DEPOIMENTO

O que eu vi na Columbia Journalism School

Escola idealizada por Joseph Pulitzer em Nova York é considerada uma das mais importantes do mundo

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Luciana Garbin*

A estátua de um jornalista húngaro que começou como repórter num jornal alemão e consolidou sua carreira nos Estados Unidos é a primeira coisa que chama a atenção ao se chegar a uma das mais famosas escolas de jornalismo do mundo, a Columbia University Graduate School of Journalism, em Nova York.

Joseph Pulitzer (1847–1911) também dá nome ao prédio da escola fundada em 1912, nove meses depois de sua morte. E não por acaso. Anos antes, em 1903, ele doou US$ 1 milhão à Columbia University para a criação de uma faculdade que pudesse elevar os padrões de excelência jornalística das próximas gerações.

Desde 1917, Pulitzer também batiza um dos mais famosos prêmios do mundo, entregues anualmente a trabalhos americanos que se destacam não só no jornalismo, como também na literatura e na composição musical. Todo ano um veículo de comunicação também é agraciado na categoria Serviço Público de Jornalismo dos The Pulitzer Prizes.

Fui até a Columbia School of Journalism neste mês participar da quarta edição do Global Institute for Reporting on Early Childhood and Caregivers (em tradução livre, Instituto Global para Informar sobre Primeira Infância e Cuidadores), promovido pelo Dart Center for Journalism and Trauma — um projeto da escola dedicado a fomentar reportagens inovadoras e éticas envolvendo violência, conflitos e tragédias.

Durante quatro dias, 30 jornalistas de 18 países de diferentes partes do mundo participaram de painéis, oficinas e conversas com especialistas sobre o os maiores desafios hoje no mundo para crianças de 0 a 6 anos e seus cuidadores e como desenvolver reportagens que colaborem para sua solução.

Estados Unidos e Brasil eram os países com o maior número de participantes, mas havia também representantes de Jordânia, Síria, Gana, Quênia, Filipinas, Reino Unido, Bulgária, Zimbábue, Coreia do Sul, Canadá, Espanha, Itália, Costa Rica, Argentina, Índia e Israel.

Os professores eram sobretudo da própria Columbia University, mas também tivemos aula com especialistas de outras instituições, como Charles Nelson III, professor de Pediatria e Neurociência da Harvard University, e a psicóloga comportamental e escritora Alison Gopnik.

Foi muito interessante conhecer exemplos de coberturas sobre a primeira infância que têm sido desenvolvidas planeta afora, bem como ouvir dos colegas que condições têm encontrado para desenvolver seu trabalho. Todos os participantes se tornam depois parte de uma rede internacional de jornalistas que, entre outras missões, ajuda a dar suporte aos chamados “fellows”.

Como os dias de curso foram muito intensos, infelizmente acabei não tendo contato com alunos da Columbia Journalism School. Mas algumas de suas ações também me chamaram a atenção. Como um grande mural que montaram com as fotos e minibios dos 93 jornalistas mortos na guerra em Gaza até março. Triste, chocante, mas um levantamento jornalístico de primeira qualidade. Joseph Pulitzer estaria orgulhoso.

No alto, inscrições na parede da escola e a estátua de Joseph Pulitzer; no centro, a professora Luciana Garbin e detalhes do mural feito por alunos com informações sobre jornalistas mortos em Gaza; acima, a missão da escola, uma das palestras do programa sobre primeira infância e vitral de uma das salas da Columbia School of Journalism. Fotos: Luciana Garbin

*Coordenadora do Laboratório de Produção de Conteúdos Jornalísticos (LabJor) do Curso de Jornalismo da FAAP, Luciana Garbin foi selecionada entre 150 jornalistas de todo o mundo para participar do Global Institute for Reporting on Early Childhood and Caregivers, na Columbia University, entre 8 e 11 de março de 2024

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