Em meio à epidemia de dengue, cidadãos enfrentam falta de vacina em posto de SP
Cidade está imunizando crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, mas nem todas as doses necessárias foram disponibilizadas
Lukas de Santi
A cidade de São Paulo está enfrentando uma epidemia preocupante de dengue. Dados da Prefeitura indicam que só em março de 2024 foram 238,5 mil ocorrências, ou 41% do total de 585,6 mil casos notificados. O problema é que faltam vacinas nos postos de saúde municipais até para a única faixa etária em que a imunização pública está liberada: dos 10 aos 14 anos.
O LabJor foi no dia 10 de junho à Assistência Médica Ambulatorial (AMA) e Unidade Básica de Saúde (UBS) Integrada Vila Sônia, localizada na Vila Sônia, zona oeste de São Paulo, e encontrou mães que tiveram de voltar pra casa sem conseguir imunizar os filhos contra a dengue. O posto, que começou a vacinar contra a doença no dia 11 de abril, tinha então apenas vacinas contra influenza.
“Não é só aqui. Já fui a vários postos de saúde com meu filho e não encontrei vacina de dengue”, disse a diarista Kelly Cristina, de 32 anos, do lado de fora da AMA. “Fui a dois postos de saúde com meu filho e não achei a vacina”, completou a recepcionista Adriana Alves, de 39.
A direção da UBS não permitiu a entrada da reportagem no local, mas um funcionário confirmou por telefone que a vacina da dengue estava em falta e o posto não havia recebido nenhuma informação oficial de quando o estoque seria reabastecido.
Questionada sobre a falta de vacinas na cidade de São Paulo e se havia uma data prevista para ampliar a vacinação para outros grupos, a Secretaria Municipal da Saúde informou por e-mail:
“A Secretaria Municipal da Saúde (SMS), por meio da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), informa que a capital recebeu 185.989 doses do imunizante contra a dengue e, até o momento, aplicou 180.577 doses. A pasta ressalta que enviou um ofício ao Ministério da Saúde no dia 4 de junho, solicitando o envio de novas doses do imunizante. Quanto à ampliação do calendário vacinal, o município segue as diretrizes do Ministério da Saúde.”
No mesmo dia 10 de junho, o portal De olho na fila mostrava que 61% das unidades de saúde da capital (300 das 489) não tinham doses disponíveis para dengue. A cidade precisa vacinar ao menos 800 mil crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos.
Em maio, a Prefeitura de São Paulo divulgou em seu site dados sobre a dengue no município de 2007 a 2024. A frequência de casos de dengue na cidade apresentou grandes variações ao longo dos anos. Em 2008, registrou o menor número de frequência de casos, com apenas 207. Já em 2024 o número de casos disparou. O coeficiente de incidência, que mede o número de novos casos por 100.000 habitantes, também aumentou. Em 2008, o coeficiente era de apenas 1,87, mas em 2024 subiu para 2.471,84. O número de óbitos causados pela dengue igualmente variou ao longo dos anos. O coeficiente de mortalidade, que indica o número de óbitos por 100.000 habitantes, foi zero durante muitos anos, indicando a ausência de mortes. No entanto, em 2024, o coeficiente atingiu 0,32, o maior valor já registrado.
PRESTE ATENÇÃO
- Para saber sobre os postos de saúde próximos da sua casa que já disponibilizaram a vacina contra a dengue, acesse o site De Olho na Fila, que mostra as unidades básicas de saúde por região de São Paulo, exibindo as três vacinas disponíveis: covid-19, dengue e influenza.
- As vacinas de dengue estão sendo aplicadas em crianças de 10 a 14 anos.
- Para prevenir a dengue, elimine qualquer acúmulo de água em casa, pois são criadouros do mosquito Aedes aegypti.
- Faça vistorias semanais, principalmente nos quintais, onde 80–90% dos criadouros se localizam.
- Adote medidas como o uso de repelente, roupas longas e telas nas janelas.
Lukas de Santi é aluno de Jornalismo da FAAP