Balanço do LABHacker: o que aprontamos em 2022?

Simone Ravazzolli
LABHacker
Published in
6 min readDec 16, 2022

Chegou o mês da correria, das confraternizações, dos debates sobre panetone e arroz com passas, de saber se vai dar pra juntar os familiares de sempre pras refeições sem treta política. Sobretudo, mês que a gente fecha os balanços pessoais e profissionais, para passar a régua e entrar janeiro jurando que vai resolver toda aquela lista que ficou pendente. Faz parte do processo, e a vida segue… ;-)

Aqui no LAB não é diferente. A lista do que desejamos fazer é sempre maior do que a que efetivamente conseguimos entregar. A gente é bem otimista, e sempre sonha com mais… Ou, algumas vezes, acaba esbarrando em questões técnicas ou políticas. 2022 teve de tudo um pouco e ainda veio embalado pela pós-covid. Nesse cenário bem longe da zona de conforto, lá fomos nós, pois os labs de inovação estão sempre se reinventando, não é mesmo?

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Linhas de ação

Apesar do ano difícil, foram bons resultados. Em uma análise do mais geral para o específico, comecemos pelo planejamento. O LAB trabalhou na distribuição de suas atividades e bateu o martelo para três áreas ou linhas de ação: “Promover inovação aberta e colaborativa com a sociedade”, “Gerir conhecimento sobre inovação” e “Incentivar o empreendedorismo cívico”.

A primeira linha inclui o momento de levantamento dos desafios com a sociedade (leia-se sociedade civil organizada e gestores de órgãos públicos e da Câmara relacionados a processos de participação social, transparência e cidadania), evento que a gente chama de “Nós do LAB”. E aí vai um spoiler: os planos é de abrirmos as portas para um novo levantamento de desafios agora em 2023! ;-)

Planejamento colaborativo “Nós do Lab” sobre participação social. Desafios seguem para análise e aplicação de metodologias ágeis, até chegarem a soluções. Painel E-monitor, com os resultados da participação social no Portal da Câmara, é uma das entregas.

Soma-se ao Nós do LAB as demais etapas: ideação, desenvolvimento e entrega dos protótipos, com a maturidade de inserir a instituição desde o início. Seja com a definição dos gestores de outras áreas patrocinadoras das soluções ou de quais desafios poderiam entrar no portfólio de curto prazo da Câmara, para garantia do desenvolvimento e manutenção do produto pela Casa após a entrega do protótipo pelo LAB. Isso, em resumo, evita que a gente invista energia e tempo no desenvolvimento de um protótipo incrível, mas que, por não ser visto como prioridade pela instituição, acabe engavetado. Os desafios viram ideias já com a participação direta dos patrocinadores, alinhados ao planejamento da Casa (se você tem interesse nisso, dá uma olhadinha depois no texto sobre os laboratórios de inovação no setor público brasileiro, em que nosso colega Frederico Campos descreve os níveis de maturidade dos labs e um pouco mais sobre o nosso processo.

Técnica do Duplo Diamante (Double Diamond), do Design Thinking: da identificação dos desafios da sociedade à entrega do protótipo.

A segunda linha é a gestão do conhecimento em si. É a nossa preocupação com a transparência das ações, e em registrar e divulgar nossas atividades e aprendizados, compartilhando conhecimento. Sabemos o quanto é importante a colaboração nos processos dos labs de inovação. Então decidimos reforçar esses registros. Entram aí nesse pacote os LabTalks que fazemos online, uma conversa descontraída com especialistas dos mais variados assuntos relacionados a tecnologia, inovação e cidadania. Este ano, fomos de temas de interesse para órgãos públicos e laboratórios de inovação, como UX e gamificação, a debates sobre empreendedorismo e bitcoins. Nos 12 encontros, os LabTalks que mais chamaram a atenção foram: “Uso da linguagem simples por órgãos públicos”, “Participação política e qualidade do debate no futuro” e “Real digital: a nova moeda brasileira programável”, respectivamente. Confere lá no nosso canal do YouTube!

Outra área de registro para a gestão do conhecimento é o nosso medium, que você já conhece porque está lendo este texto. Fizemos, durante o ano, 13 publicações sobre nossas experiências. Os temas que mais chamaram a atenção foram: “Como a oxitocina vai destruir o seu laboratório de inovação”; “Como avaliar a efetividade de ferramentas on-line de participação social”; e “E-participação no Legislativo: idealizando o futuro com o que já existe (e enxergando os desafios). Vale dar uma checada geral nos temas.

As mídias sociais do LAB Instagram, Facebook e Twitter (@labhackercd) são mais um canal para gestão do conhecimento. A gente este ano chegou a publicar mais de 800 postagens. E a campeã de curtidas foi “Tem Hacker nova na área”. O fofurômetro foi ao máximo com um videozinho mais que especial da nossa policial legislativa Golden Margaux entrando pro time dos hackers cívicos… Na sequência, as postagens com mais engajamento no ano foram “Dia do Estagiário”, com nossos queridões mostrando a carinha em montagem idealizada e produzida por eles (arrasaram!), e “Você sabia que existe um LABHacker na Câmara dos Deputados”, um reels que explica direitinho onde a gente fica e o que a gente faz aqui no Legislativo.

O debate sobre linguagem simples teve a maior audiência do ano; “Como a oxitocina vai destruir os laboratórios de inovação” foi o texto que mais chamou a atenção dos leitores; e o reels com nossa mascote policial legislativa Margaux conhecendo o LABHacker virou hit de fofura nas redes do LAB.

Nesta segunda linha de atividades também entram os eventos realizados e colaborações do LAB em eventos externos e parcerias, para compartilhamento de experiências. Em 2022 a gente participou de vários eventos online em colaboração com outros laboratórios e órgãos públicos. Com relação aos presenciais, tivemos dois destaques. Nosso diretor Walternor Brandão participou do Seminário internacional “Capacidades, experiencias y trabajo en red para la innovación pública” no Parlamento do Chile, no início de junho, em Encontro da Red Innolabs. Criada em 2018, essa rede colaborativa ibero-americana de laboratórios de inovação no setor público compartilha boas práticas e promove a inovação e experimentação. Por aqui no Brasil conseguimos realizar um grande evento presencial, em dezembro, no encerramento do CitzTech, programa que envolveu quase 250 startups e teve o apoio do LABHacker. Sobre esse eu conto mais detalhes na sequência… ;-)

Se as duas primeiras a gente já fazia e estruturamos melhor, a terceira linha de atividades é uma novidade nova, como brinca um amigo. “Incentivar o empreendedorismo cívico” nasceu há algum tempo nos planos do LAB, mas ganhou maturidade este ano. O LABHacker, como vocês sabem, nasceu de um hackathon realizado na Câmara em 2013, após os movimentos sociais no país. A gente queria ouvir melhor o que os cidadãos esperavam do Legislativo e entender como ajudar nesse processo. Depois da realização de dois eventos desses dentro da Casa e um internacional como organizador em 2016, o 1o. Hackathon Legislativo Mundial no Parlamento do Chile, ficou bem claro pra nós que os hackathons eram movimentos importantes, disruptivos, mas os resultados não evoluíam por falta de patrocinadores. Em outras palavras, os resultados — protótipos ou produtos digitais — acabavam abandonados ou desatualizados com o tempo.

CitzTech

A pergunta era: como ajudar esses desenvolvedores e startups a seguir com os projetos bacanas relacionados aos nossos eixos Transparência, Participação social e Cidadania? A primeira experiência surgiu um pouco antes da pandemia com o programa Inovativa Brasil, do então Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (atualmente está com o Ministério da Economia). Criado para apoiar o desenvolvimento do ecossistema de empreendedorismo inovador, com a nossa parceria o Inovativa recebeu uma outra linha, chamada Cívico, no qual entramos para incentivar startups com projetos para melhorar a vida do cidadão e sua relação com o poder público. Em 2022, essa linha de atuação no empreendedorismo foi pro planejamento do LAB de vez e entramos como um dos parceiros do CitzTech, um programa da Meta de incentivo a govtechs. No dia 15 de dezembro, tivemos nosso Demoday na Câmara dos Deputados apresentando as 13 finalistas do processo — que começou com 246 inscritos de todo o país — e a seleção, por uma banca especializada, das três melhores startups. Se você estiver curioso/a sobre o CitzTech, é só dar uma conferida no evento final.

Empreendedores, especialistas da banca de avaliação e gestores parceiros do programa CitzTech no Demoday para seleção das startups vencedoras

Enquanto o ecossistema de govtechs e legistechs cresce e se fortalece, o LAB observa outro desafio surgindo: a defasagem constante de desenvolvedores no mercado, agravada com a pandemia. Quais seriam os novos modelos de contratação capazes de atender a essa demanda tão importante para o desenvolvimento e a entrega dos protótipos do nosso laboratório? Vários órgãos do serviço público estão começando a desbravar caminhos possíveis… e estamos juntos acompanhando esse movimento, trocando experiências, para identificar a melhor alternativa e testarmos por aqui em breve. Mas aí já virou mais spoiler! ;-)

Que 2023 seja inspirador para todos nós!

Abração dos hackers!

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Simone Ravazzolli
LABHacker

Jornalista em constante aprendizado, entusiasta da Democracia e da participação social.