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A IMPORTÂNCIA DO BRASIL NO AUTOMOBILISMO MUNDIAL

No Dia do Automobilismo Nacional, relembre grandes nomes do esporte a motor do País

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Giovanna Oriani, Maria Clara Castro e Lara Piller

As disputas na pista, o ronco do motor, o cheiro da gasolina, a história, a emoção… Esses são alguns fatores que movem a paixão dos fãs do esporte a motor, independentemente da categoria. Em 12 de maio, celebra-se o Dia do Automobilismo Nacional. Nesta data, foi finalizada a construção do Autódromo José Carlos Pace, um templo do esporte a motor brasileiro e internacional.

Atualmente não há nenhum piloto brasileiro na Fórmula 1 — apenas Felipe Drugovich e Enzo Fittipaldi na Fórmula 2, categoria de acesso. Ainda sim, a presença brasileira no automobilismo mundial é marcada por grandes nomes, como os tricampeões Ayrton Senna e Nelson Piquet e o bicampeão Emerson Fittipaldi.

Essa história começa há mais de um século. Em 1908, ocorreu a primeira corrida automobilística no Brasil. Seu percurso de 75 quilômetros começava em São Paulo e terminava em Itapecerica da Serra. Sylvio Álvares Penteado ficou em primeiro lugar. Em 1930, foi construído o primeiro autódromo brasileiro, o Circuito da Gávea no Rio de Janeiro, onde o piloto Francisco Landi — mais conhecido como Chico Landi — conquistou vários recordes.

Corrida no Circuito da Gávea em 7 de junho de 1936. Foto: Arquivo Nacional

Dez anos depois, em 15 de maio de 1940, foi inaugurado em São Paulo o Autódromo José Carlos Pace, o famoso Templo de Interlagos, considerado o primeiro circuito moderno no Brasil. Cerca de 15 mil pessoas marcaram presença na abertura, um público considerável para a época. Mais de 30 anos depois, o Brasil começou a fazer parte do Circuito Mundial de Fórmula 1, no qual continua até hoje.

O primeiro piloto brasileiro a compor um grid de Fórmula 1 foi justamente Chico Landi, que começou a competir na década de 1930 em circuitos como o da Gávea. Em 1947, ele iniciou sua carreira internacional, correndo o Grande Prêmio de Bari com uma Maserati. Mas foi apenas em 1951 que decidiu se aventurar na Fórmula 1 de fato. Durante esse período chegou a criar a Escuderia Bandeirantes, mas só marcaria seu primeiro e único ponto em uma Ferrari alugada, competindo no Grande Prêmio da Argentina de 1956. Essa também foi sua última participação na categoria.

Depois de Landi, o Brasil voltou a ver a bandeira brasileira nas pistas novamente com Emerson Fittipaldi, que ingressou na categoria em 1969 e conquistou os campeonatos mundiais de 1972 e 1974. Também fundou com o irmão em 1975 a Copersucar Fittipaldi, uma equipe inteiramente brasileira. Emerson deixou as pistas em 1980 no Grande Prêmio dos Estados Unidos.

Dois anos antes, em 1978, um outro brasileiro havia entrado na disputa: Nelson Piquet, que hoje é considerado um dos grandes nomes do automobilismo. E não por acaso: são deles os títulos mundiais de 1981, 1983 e 1987. Nelson encerrou sua carreira no Grande Prêmio da Austrália em 1991.

O tricampeão Ayrton Senna. Foto: Instagram Oficial Ayrton Senna

Não se pode falar de grandes pilotos sem falar do herói nacional, Ayrton Senna, que estreou no Grande Prêmio do Brasil de 1984 e, em uma década, obteve 41 vitórias, 60 pódios e 610 pontos, além de três campeonatos mundiais, em 1988, 1990 e 1991. Em 1º de maio de 1994, um trágico acidente pôs fim à sua carreira, durante a corrida do Grande Prêmio de San Marino, em Ímola, na Itália.

Rubens Barrichello, Felipe Nasr e Felipe Massa foram os últimos brasileiros a marcar presença na Fórmula 1. Barrichello começou a competir em 1993, participou de 323 corridas e venceu 11, mas nunca chegou a ganhar um título. Despediu-se da categoria em 2011 no Grande Prêmio do Brasil. Já Massa foi quem chegou mais perto de um título depois de Senna: foi vice-campeão em 2008, perdendo o campeonato por um ponto de diferença do seu rival, o heptacampeão Lewis Hamilton.

“O Brasil tem história no automobilismo porque fez heróis nas pistas”, resume Robson Morelli, editor e colunista de Esportes do Estadão e comentarista da Rádio Eldorado. “O País forjou grandes pilotos na categoria: de Chico Landi passando por José Carlos Pace e Emerson Fittipaldi nos anos 1970 até chegar a Nelson Piquet e Ayrton Senna e, mais recentemente, Rubinho e Felipe Massa.”

Para Morelli, Senna e Piquet, por exemplo, são eternos. “Sua importância também se dá pelo fato de a F-1 não ter neste momento pilotos brasileiros no grid e mesmo assim continuar vindo para o País, no GP de Interlagos.”

“O Brasil tem tradição e qualidade, mas está cada vez mais difícil”, afirma a repórter de automobilismo da Band Mariana Becker. “Os pilotos brasileiros muitas vezes preferem tentar a vida no exterior porque ainda faltam aqui mais campeonatos que preencham a lacuna entre o kart e as fórmulas.”

Entre as categorias nacionais, a Stock Car é considerada a maior e mais relevante entre as mais de 30 que existem hoje no País segundo a Confederação Brasileira de Automobilismo. Com um grid forte e competitivo, assemelha-se à Nascar, dos Estados Unidos, e conta na temporada de 2022 com Massa, Barrichello e Nelson Piquet Júnior, filho do tricampeão Piquet.

Carros da Stock Car Pro Series. Foto: Instagram/ Srock Car

O destaque da Stock Car, contudo, não é de hoje. A categoria começou a ser disputada em 1979 e por ela passaram grandes nomes, como Ingo Hoffman, Paulo Gomes e Chico Serra. Em 30 temporadas na Stock Car, Hoffman conquistou 12 títulos, 77 vitórias, 60 pole positions, 158 pódios. É o maior campeão da história da categoria. Em seguida, vem Gomes, com 25 temporadas, 4 títulos, 40 vitórias, 91 pódios e 25 poles. Já Serra obteve três títulos, 33 vitórias e 24 poles.

Mas se engana quem pensa que o automobilismo nacional é apenas para os brasileiros. O piloto argentino Matias Rossi, por exemplo, iniciou sua carreira na Argentina, onde se destacou, mas hoje corre no Brasil no Toyota Corolla #117 da equipe AMattheis Vogel Motorsport: “Gosto muito do automobilismo brasileiro”, conta Rossi ao LabJor FAAP. “Não é fácil, é bem competitivo, o que motiva muito para seguir trabalhando e ir em busca de pódios.”

Para ele, os automobilismos brasileiro e argentino são parecidos. “A verdade é que lá é competitivo como no Brasil, mas sinto os argentinos mais apaixonados que o público brasileiro. Mas, em termos de competitividade da categoria, dos pilotos, acredito que esses fatores são muito fortes nos dois países.”

Carro usado nas competições de Fórmula 4 no Brasil. Foto: Duda Bairros

A grande novidade para este ano é o Campeonato Brasileiro de Fórmula 4, certificado pela Federação Internacional de Automobilismo. A categoria nasce como um sopro de esperança aos brasileiros que sonham em ver a bandeira do País no lugar mais alto do pódio, ocupando novamente seu espaço na elite do automobilismo mundial.

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