SOBREVIVENTES DA COVID

Vítima da gripe suína em 2009, apresentador agora teve coronavírus

Integrante do canal Desimpedidos do YouTube, Paulo Vita conta como a covid-19 o obrigou a passar nove dias internado

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Gabriel Santos

“Desde o momento em que começou a quarentena, qualquer tosse ou coisa que sentia, eu já pensava: 'Ferrou, peguei'. Isso já tinha acontecido umas três vezes comigo, principalmente por ter rinite alérgica. Qualquer coisa, já pensava no coronavírus. Quando começaram os casos, eu tinha certeza de que ia pegar. Foi assim com a gripe suína. Fui um dos primeiros casos no Brasil.’’

A frase é do produtor e apresentador paulistano Paulo Vita, de 26 anos. Em 2009, ele foi vítima da gripe suína; neste ano, pegou também a covid-19.

Formado em Rádio e TV pela Faculdade Casper Líbero, Paulo participa do programa Fred +10', de esporte e entretenimento, num dos canais esportivos mais conhecidos do País no Youtube: o Desimpedidos, com mais de 8 milhões de inscritos e quase 2 bilhões de visualizações.

Os primeiros sintomas da doença começaram em 3 de abril. À tarde, quando editava o programa em home office, Paulo começou a passar mal e ter diarreia. Imaginou que tivesse comido algo estragado ou fora de validade. Três dias depois, estava melhor, mas passou a ter calafrios e febre alta. Nos dois dias seguintes, surgiram dores nos olhos e em todo o corpo, além de contrações e apertos fortíssimos em lugares que ele disse que nem sabia que existia. Logo também apareceu a falta de ar. Após qualquer movimento em ações rotineiras, como tomar banho, por exemplo, já começava a se sentir ofegante.

Paulo Vita, durante conversa com o LabJor FAAP. Foto: Gabriel Santos

Paulo vive em São Paulo com a mãe, a irmã e o pai, que é pneumologista. Ao perceber que seus sintomas poderiam ser de covid, ele se preocupou com o risco de a família também estar infectada. E se angustiou particularmente ao pensar em como contaria para a mãe sobre a doença, sobretudo pela avalanche de notícias sobre as mortes da pandemia.

Quando contraiu a gripe suína, Paulo não chegou a ser internado: foi tratado pelo pai em casa. Desta vez, pensou em fazer o mesmo. Ao acordar na quarta-feira, dia 14 de abril, disse à família que já não tinha nenhum problema. Na tarde do mesmo dia, no entanto, dores, falta de ar e diarreia se intensificaram novamente. Sem conseguir mais dormir e vendo que os sintomas estavam se tornando cíclicos, ele procurou na madrugada do dia seguinte o Hospital Albert Einstein, na zona sul de São Paulo, e acabou sendo internado.

Mais tarde concluiu que já deveria ter buscado atendimento quando começou a passar mal, dias antes, apesar do medo de ficar perto de outros contaminados no hospital. “Às vezes eu penso que deveria ter ido já no primeiro dia, porque dessa maneira poderiam dizer o que eu tinha, como combater, qual medicamento usar. Mas acabei deixando de lado e preocupando minha família. Ainda bem que nada de pior aconteceu com eles.”

Seu pai, sua mãe e sua irmã também foram contaminados pelo novo coronavírus. A irmã teve febre durante um dia e depois melhorou. Já os pais tiveram fortes dores de cabeça e de garganta. Mas nenhum dos três precisou ser internado. Já Paulo acabou ficando nove dias no hospital.

Paulo Vita, em imagens de seu Instagram. Fotos: Reprodução

O apresentador disse que os profissionais que cuidaram dele foram sempre muito atenciosos e cuidadosos. E, ao receber alta, teve um sentimento de grande vitória ao ser aplaudido por médicos, enfermeiros e auxiliares no corredor em direção à saída do hospital.

Já em casa, Paulo falou da experiência que viveu num vídeo em seu Instagram e a citou também num dos programas do Desimpedidos. A questão principal, para ele, é mostrar ao público que o segue nas redes sociais e que o assiste no YouTube o quão danoso — para si e para os outros — é não se cuidar durante uma pandemia.

Ele conta que ele e os outros integrantes do canal têm pensado ativamente em como falar ao público sobre os cuidados necessários contra a doença. Um dos trabalhos que fizeram trata de como higienizar corretamente as mãos. Desde o início da pandemia no Brasil, integrantes do canal têm trabalhado de casa.

Para Paulo, o “novo normal” pós-covid será pautado pelas grandes empresas. São elas que vão determinar, além dos governos, as mudanças necessárias na legislação. Ele cita o exemplo do Google, que manterá os funcionários em home office até o fim do ano, e o Facebook, que não terá nenhuma atividade presencial até julho de 2021.

“Acho que grande parte das pessoas vai mudar a rotina para sempre. Não só rotina, mas também os hábitos. Esse lance de lavar as mãos, por exemplo, vai ter um pensamento maior sobre isso. Muitas pessoas estão preocupadas em ter de dar as mãos ou abraço para cumprimentar. Mas eu tenho plena consciência de que isso não vai chegar a todo mundo e não é todo mundo que vai se preocupar também. Uma vez que uma vacina for encontrada, vai dar uma boa acalmada e as pessoas vão acalmar e dizer: 'Lembra daquela época?'”

Gabriel Santos é aluno de Jornalismo da FAAP

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