Chefe bom é chefe longe!….
…Será?
Há chefes que atrapalham a performance dos funcionários! Muito! Tem até um senso comum que diz “as pessoas não pedem demissão das empresas e empregos, elas pedem demissão dos chefes”.
Com certeza você já viu ou ouviu um caso envolvendo um funcionário comprometido (normalmente um amigo, um parceiro, ou até você mesmo) que só queria realizar bem o seu trabalho e o chefe atrapalhava. Coff! Coff! Bom… A gente sabe que não é bem assim sempre, mas em geral existe o “chefe-mala” mesmo!
- Tem o chefe que interfere nas suas atividades.
- O que pergunta várias vezes algo que você já respondeu.
- O que tenta confirmar se o que você disse é verdade, ciscando por fora, com outras pessoas.
- O que não entende o que a área faz e larga tudo na sua mão, enquanto está tudo bem, mas na hora do aperto te espreme pra resolver algo em que ele deveria estar envolvido.
- Tem o que não se prepara para reuniões.
- E aquele que é safado.
- O outro que é antiético.
- O que tem uma obsessão por saber o que você está fazendo o tempo todo.
- O que pega o crédito pelas suas criações.
- O que é grosseiro. Muito.
- Aquele outro que nem sabe o seu nome.
- Tem o chefe que só vê seus tropeços e ignora suas conquistas.
- O preconceituoso.
- O chefe que te sobrecarrega, enquanto tem uma agenda superequilibrada, com longos almoços e alguns passeios.
- O que vai te dando mais trabalho, sem contrapartida, porque você é muito bom. (folgado!)
- O que não vai te dando mais trabalho, sem motivo, porque você é muito bom. (tem medo!)
- Há também o chefe que não te reconhece, mas não vive sem você, nem nas férias.
- O que não aceita novidade. Quer tudo do mesmo jeito. (normalmente, o jeito dele)
- O que não deixa você crescer em outras áreas da empresa.
- E aquele que te adora, mas você nunca vai saber, porque ele não aprendeu a elogiar.
A lista é bem mais longa, mas preciso seguir o texto. (Talvez você tenha um desses ao seu lado agora… complemente a lista com suas experiências aí nos comentários!)
Outro perfil muito próximo do chefe é o de dono da empresa. Mesmo com pessoas responsáveis pelas áreas, ele quer se meter em tudo. É claro que quer ajudar, mas não respeita o papel dos especialistas! Certamente tem muita intuição e criou a empresa, né? Mas tem que confiar!!
Então, quer dizer que
Chefe bom é chefe longe!!!
Não.
O desafio de trabalhar com chefes que têm o perfil de interação negativo é gigantesco!! Mas atenção. Essas pessoas não agem desse jeito porque querem. São padrões de comportamento baseados na experiência que tiveram no mercado e nas organizações, cruzados com suas visões de pontos fortes e inseguranças. Às vezes, estão sofrendo!
E saiba que, enquanto você daria tudo para não ter mais chefe, ele também daria tudo para não mais ser chefe.
Oi? O quê?
Isso mesmo. Ser chefe é uma baita responsabilidade. Significa receber a missão de ajudar as pessoas a se desenvolverem, explorando seus potenciais, gerenciar expectativas e limitações, segurar a pressão, ser o ponto central de explicações sobre resultado e representação da organização. Não é todo mundo que tem esse propósito em suas vidas! Aceitam esse papel apenas para subir de cargo, ganhar mais e ter mais felicidade no Trabalho. Coff! Coff!
Uma pesquisa da Cia. de Talentos em parceria com a Nextview, abordou mais de 70 mil profissionais e mostra que 73% das pessoas de nível júnior fariam outra coisa da vida, que não sua atividade atual, se não precisassem de dinheiro. Até aqui, não há surpresa. Há muitas possibilidades no começo de carreira. A vida é dura. Muito trabalho. Pouco dinheiro.
A novidade é que, ao realizar a mesma pergunta para profissionais em cargos de gerência sênior até presidência, o percentual de insatisfeitos é 77%.
Não quero me prender à tradicional diferença entre “chefe x líder”, porque não me importa o nome que deem para esse papel — atenção: é um papel, não é um cargo!
O chefe, líder, mentor, ser de luz, whatever… tem o papel de influenciar positivamente a nossa ação no ambiente de Trabalho.
O fato é que todos nós nos beneficiamos muito ao seguir uma pessoa que tenha mais senioridade, experiência, vivência, visão, maturidade, e interesse no nosso desenvolvimento e no crescimento da organização.
Opa!!! Aqui está a chave:
Historicamente, as empresas reconheceram com promoções e cargos de chefia aqueles profissionais INTERESSANTES, que são “melhores” do que os demais. Eles possuem mais formação, mais experiência, falam mais línguas, vendem mais, tem performance superior e, portanto, deveriam liderar.
Bem… diante do desenho organizacional tradicional, isso até fazia sentido. Se poucas pessoas podem ganhar mais do que as outras, então vamos reconhecer as que trazem mais resultado. E congelar a situação com cargos rígidos. Esse seria um pensamento correto, se a gente conseguisse sempre mensurar a contribuição das pessoas de forma linear, o que não é possível.
Ao concentrar a análise de performance na “pessoa” (no chefe), podemos não ver o resultado real da sua atuação e ignorar como as pessoas influenciadas por esse profissional são impactadas positiva ou negativamente por essa relação?
As empresas se enganam ao acreditar que liderança é uma característica da pessoa.
Liderança é uma característica da relação!
É construída a partir da realidade vivida e percebida na conexão entre duas pessoas.
É claro que há comportamentos e competências individuais que potencializam as chances de termos uma relação de confiança, incentivo e suporte, que caracterizam a liderança. Esses elementos não fazem parte do perfil dos chefes interessantes e sim dos profissionais INTERESSADOS! São os líderes que tem a intenção verdadeira de ajudar as pessoas a entregarem mais resultado, a se desenvolverem e encontrarem novas formas de contribuir. Intuitivamente, esses líderes querem o nosso bem e, em consequência, trazem a maximização da nossa performance para dentro da empresa!
Se você acha que estaria melhor sem ter um chefe, ou líder, ou um mentor. Reconsidere.
Os 3 papéis principais de um bom chefe são:
- Servir de exemplo => ser uma pessoa segura e coerente, na qual você possa se espelhar e manter sua autenticidade, utilizando-o como referência e não como fôrma de cópia.
- Suportar => segurar a onda. Ajudar você a se manter em pé quando o peso está muito grande. Não passar a mão na sua cabeça quando algo dá errado, mas ajudar a encontrar formas para superar os desafios.
- Desafiar => estimular o seu melhor. Causar uma tensão positiva para que você descubra que pode ir além de onde estava enxergando. Caso contrário, você pode se acomodar.
Chefe bom não é chefe longe.
Chefe bom é chefe próximo. E bem interessado no seu sucesso!
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Texto escrito por Alexandre Pellaes (clique e me acompanhe!)
Alexandre Pellaes é pesquisador e transformador do mundo do Trabalho.
Com mais de 20 anos de experiência é uma das principais referências sobre novos modelos de gestão e o futuro do Trabalho no Brasil.
Saiba mais em www.exboss.com.br