O Melhor dos Mundos Colaborativos.

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5 min readMay 11, 2015

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por Pedro Luís Palermo.

Acredito que a cada dia que passa as pessoas estão mais familiarizadas com a Economia Colaborativa. Aos poucos a galera foi ficando curiosa, começou a se interessar e foi atrás pra saber o que são essas bikes laranjas pela cidade, que aplicativo é esse que os taxistas reclamam tanto, que história é essa do vizinho que colocou um dos quartos do apê dele pra alugar, enfim. Mas, apesar disso tudo ser muito louco e novo pra nós, tem alguns lugares pelo Mundo que estão em um outro nível de colaboração.

Tem alguns lugares que são e foram muito importantes por aí nesse mundão a fora pra que a Economia Colaborativa pudesse nascer, prosperar e mostrar seu potencial.

São Francisco, EUA.

Colada ao Vale do Silício, respirando tecnologia e inovação, São Francisco foi, e para muitos ainda é, o berço da Economia Colaborativa.

Foi do cotidiano de jovens descolados que pensavam diferente do convencional que surgiram algumas das mais brilhantes ideias de empresas.

Por exemplo o AirBnb (maior site de aluguel de acomodações, casas e apartamentos do Mundo) surgiu de alguns jovens que moravam sozinhos e precisavam de uma grana extra para bancar as contas. Então eles resolveram alugar os sofás da casa para quem estivesse precisando de um lugar para dormir na cidade.

Esse é só um exemplo. Assim como eles, várias outras práticas comuns do dia-a-dia dessa galera de São Francisco foram se adaptando e virando algumas das empresas que usamos ou vemos por aí hoje em dia. O que fez a cidade ganhar a fama que tem, merecidamente.

Barcelona, Espanha.

Volta e meia vemos iniciativas de alguns governos para alavancar e incentivar a Economia Colaborativa. Programas de investimentos em ideias, fomentação de debates sobre o assunto e outras coisas. Porém, em Barcelona, a prefeitura resolveu criar um modelo colaborativo próprio, o Banco de Tempo.

O que é esse banco? Bom, o pessoal de lá resolveu abrir mão da moeda de troca mais comum do mundo: o dinheiro. Como eles fizeram isso? Trocando conhecimento e experiência.

Funciona assim, alguém que entende de algo como falar outra língua, cozinhar algum prato especial, ou qualquer tipo de conhecimento, passa esses ensinamentos pra frente e em troca acumula horas no Banco de Tempo, e quando essa pessoa quiser aprender algo, usa essa moeda. Ou seja, você ensina para os outros o que sabe para poder aprender de alguém o que ainda não sabe.

O modelo, que foi uma iniciativa da prefeitura de Barcelona, teve tanto sucesso, que se espalhou por toda a Espanha.

Seul, Coréia do Sul.

São Francisco é o berço. Barcelona é um exemplo. Mas, Seul atingiu um nível de colaboração que vai além do que muitos conseguiriam imaginar. A cidade praticamente já incorporou o compartilhamento no seu estilo de vida e é hoje o mais próximo de uma sociedade modelo da Economia Colaborativa.

Começando com mobilidade urbana, a prefeitura de Seul disponibilizou para aluguel, em vários pontos da cidade, 500 carros elétricos para a população poder se locomover pelo grande centro urbano. Em oito meses, já haviam 120 mil cadastrados no serviço.

Para otimizar os pontos de estacionamento da cidade, a prefeitura montou um programa para que as pessoas aluguem e compartilhem suas vagas no tempo que não vão usá-las. Assim tem espaço para todos pararem os carros aonde estiverem.

Para ajudar as pessoas e atender suas necessidades mais pontuais, andando pela rua mesmo você pode encontrar pontos de aluguel de coisas úteis para o dia-a-dia, como ferramentas, brinquedos e roupas. Se você tiver uma entrevista e emprego por exemplo, pode alugar um terno da prefeitura.

Além dessas iniciativas públicas, o governo ainda criou uma incubadora de negócios que começou a dar um selo de aprovação para empreendedores da Economia Colaborativa, assim como mentoria, investimento e todo suporte para que estas novas empresas prosperem.

O que tem rolado por aqui?

O aumento do desemprego aqui no Brasil tem feito as pessoas repensarem muito no que e como elas fazem o que sempre fizeram. Essa reflexão tem ajudado muito para que novas ideias surjam e, vivendo no cenário atual, as pessoas têm apostado mais nesses negócios.

Não à toa, uma pesquisa do Global Entrepreneurship Monitor (GEM) mostrou que o Brasil é um dos países com maior número crescente de empreendedores por ano. Muitos dos profissionais que estão desempregados começaram a apostar e acreditar que podem ter um negócio próprio e que ajude os outros.

Surgiram nos últimos anos várias empresas brasileiras (muitas delas são aplicativos) que mexem com nosso comportamento e a maneira como estamos acostumados a fazer as coisas. Por exemplo:

A Vandall, que deixa você criar sua lojinha de camisetas com estampas próprias e vendê-las pra quem se interessar.

O Cinese, que organiza encontros entre pessoas que curtem um hobbie, querem aprender algo ou querem discutir sobre um tema.

O ClapMe, site de streaming de shows online onde qualquer pessoa que queira fazer música pode se apresentar para quem quiser assistí-lo e levantar uma graninha de quem colaborar.

Enfim, empresas que dão mais poder às pessoas e permitem que elas façam coisas que antes não tinham como/onde fazer.

Vendo esse crescimento, o governo também não ficou parado. Por enquanto, surgiu um programa de incentivo a estes tipos de negócios, o Startup Brasil. Todas as pequenas empresas com ideias inovadoras podem se inscrever e, caso sejam escolhidas, elas recebem um pacote de benefícios como estrutura, mentoria, cursos especializados em áreas de interesse das empresas, além de investimento financeiro para ajudar o negócio a crescer mais rápido.

Olhos no futuro.

Ainda que longe de exemplos como Barcelona, São Francisco e Seul, a Economia Colaborativa tem encontrado aqui no Brasil um campo aberto para crescer e se desenvolver. Aos poucos as pessoas estão percebendo que, no fundo, quem mais ganha com a ideia de dividir as coisas e colaborar mais com os outros somos nós mesmos.

Então, temos que dar um voto de confiança para esses negócios novos que aparecem no nosso cotidiano. Vamos experimentá-los, testá-los, nos deixar surpreender com novas possibilidades de fazer o que já fazemos de jeitos diferentes.

E claro, estejamos atentos pros problemas da rotina, pros costumes e pros nossos hábitos, porque a qualquer hora podemos achar uma ideia de fazer algo de um jeito mais legal. E aí porque não compartilhar?

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