EX-FOCA
Edgard Júnior, uma voz brasileira na ONU
Carioca que começou como locutor de rádio hoje trabalha no setor digital da Organização das Nações Unidas, em Nova York
Daniel Chammas
Uma voz potente, firme e grave. Essa é a primeira coisa que chama a atenção na conversa com o jornalista carioca Edgard Júnior, de 54 anos, que conversou com LabJor FAAP na segunda temporada do podcast Ex-Foca. Do rádio ao departamento de assuntos digitais na Organização das Nações Unidas (ONU), sua trajetória na profissão é tudo menos monótona.
Edgard, na verdade, sempre quis ser engenheiro. Mas logo na primeira aula de Cálculo, percebeu que aquela não era sua praia. Esse foi o ponto de virada que fez com que ele resolvesse colocar seu já tão elogiado vozeirão em prática. Foi para o Jornalismo na Universidade Gama Filho, na zona norte do Rio de Janeiro, aspirando se tornar locutor de rádio.
Passou por rádios cariocas como Imprensa, Nacional e Estácio, mas com o sonho de um dia ir morar nos Estados Unidos. Seu desejo virou realidade quando ele se tornou correspondente internacional da Rádio Estácio em Washington, a capital americana, e se concretizou por volta de 1996, ao passar a trabalhar na Voz da América, serviço de comunicação oficial e internacional financiado pelo governo dos EUA.
Ele era responsável por divulgar informações oficiais direto da Casa Branca para a imprensa brasileira e chegou a conhecer grandes políticos do país. Permaneceu no cargo até 2001, quando o governo americano desligou o departamento da Voz da América destinado ao Brasil.
No mesmo ano, uma semana antes do atentado às Torres Gêmeas de 11 de Setembro, Edgard começou na GloboNews, também como correspondente internacional. O trágico evento deu início a uma nova etapa em sua trajetória profissional. “Não preciso te dizer que foi uma loucura”, comentou. “Se houve um evento para marcar a minha carreira foi o atentado.”
Depois de ficar 11 anos na GloboNews, Edgard foi contratado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e se mudou para Nova York. Começou na redação, a famosa Newsroom, que era a única área jornalística que havia na organização. Em 2017, foi criado um departamento especializado em mídias sociais que produz notícias num modelo mais dinâmico em nove idiomas diferentes. A partir daí, começou a trabalhar na área digital.
“Nós recebemos treinamentos no início, mas de uma forma geral se aprendeu muito no tranco na internet”, lembrou. A parceria com empresas de redes sociais também foi essencial para o sucesso desse novo setor na ONU. “Fizemos vários treinamentos com o pessoal do Twitter e do Facebook e mantemos sempre contato para saber o que está acontecendo agora.”
Na pandemia da covid-19, Edgard começou a trabalhar de seu apartamento em Nova York e diz ter descoberto que o home office pode até ser mais produtivo do que o trabalho presencial, contando todo o gasto de tempo e dinheiro para ir até o escritório da ONU diariamente. Em sua opinião, a mudança nem sempre é fácil, mas se adaptar é sempre possível. “No início foi mais difícil, mas agora já é segunda natureza.”
Mesmo longe do Brasil, Edgard não tirou totalmente o pé da terra natal. “É onde eu consigo recarregar as baterias”, contou. “Saí do Rio de Janeiro em 1990, mas, sempre que o avião aterrissa ali no Galeão, é quando eu falo: ‘Tô em casa’. Não há dinheiro que compre, não há dinheiro que pague.”
Clique abaixo para conferir a entrevista na íntegra no podcast Ex-Foca:
Daniel Chammas é aluno de Jornalismo da FAAP