Por que o modelo de SAF se tornou atrativo para alguns clubes de futebol

Gabriela Moreira, Rodrigo Mattos e Irlan Simões falam dos desafios de cobrir novos modelos de gestão no esporte

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3 min readAug 7, 2022

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Laura Siccherino

O jornalismo esportivo não pode ficar de fora do jornalismo investigativo. No sábado, 6 de agosto, segundo dia de palestras presenciais do 17º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo da Abraji, a mesa Clubes de futebol que se tornam empresas: como cobrir as SAFs foi mediada pela repórter esportiva do Grupo Globo, Gabriela Moreira, e contou com a participação do economista e jornalista esportivo do UOL Rodrigo Mattos e de Irlan Simões, jornalista do SporTV. Você sabe o que são SAFs?

Da esq. para dir., Gabriela Moreira, Rodrigo Mattos e Irlan Simões. Foto: Laura Siccherino

SAFs são Sociedades Anônimas do Futebol, criada pela Lei 14.193/202. “Elas têm muito a ver com o ambiente do governo atual, que é um de incentivar esse tipo de liberalização da economia”, diz Rodrigo Mattos. Diferentemente do modelo tradicional de clubes brasileiros, a SAF tem como principal objetivo a prática do futebol em competições profissionais com fins lucrativos. Ou seja, os clubes se tornam empresas. As principais diferenças para os modelos de clube-empresa já existentes são a tributação, muito mais vantajosa para as SAFs, e uma maior transparência no que diz respeito às regras de governança e fiscalização. No Brasil, exemplos de SAFs são Vasco, Botafogo e Cruzeiro.

Para Rodrigo, há dois pontos mais importantes. O primeiro é que se cria uma empresa, que é diferente do modelo associativo, mas a dívida dos clubes continua com a associação. A SAF fica com direito à receita, mas precisa destinar um quinto dela (20%) para a associação pagar essas dívidas. O segundo ponto é que, para conseguir uma adesão, é preciso igualar o imposto ao da associação. Antes havia uma desvantagem em relação à receita, mas, quando esse imposto é igualado, o modelo se torna atrativo. Ele lembra qie há discussões dos dois lados sobre se o modelo é ou não vantajoso e quais seus possíveis riscos.

Irlan Simões, autor do livro Clube Empresa: abordagens críticas globais às sociedades anônimas no futebol, diz que um dos principais desafios de se cobrir as SAFs, se não o principal, é divulgar as informações em favor do cidadão, que é o torcedor do clube. “Muitas vezes, os torcedores apoiam a medida de transformar os clubes em empresas de forma rápida, para ‘livrar’ o clube das dívidas o mais rápido possível”, conta. Mas o processo não é tão simples. Segundo ele, é preciso entender a legislação e que cada caso é singular, portanto não necessariamente tornar o clube uma SAF vai melhorar sua situação.

“Em casos de resultado positivo, depois de tornado clube-empresa, ele pode ser vendido por um valor maior do que valia anteriormente, gerando lucro. Já em casos de resultado negativo, o clube pode causar prejuízos”, explica. “O ideal é que os contratos e as cláusulas se tornem públicas para que, então, a torcida possa opinar se apoia o clube se tornar uma SAF ou não.”

Laura Siccherino é aluna de Jornalismo da FAAP

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