Entenda a importância de planejar gastos e faça do orçamento doméstico seu aliado

A economia familiar é uma importante aliada da saúde financeira das famílias. O termo diz respeito à forma com que você administra seus recursos e tem condições de manter sua casa, e, apesar de estar cada vez mais frequente nas rodas de conversa, as famílias não têm colocado em prática o assunto dentro de casa. Estima-se que mais de 60% das famílias brasileiras estão inadimplentes ou negativadas em 2019. Os dados são da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo que faz levantamentos mensais sobre o endividamento das famílias brasileiras.

De acordo com a administradora Luciana Ferraz, o grande problema é a falta de planejamento. “O brasileiro não tem o costume de estabelecer um orçamento familiar. Eles não partem do que ganham para depois priorizar e estabelecer seus gastos, mas tentam encaixar os gastos nos seus ganhos, e nisso acabam caindo em parcelamentos e financiamentos”.

Apesar de a base da economia doméstica ser o orçamento familiar, o assunto não é só para gente grande. As crianças podem e devem participar das discussões de orçamentos. Luciana explica por que trabalhar o tema desde cedo. “É importante que os filhos desde pequenos participem de todas as discussões para que criem consciência e tenham conhecimento do valor do dinheiro. As crianças precisam saber que não é só ir lá na loja e comprar um brinquedo, que para comprar aquele objeto algo será sacrificado”.

A falta de planejamento é, também, fator decisivo no poder de compra, já que se costuma optar por parcelamentos e financiamentos, mas não existe um planejamento para adquirir um bem. “Não temos a cultura de guardar dinheiro. Se compramos um carro financiado, pagamos a parcela todo mês, mas se não tivermos essa parcela o dinheiro não é guardado”, explica Luciana Ferraz.

Essa falta de cultura de planejamento financeiro se reflete em todos os aspectos da vida pessoal e profissional. A docente exemplifica o comportamento errado ao falar dos ganhos mensais. “Quando você tem um aumento de salário, automaticamente seus gastos aumentam, mas quando seu salário diminui você não consegue diminuir os seus gastos na mesma proporção. Costumamos pensar que você tem um salário habitual e quando você sabe que vai ganhar uma promoção já começa a fazer gastos pensando naquele dinheiro sem levar em consideração que poderia continuar com o mesmo padrão de vida e poupar o valor do aumento”.

Consequências na vida prática

Práticas ligadas à economia doméstica vão além de fazer planilhas e cortar gastas para balancear o orçamento, já que o assunto afeta diretamente os indivíduos envolvidos. Estima-se que o dinheiro seja um dos fatores principais no fim dos casamentos, além de afetar a saúde mental e física. Nos últimos anos, a falta de dinheiro tem sido um dos principais fatores que motivam os casais a colocarem um ponto final em seus relacionamentos.

Além de influenciar no estado de saúde física e mental dos indivíduos, o orçamento familiar tem grande peso na economia do país. A falta de dinheiro faz com que as famílias consumam menos e, consequentemente, as empresas passam a produzir em menor escala, o que gera uma estagnação da economia.

Os altos índices de inadimplência geram grande preocupação para o governo, que busca fazer com que as pessoas consumam menos através da elevação das taxas de juros, tentando assim evitar maior endividamento ao procurar por empréstimos, por exemplo. Na mesma escala, quando o consumo está acima do normal, a inflação aumenta, fazendo com os preços subam. O endividamento das famílias modifica todo o cenário econômico de um país.

Confira a seguir os passos da economia familiar:

1º Passo
O primeiro passo para estabelecer um orçamento familiar é listar seus ganhos e gastos, para descobrir qual a sua situação atual. “É necessário definir sua receita, não seu salário bruto, mas sim o valor real após os descontos”, explica a administradora. Já na hora de listar os gastos, eles devem partir dos fixos até os invisíveis, como um café fora de hora ou um lanche na faculdade.

2º Passo
Analisar qual sua situação atual. Se está sobrando dinheiro, faltando dinheiro ou seu salário está pagando todas as contas, mas não sobra fim do mês.

3º Passo
Se você perceber que está faltando dinheiro, é necessário fazer cortes de gastos, renegociação de dívidas e adaptar seu estilo de vida ao seu salário. Se você perceber que não está sobrando nem faltando dinheiro, é necessário adaptar seus gastos para ter uma folga no fim do mês, já que nunca sabemos quando vai surgir um imprevisto. Se no meu orçamento já sobra dinheiro após o pagamento de todos as contas, você pode estudar a melhor forma de investir e otimizar esse dinheiro extra.

Luciana Ferraz é Graduada em Administração e especializada em Gestão Empresarial pela Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de Cascavel (UNIVEL). Mestre em Administração pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Atualmente, coordena os cursos de Ciências Contábeis, Gestão Comercial, Gestão Financeira e Gestão em Recursos Humanos na Educação à Distância do Centro Universitário Assis Gurgacz e coordenadora de TC do Curso de Ciências Contábeis e do projeto “Startup Garage”, uma parceria do Centro Universitário FAG e Sebrae; membro do Comitê Gestor Municipal de Cascavel (PR) e do Comitê Territorial de Pequenos Negócios — Grupo de Trabalho Educação Empreendedora da região Oeste do Paraná.

--

--