Diversidade na economia: Pink Money representa cerca de 7% do PIB nacional

Luana Kanitz
Laboratório de texto
3 min readJan 15, 2019

MATHEUS LUCAS

Estimados em 18 milhões de pessoas, a população LGBT+ no Brasil é responsável por cerca de 7% do PIB nacional. Isso equivale a R$ 419 bilhões injetados na economia anualmente. Os dados são da Out Leadership, associação internacional de empresas voltadas para este público. Essa parcela da população também é conhecida por ter maior interesse em cultura, lazer e turismo, além de possuir um poder aquisitivo mais elevado do que os heterossexuais. De acordo com o censo IBGE de 2010, casais homoafetivos possuíam uma renda duas vezes superior a de casais héteros e gastavam 30% a mais. Considerando isso, inúmeras empresas, marcas e estabelecimentos passaram a enxergar o potencial de compra dessas pessoas e perceberam que abraçando as suas causas publicamente, o retorno financeiro era garantido.

A marca Doritos resolveu trazer para o Brasil a edição limitada “Rainbow”, no qual as tortilhas eram todas coloridas. A ideia surgiu em 2015 nos Estados Unidos e em 2017 veio para o Brasil, durante a parada do orgulho LGBT de São Paulo. O salgadinho ganhou uma versão colorida para a campanha de apoio à diversidade da PepsiCo. Essa edição de Doritos não foi comercializada, mas distribuída gratuitamente aos participantes do evento. Para os não participantes, mas simpatizantes ao movimento LGBT, o kit (Doritos e uma bandeira LGBT) pôde ser adquirido após doação de R$ 20 no site da marca. Toda a verba arrecadada foi doada para a Casa 1, local que acolhe jovens LGBT expulsos pelas suas famílias ou em situação de rua.

A Skol também esteve presente no evento e lançou uma embalagem especial para o evento. Além disso, a cerveja contou com um trio-elétrico. Pelo segundo ano, a cervejaria foi a marca oficial e principal patrocinadora da parada LGBT. Foi lançada uma edição especial de sua lata de 269 ml com a seta-logo vestida com as cores da bandeira LGBT. A rede de fast-food Burger King distribuiu mais de 100 mil coroas de papel com as cores da bandeira LGBT. A marca já está dialogando com este público desde 2014 quando lançou, em celebração do Orgulho Gay na cidade de São Francisco (EUA), o hambúrguer Proud Whopper, ou Whopper Orgulhoso, em tradução livre. O sanduíche ganhou embalagem com um papel com as cores do arco-íris. Quando a embalagem colorida era aberta, o hambúrguer de sempre esperava o cliente. Um texto por escrito reforçava a mensagem: “Somos todos iguais por dentro”. A marca também avançou na temática apresentando, pela primeira vez, em sua campanha brasileira uma drag queen.

Chamado de “Pink Money”, o dinheiro rosa é a moeda da vez. Somente na parada LGBT de 2017 em SP, segundo o Observatório de Turismo e Eventos, da SPTuris (órgão oficial da prefeitura), o turista gastou em média R$ 1.112 durante o período de permanência, incluindo hospedagem, alimentação, transporte e lazer. A pesquisa com 1.014 entrevistados também traçou o perfil e os hábitos dos turistas na capital paulista durante o evento. Festas privadas, entretenimento noturno, compras e passeios turísticos estão entre as principais atividades feitas pelos visitantes, além da parada, com impactos econômicos diretos por toda a cidade.

A estudante de Enfermagem Gabriela Farias é lésbica e garante que avalia bem a reputação das marcas e ambientes que frequenta: “Acho superimportante que as grandes marcas se posicionem cada vez mais a favor da diversidade e da inclusão dos LGBT+, tanto em suas campanhas como em produtos, pois traz visibilidade a temas necessários. Se eu percebo que certa marca está veiculando sua imagem a algo ou alguém do movimento, a chance de eu adquirir aquilo com certeza aumenta”.

Da necessidade de sentir-se bem atendida, surgiu a vontade de abrir um negócio com foco no público LGBT. É o que afirma Paola Germann, estudante de Administração. “Diversas vezes me senti tratada de forma diferenciada, negativamente, em alguns locais com público majoritariamente hétero. Uma vez cheguei a ser xingada na fila de um bar aqui em Porto Alegre por estar de mãos dadas com outra menina. Isso acaba nos intimidando e nos afastando de ambientes como esse. Por isso penso em abrir meu negócio, voltado para o nosso público, bem colorido e que acolha todas as pessoas sem distinção”. A escolha dela parece bastante acertada, uma vez que o Pink Money representa cada ano o total de três trilhões de dólares no mundo e só tende a crescer.

--

--