A Mudança de Era

Guilherme Pantaleão
Laborativu World
Published in
3 min readMay 11, 2015

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Um tempo atrás vi o Felipe Anghinoni, cofundador da Escola de atividades criativas Perestroika, dizendo em uma palestra que todos os cursos deles tem duas coisas em comum, a primeira é a metodologia, a segunda é que eles discordam do entendimento que a maiorias das pessoas tem sobre o momento que estamos vivendo.

Todo mundo fala que por causa desse negócio de internet, nós estamos vivendo em uma era de mudanças. Anghinoni mostra um outro lado muito mais interessante, ele diz que estamos em uma Mudança de Era.

Durante muitos anos, nossas vidas foram ditadas pelo ambiente profissional e pelas empresas que trabalhamos, essas organizações que definem quais dias da semana temos que ir trabalhar, qual é nosso local de trabalho, que horas devemos chegar, que horas vamos sair, quando o RH vai nos liberar pra nos divertir ou viajar.

Isso são resquícios de uma sociedade construída em torno da Revolução Industrial e tudo foi se moldando do jeito mais cartesiano. O dia é dívidido em 3 partes iguais de 8 horas - Trabalhar, Dormir e Entretenimento - chega a ser bizarro quando olhamos algumas coisas, por exemplo tabela de horário de ônibus, mesmo que aqui no Brasil nenhum nunca seja pontual. Esse pensamento quadrado vai da organização de horário às organizações das cidades com zonas rurais, industriais, residenciais e comerciais. Toda a sociedade foi planejada para funcionar em torno das fábricas e do modelo de consumo estabelecido naquela época.

Desde 1760, quando começou a Revolução Industrial, a gente vem evoluindo dentro desse mesmo modelo, vamos ajustando e acertando o que podemos, mas sempre mantendo o mesmo jeito de viver.

E aí, depois de quase 300 anos, nós estamos começando a mudar esses padrões e provavelmente as novas organizações, novos hábitos que estabelecermos podem se prosperar durante séculos.

Felipe Anghinoni na Abertura do ENEJ 2013

Muitas mudanças já são perceptíveis, conseguimos ver que a nossa relação com o trabalho está mudando, muitos não são mais tão dependentes das empresas, podem escolher onde vão trabalhar, podem trabalhar remotamente, muitas vezes nem estando no mesmo fuso horário que os outros funcionários, como é o caso da 37 signals, criadora do Basecamp. Algumas outras empresas optam por ter uma estrutura não hierárquica, ninguém é chefe de ninguém e conseguem produzir como qualquer outra empresa, um exemplo é a Valve Software, criadora do Counter Strike.

Nós conseguimos perceber essas mudanças também quando vemos a importância da Cultura Digital, nunca foi tão fácil fazer qualquer coisa, praticamente qualquer coisa tem um blog ensinando, um tutorial no Youtube ou um curso online, até faculdade a distância é possível e se popularizando cada vez mais.

Quando falamos em consumo, pra algumas empresas o e-commerce já é coisa de outro mundo, pensar em vender por um site e mandar entregar na casa do consumidor, ainda tem empresa que se acha inovadora por estar começando a fazer, mas ainda tem muito por vir. O que mais se questiona é a nossa relação com os objetos. Será que precisamos de tudo que acumulamos em casa? Será que precisamos de uma casa no campo, outra na praia? Será que o único jeito de eu resolver meu problema é comprando essa coisa?

Desses questionamentos estamos montando uma sociedade diferente, que não é estruturada de modo organizado e planejado, mas voltada ao compartilhamento de bens, de conhecimento e na vida em comunidade. Alguns dizem que empresas que estão surgindo com novas propostas voltadas a essa nova organização, como AirBnb e Uber, estão “profissionalizando o bico” por ajudar as pessoas a complementar a renda oferecendo um serviço que não é sua ocupação principal. Na verdade é bem diferente disso, estamos entrando, como o Felipe Anghinoni falou, em uma Era disruptiva, em rede e o consumo está acompanhando isso. As pessoas estão percebendo que as coisas que elas tem em casa tem valor e podem fazer o bem para elas e para outras pessoas.

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