Recadinho de Dia dos Pais

Fui convidado pelas diretoras da escola Carandá Vivavida para escrever algo para as celebrações do Dia dos Pais, que seria enviado aos pais das alunas e alunos. O resultado…

Pedro Limeira
Laboratório de Escuta e Convivência
2 min readAug 12, 2018

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“Eu não sou pai. O que diachos poderia escrever sobre o Dia dos Pais?”

Esse foi o pensamento que me veio quando recebi o convite para escrever isso que você está lendo agora, nesse instante. Colocando-o de lado, consegui também tirar os véus cor de preguiça e de auto-exigência para enxergar possibilidades…

Nos reunimos um dia na Escola dos Pais para pensar sobre a posição da Carandá Vivavida frente a essas datas comemorativas — dia dos pais, mães, cachorro, papagaio. E a conversa começou com: como foi pra mim viver o dia dos pais como filhas ou filhos? Quanta diversidade! Desde episódios catastróficos envolvendo cinzeiros-presentes para o pai não fumante que fez cara de “QUE-LEGAL-FILHINHO-HEHE” ao recebê-los até as alegrias catárticas de preparar e enfeitar toda a casa, em segredo com os irmãos, para surpreender o pai desavisado. A unanimidade foi a percepção de que o Dia dos Pais é também Dia dos Filhos; é uma celebração que tem muito valor para os pequenos ou talvez já-não-tão-pequenos (a não ser que sejam adolescentes, é claro).

Isso faz muito sentido pra mim e pra minha trajetória. Demorei uns bons 20 anos para começar a dar uma chance pro meu pai. E uma das coisas que passamos a fazer nos Dias dos Pais é conversarmos sobre as experiências dele mesmo como filho do pai dele. E isso nos conecta. E isso vai aumentando as suas chances, à medida que eu passo a compreendê-lo e, assim, a ser capaz de perdoá-lo pelas atrocidades de não ter ido àquela reunião de pais ou ao meu aniversário de 8 anos.

O que eu desejo para todos os pais e filhos é isso: conexão. Conexão essa que cresce à medida que você como pai, lembra que também já foi filho.

Meu nome é Pedro e eu fui convidado pra escrever isso porque faço parte da LEC e da Escola dos Pais como facilitador das conversas. Meu papel é cuidar para que todos possam ser escutados nos nossos encontros. Sou também filho do Amundsen, que é filho do José Augusto. Eles não se bicavam muito, e eu também não me bicava muito com ele, mas estamos juntos tentando quebrar essa história.

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Laboratório de Escuta e Convivência
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Aventuras, percalços e serendipidades (descubra o que é isso) da nossa pesquisa cotidiana sobre escuta e convivência.

Pedro Limeira
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Written by Pedro Limeira

aprendendo a dialogar, a filosofar e a escrever…