Educação financeira nas escolas: como o tema é abordado na sala de aula

Até dezembro de 2019, todas as escolas brasileiras devem estar adaptadas às novas diretrizes da BNCC (Base Nacional Comum Curricular) , que prevê a implementação da educação financeira da pré-escola para o ensino médio. De acordo com a base, o assunto não pode ser compor somente uma matéria, mas sim seus conceitos abordados em diversas matérias, para familiarizar a criança com o assunto.

Apesar de ser um assunto relativamente novo e de escolas que têm obrigação de abordar a partir do ano letivo de 2020, algumas instituições já aplicam projetos voltados ao tema. Sobre isso conversamos com Nara Pick, que é especialista em administração financeira, contabilidade e controladoria e já participou de projetos de educação financeira em mais de 15 municípios da região oeste do Paraná. Ela nos conta como os conceitos são identificados e que isso traz para a vida adulta.

Nara Pick trabalha a educação empreendedora como aliada da educação financeira (Arquivo pessoal)

Qual é a definição de educação financeira?

Educação financeira é todo o conhecimento voltado para a gestão de recursos financeiros. Já em gestão financeira, diz respeito a tudo o que é relacionado a dinheiro em todos os âmbitos. Seja pessoal ou profissional. Um exemplo é quando você faz um novo investimento ou quando quer assumir um compromisso ou como se relaciona com seus ganhos e gastos. É um campo bem amplo de atuação.

A partir de dezembro de 2009, a Educação Financeira será obrigatória em todas as escolas do país, desde a pré-escola até o ensino médio. Você já participou de projetos de educação financeira para crianças e adolescentes, como é feito isso?

Os estudantes precisam ter essa compreensão de como podem fazer uma boa administração dos recursos financeiros dentro de suas possibilidades. Então, uma criança, por exemplo, quando tem uma mensagem ou recebe por mês um valor dos pais, acaba gastando sem pensar. Nós usamos uma educação empreendedora como aliada da educação financeira para trabalhar o comportamento humano e o consumo desde cedo, para todos os que têm consciência dos seus gastos e também consigam administrar seu salário e despesas. Inclusive estou desenvolvendo um material para um projeto que é baseado nisso, são atividades para apoiar o professor no desenvolvimento e estímulo. É importante praticar a diferença entre gasto e investimento, por exemplo, é algo pouco difundido e que é necessário aumentar a percepção de trabalhar cada vez mais esse tema.

Durante o tempo em que trabalhou com educação financeira, você viu mudanças no comportamento dos pais em relação à escola?

Crianças têm a mente mais aberta para aprender. Nós costumamos falar que elas ainda não estão contaminadas, que estão construindo o conhecimento e então se dispersam mais para pensar sobre o assunto, fazer experiências e aprender muito com essas experiências. Tem também o fato de que as crianças têm necessidade de compartilhar e terminar levando o conhecimento para dentro de casa, e os pais podem ir até uma escola com maior frequência, se envolver mais nas atividades e tiveram vários casos de filhos que ensinaram os pais sobre finanças. Isso acontece muito no fundamental 2 e no ensino médio. Vimos que as crianças e os jovens levaram o conhecimento do controle financeiro, a formação do preço de venda para os pais que tiveram negócios e não causaram esse tipo de controle. É muito legal ver quem recebe conhecimento,

Eles acabaram auxiliarndo no orçamento familiar…

Isso. Eu lembro de uma atividade que uma professora propôs, que levava os alunos ao mercado para observar, fazer comparações de marcas, produtos, quantidade de produto para embalagem para fazer uma comparação. Depois disso, uma mãe, durante uma reunião de pais, falou que o filho dela passou no mercado e comparou os preços de tudo, que com isso a família acabou notando que gastou menos, e a criança passou a entender também sobre o salário e os gatos da casa.

Você falou sobre a educação empreendedora. Hoje, o empreendedorismo ganhou um novo significado, deixou de ser vinculado somente ao empresário e como empresas têm cobrado isso dos funcionários. O que são as atitudes empreendedoras?

O empreendedorismo está saindo um pouco desse viés apenas para abrir o próprio negócio, nenhum empresário e empresas. Vem sendo exigido esse comportamento por parte de todos dentro de uma organização. As atitudes empreendedoras surgiram no estudo de Jacques Delors, em 2010. Contribuíram para essa pesquisa que teve sucesso na vida geral, não apenas em negócios únicos, mas também dentro de outras empresas e incluídas. A partir disso, foram utilizados alguns aplicativos comuns, os usuários usando empreendedores. São 33, no total, e a Unesco reuniu 10 deles, que formam hoje a base da pedagogia empreendedora. Esses desempenhos são formas de ser como as pessoas vão desenvolvendo e aplicando, são habilidades e atitudes, e entre eles estão a gestão de riscos calculados, estatísticas de qualidade e eficiência,

É isso que a educação empreendedora trabalha desde pequenos?

Hoje esses procedimentos são necessários não somente para quem tem um negócio, mas para qualquer pessoa que queira atingir os objetivos na sua vida. Então percebemos que, quando uma criança tem acesso a esse conhecimento e gradualmente vai fazer exercícios, ela vai incorporar isso como algo natural. As características do comportamento empreendedor são úteis e passam a uma visão, um modo diferente de se posicionar diante da vida, fazer com que uma pessoa aja com autonomia, responsabilidade e correspondência, que é saber como seus atos afetam as próximas consequências de você. É importante termos de consciência sobre a correspondência conosco e com os outros.

Nara Pick é formada em ciências contábeis pela Fundação Educacional Machado de Assis (FEMA) e especialista em administração financeira, contabilidade e controladoria pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel (UNIVEL). Atuou por oito anos no SEBRAE-PR como consultor especialista em planejamento, gestão, finanças e desenvolvimento setorial e também como gestor de projetos. Atualmente trabalha com consultoria, facilitação, mentoria e desenvolvimento humano.

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