fim das contas, camgirls, como quaisquer outras mulheres, são apenas humanas. ◆
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Reportagem produzida durante a displina Laboratório de Produção de Reportagem, ministrada pelo professor Carlos D’Andrea, do departamento de Comunicação Social da Universidade Federal de Minas Gerais.