Aprendizados de Testes de Usabilidade

Caê Penna
LABHacker
Published in
5 min readNov 28, 2017

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Testes de usabilidade são importantes, ou até essenciais, para desenvolver um produto digital. Um dos principais papeis desses testes é identificar se os usuários são capazes de completar as tarefas propostas; se isso não for possível a ferramenta perde seu propósito. Esse é o principal valor dos testes de usabilidade: garantir que o produto desenvolvido seja útil e entregue valor.

Aqui no LabHacker, nós ainda temos pouca experiência com testes de usabilidade e estamos aprendendo um pouco mais sobre o tema a cada dia. Além de acessarmos referências da área como Nielsen Norman Group, Usability.gov e uxdesign.cc, também aprendemos com as nossas próprias experiências.

Acreditamos que compartilhar nossos aprendizados é ótimo para consolidarmos nosso conhecimento, e também para ajudarmos alguém que possa estar começando na área. Então listamos cinco lições importantes que tivemos testando e validando as interfaces que fazemos:

1. Você não precisa de muitas pessoas

Um dos mais famosos mitos acerca dos testes de usabilidade é que são muito caros e trabalhosos. Uma das etapas mais custosas é recrutar voluntários para os testes, mas a verdade é que com poucas pessoas você já consegue ter insights muito valiosos para evoluir seu projeto.

Jakob Nielsen escreve neste artigo que com 5 usuários você já aprende 80% do que poderia aprender sobre as falhas de uma interface, e que os testes além disso trazem apenas informações repetidas.

A ideia é fazer testes com poucas pessoas para descobrir os pontos mais críticos de um projeto e, ao identificar um desses pontos, não perder mais tempo testando e ir logo implementar as melhorias necessárias. Assim você consegue uma interface melhor o quanto antes e sem muito investimento, e depois volta a fazer os testes novamente para continuar refinando.

2. Você não precisa de (muita) infraestrutura

Um notebook ou smartphone já é suficiente para a maioria dos testes.

Outro ponto relacionado ao custo dos testes: não é necessário um laboratório especializado e de equipamentos caros. É claro que se você tiver uma sala só para testes de usabilidade (com espelhos falsos para observar o usuário e câmeras que rastreiam o olhar) é possível conseguir resultados muito mais aprofundados e insights mais detalhados. Mas a verdade é que você já consegue entregar muito valor com testes de usabilidade sem nada disso.

Com apenas um notebook ou celular na mão do usuário você já consegue avaliar o uso da interface e identificar problemas. Nós do LabHacker já fizemos testes nos corredores, em salas de espera, em praças de alimentação de shoppings e em cafés.

É importante lembrar que você não deve fazer um teste com um ambiente muito diferente do que o usuário normalmente estaria ao usar a interface. Se o usuário normalmente usaria a interface em um desktop, por exemplo, o teste não deveria ser feito com um smartphone no corredor.

3. Faça um roteiro

Não faça como o Homer, o roteiro é seu amigo.

Testes de usuários não são o momento para improviso. Se você ficar perdido no teste, imagine como ficaria quem espera instruções. Um roteiro simples que lista tarefas a serem feitas de forma clara e objetiva é uma das principais ferramentas do teste.

Além disso, é importante que as instruções passadas sejam as mesmas para todos os usuários. Caso você instrua alguém de uma forma e, no teste seguinte, diga algo diferente, será mais difícil comparar os resultados de testes com instruções que não foram as mesmas para cada participante.

Outro conteúdo útil para roteiros é um aviso, bem no início, com alguns conceitos básicos do próprio teste. É importante explicar pro usuário que não é ele que está sendo avaliado, e sim a interface. Se possível, peça para que ele fale em voz alta o que está pensando ao realizar as ações. Isso ajuda o observador a anotar insights mais profundos sobre como a interface é interpretada.

4. Deixe o participante confortável

Imagem ilustrativa. Atenção: não acaricie o usuário, isso pode ser inapropriado.

Além de avisos ao início do teste dizendo que não é o participante que está sendo avaliado, você vai querer deixá-lo o mais à vontade possível durante todo o teste. Caso o participante se sinta sob pressão, ou com medo de “errar” algo, seus resultados podem ser prejudicados, pois esse não seria o uso normal/ideal da ferramenta.

Nesse sentido, é bom evitar filmar o participante enquanto ele faz o teste, ou ter várias pessoas observando o uso interface.

5. Os testes nunca acabam

Repita.

Depois de desenvolver, testar, refinar e lançar seu produto digital, a jornada ainda não acaba. Desenvolver um produto digital é um processo cíclico, e depois de lançar você volta à prancheta para encontrar pontos fracos e continuar melhorando seu projeto.

Uma vez no ar seu produto está sendo usado, e agora você consegue verificar em uma escala bem maior do que os testes iniciais quais os problemas da interface. É natural que haja problemas que você não conseguiu prever num primeiro momento, o importante é identificá-los e corrigi-los o quanto antes.

No mais é isso. Aqui no Lab estamos sempre aprendendo e melhorando nossos processos. Temos uma preocupação maior em fazer as coisas acontecerem que fazer as coisas perfeitas, mas não abrimos mão de sempre evoluir nossas soluções e aos poucos chegar mais perto do “perfeito”.

Se você tem qualquer dica ou sugestão pra gente não deixe de comentar ou entrar em contato 😉

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Caê Penna
LABHacker

Professional designer, front end expert, amateur coolhunter, wannabe poet.