Workshop dá dicas de segurança pessoal durante coberturas

Jornalista ensina técnicas de primeiros-socorros e o que fazer quando se está no ‘lugar errado, na hora errada’

LabJor
LabJor
Published in
4 min readAug 8, 2022

--

Beatriz Negrão

Herculano Barreto Filho, jornalista do UOL, deu dicas de autodefesa a jornalistas em 5 de agosto, durante o 17º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo da Abraji. Seu workshop foi uma versão reduzida de um curso de dois dias ministrado pelo ex-soldado do exército britânico Ryan Swindale, que não participou porque estava em missão na Ucrânia.

Herculano Barreto Filho (de camiseta cinza), em diferentes momentos do workshop. Fotos: Beatriz Negrão

Herculano começou o workshop falando sobre a falta de treinamentos como esse tanto na formação dos jornalistas quanto nas redações e empresas, e de como essa deficiência pode pôr em risco a vida dos jornalistas e tornar seu trabalho mais perigoso.

A primeira parte foi dedicada a coberturas jornalísticas em grandes multidões. O jornalista começou apresentando técnicas simples de movimentos para sair de situações perigosas ou agressivas. Depois falou sobre como planejar e se preparar para apurar uma pauta, adotando cuidados de sempre conhecer o entorno do ambiente, ter em mente rotas de fuga, informar superiores ou colegas sobre onde você está, tentar sempre ir acompanhado e adotar aplicativos de celular que contêm uma espécie de “botão do pânico” e avisam contatos selecionados de que você está em uma situação de risco.

Outra técnica importante apresentada foi a de como observar um suspeito. Segundo ele, é preciso prestar atenção quando alguém está agindo de forma suspeita, para que, se necessário, seja possível identificá-lo. Além de analisar pessoas, Herculano também deu dicas de como identificar situações perigosas. “Em casos de risco, muitas vezes a melhor coisa a se fazer é avaliar a situação, fazer um julgamento sobre o que está acontecendo ou pode acontecer em seguida e, se possível, sair do local de forma discreta”, explicou.

A segunda parte do workshop foi dedicada ao que fazer quando se está em situações de risco, ou, como Herculano disse, “no lugar errado na hora errada”. “A primeira coisa a se fazer nessas situações é preservar seu espaço de segurança, que seria o mesmo que seu espaço pessoal, e tentar manter a calma controlando a respiração.”

Ele então deu dicas sobre linguagem corporal e sobre como demonstrar de forma amigável os limites de seu espaço pessoal caso alguém tente invadi-lo. “Ter a percepção do espaço pessoal e social dos outros que estão ao redor também é importantíssimo para garantir um ambiente seguro, já que um grupo pode estar tranquilo, mas, ao sentir que você como jornalista invadiu o espaço pessoal dele, você se torna uma ameaça.”

Ao falar sobre confrontos com a polícia, Herculano dedicou um tempo para explicar o que fazer ao ser atingido por exemplo por gás lacrimogêneo, balas de borracha e spray de pimenta. No caso dos dois primeiros, a orientação é jamais esfregar o rosto e limpá-lo somente com água. No caso da bomba de gás, é interessante também encharcar um pano com água e cobrir boca e nariz. Quando o assunto é bala de borracha, é importante ter em mente que, por mais que a orientação aos policiais seja sempre a de mirar da cintura para baixo, muitos não respeitam isso podendo também mirar no chão para que a bala recauchute e atinja os civis. “É sempre muito importante ir equipado como boas máscaras e óculos de proteção”, disse Herculano.

Por fim, o jornalista deu uma aula sobre anatomia e primeiros socorros, ensinando desde como desobstruir as vias aéreas até que procedimento adotar em casos de ferimentos graves e sangramento intenso.

Beatriz Negrão é aluna de Jornalismo da FAAP

--

--

LabJor
LabJor
Editor for

Um laboratório de informação: Descobrimos e contamos histórias que dão sentido ao presente.