O trabalho informal: uma das consequências do desemprego

Jornalismo 2017
Laboratório da Notícia
2 min readNov 29, 2017

Por Sebastião Monteiro

O senhor Francisco das Chagas Gomes da Silva, 60, natural de Parnamirim-RN, por muitos anos, foi Auxiliar de Serviços Gerais (ASG), tendo sido empregado com Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) assinada. Entretanto, com a crise que vem assolando o Brasil, ficou desempregado e enveredou pelo trabalho informal na condição de vendedor de frutas, atividade que exerce há mais de 5 anos. Já trabalhou na CEASA, mas atualmente trabalha num canteiro da Avenida de acesso ao bairro Cidade Verde, Parnamirim. “Com este trabalho de vendedor, sustento a família e defino a jornada que quero trabalhar, sem depender de patrão, mas sei que não terei aposentadoria e nem outros direitos que os trabalhados regularizados têm”, afirmou Francisco.|Foto: Sebastião Monteiro
A artesã Joscilene Trajano, 35, trabalhou por 5 (cinco) anos com Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) assinada. Após ficar desempregada, passou a vender objetos e artefatos acabados, tipo pulseiras, cordões e brincos, utilizando-se da calçada do Shopping Midway Mall, Natal-RN, onde trabalha há 3(três) anos. “A minha renda mensal com as vendas, em média, chega a atingir um salário mínimo ou mais um pouco, o suficiente para manter o sustento da família, portanto não tenho saudades do emprego que eu tinha antes”, afirma Joscilene.|Foto: Sebastião Monteiro
Cléber Carneiro de Macêdo, 28, natural de Natal-RN, vende açaí e salgados ao lado da Universidade Potiguar, unidade da Av. Prudente de Morais. Alí, utilizando-se de um pequeno balcão sobre o calçamento, ele vende os seus produtos aos universitários e transeuntes. “Trabalhei durante 2 (dois) anos na Loja Riachuello, mas fui demitido. Há tempo que venho trabalhando com estas vendas, mas se surgisse um emprego com a carteira assinada, eu toparia”, disse Carneiro. |Foto:Sebastião Monteiro
Franciele de Freitas Nascimento, 19, trabalha com vendedora de artigos de loja de variedades (bonés, brinquedos infantis, etc), no calçamento da lateral da Praça Central da Cidade de Canguaretama-RN. O pequeno comércio é de seu avó, mas, aos poucos, ela está o substituindo na vendas. “Há uma enorme dificuldade de se arranjar um emprego com carteira assinada e, principalmente, quando se trata do primeiro trabalho. Assim, vou trabalhando durante o dia, tentando vender algum produto e, à noite, estudo e estou concluindo o ensino médio”, asseverou Freitas.|Foto:Sebastião Monteiro
O vendedor Igor Pinheiro da Silva, 30, tem formação técnica em segurança patrimonial e, nesta atividade, afirmou ter trabalhado por mais de 7 (sete) anos com carteira assinada. “Ao ficar desempregado, tive que buscar outras alternativas de trabalho que pudessem garantir o sustento da minha família. Com esposa e filho, não poderia parar e fui para a praia de Ponta Negra, vender água de coco, água mineral e produtos de passeios para os turistas que frequentam o local”, mencionou Pinheiro. Hoje, o vendedor continua na mesma atividade de antes, porém na Av. Roberto Freire, numa das descidas de acesso à praia. “A mudança das areias da praia para o calçamento deu-se em consequência da perseguição dos fiscais da Prefeitura contra os vendedores abulantes que trabalhavam nas praias de Natal”, disse Igor.|Foto:Sebastião Monteiro
Vicente Pereira de Araújo, 52, natural de Santa Cruz-RN, trabalhou por vários anos na construção civil, onde exerceu a profissão de betoneiro, com carteira assinada, mas, atualmente, é vendedor ambulante de doces e de guloseimas diversas, especialmente de geléia de coco e do popular quebra-queixo (um doce típico da culinária brasileira) feito basicamente com coco e açúcar. Utiliza-se de uma bicicleta para o seu transporte e dos produtos destinados à venda. “Este trabalho já faz parte da minha história e de minha esposa, pois, há 33 (trinta e três) anos faço isto. Quando eu estava trabalhando com carteira assinada, minha esposa fazia este trabalho de venda nas ruas, mas, depois do desemprego, me dediquei a este trabalho meio cansativo, porém gratificante, pois, além de tirar o sustento da família, passo o dia lidando com gente, o que me impede de pensar besteiras e entrar em depressão”, disse Araújo.|Foto:Sebastião Monteiro
Há 6 (seis) anos que o maquiador Evandson do Amaral Barbosa, 26, mora no bairro do Alecrim, Natal-RN. Ele trabalha na casa da sua mãe, onde e com quem reside, e em domicílio e em eventos de beleza. Por alguns meses, trabalhou numa empresa de cosméticos, com carteira assinada, mas foi demitido. “A crise do desemprego, a concorrência desleal e os salários baixos têm inviabilizado o seu retorno ao mercado de trabalho formal, com carteira assinada e garantia de seus direitos trabalhistas e previdenciários. Não posso parar, pois, além de cuidar dos meus pais, preciso investir na minha capacitação profissional e estar sempre preparado para atender as exigências do mercado. Para tanto, preciso ganhar algum dinheiro. Nesta luta, procurando e esperando a oportunidade de um emprego digno, há 6 (seis) anos estou trabalhando como maquiador com visitas aos clientes, em suas residências ou aqui meso na casa dos meus pais ou em eventos pontuais”, disse Amaral.|Foto:Sebastião Monteiro
Manoel Ferreira de Figueiredo, 59, natural de Macau-RN, casado, pais de 3 (três) filhos, veio para Natal na busca por um emprego com carteira assinada e a perspectiva de uma aposentadoria no futuro. Entretanto, embora tenha trabalhado alguns anos em hotéis com CTPS assinada, ao ficar desempregado, comprou um pequeno caixão de madeira e algumas latas de graxas e se tornou um engraxate, fazendo polimento e limpeza de sapatos. Tendo trabalhado em algumas calçadas de Natal, hoje ele estabeleceu-se na praça Juscelino Kubitschek, nas proximidades do cruzamento da Rua João Pessoa com a Av. Rio Branco. “O tempo foi passando, os empregos sumindo e a possibilidade de se conseguir um trabalho assalariado diminuindo, o que me fez ir, aos poucos, aprendendo a me virar nos 30, começando como simples engraxate, hoje me tornei um sapateiro, fazendo, além dos polimentos, consertos e diversos serviços na área de embelezamento de um calçado, seja para homens ou para mulheres”, falou Figueiredo.|Foto:Sebastião Monteiro

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