Diversidade x Desigualdade salarial entre homens e mulheres

Carolina Gonzalez
Laboratoria
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4 min readMar 28, 2019

Por Carolina Gonzalez, egressa Laboratória 2018
Revisão por Fernanda Salatini e Maitê Borges.

Na semana que vem, em 30/03, participarei de um hackathon da Laboratória que celebrará o marco de 1 mil mulheres capacitadas como desenvolvedoras front-end e UX Designers em toda a América Latina! O evento acontecerá simultaneamente em quatro sedes da Laboratória e tema não poderia ser outro: “Hackeando a desigualdade”.
Com a aproximação do evento e as diversas discussões que temos acompanhado pelas redes e meios de comunicação em função das comemorações do Dia Internacional da Mulher, decidi trazer alguns dados para, quem sabe, contribuir um pouco mais com o debate.

A Organização Internacional do Trabalho — OIT, lançou no final de 2018 o relatório Global Wage Report 2018/19, segundo o qual a disparidade salarial entre gêneros é um dos destaques.

O relatório mostra que, mesmo as mulheres sendo em muitos casos melhor qualificadas, em média, ganham 20% menos que seus colegas homens quando ocupam uma mesma função. Em empresas e cargos com predominância do gênero feminino, os salários tendem a ser menores, inclusive para homens.

A OIT disponibilizou um gráfico dinâmico no qual é possível comparar as médias de países e regiões. Dê uma olhada e faça as comparações que preferir! A imagem abaixo mostra que no Brasil o salário de um homem é , em média, 26% maior do que o de uma mulher.

Fonte: OIT, 2018.

Dentre os 70 países que participaram, o Brasil fica atrás apenas do Paquistão (36%) e da África do Sul (28%). Dos 20 países latino-americanos, apenas 11 foram contemplados pelo relatório. Essa é a comparação do Brasil com os seus pares regionais:

Fonte: Adaptado do Global Wage Report 2018/19.

É interessante observar que os dois países com os menores índices de diferença salarial possuem economias com pouca relevância para região.

Quanto será que as principais economias da América Latina deixam de ganhar em função da desigualdade salarial entre gêneros?

A pesquisa Delivering Through Diversity (2018) encomendada McKinsey, mostra que já há alguns anos a diversidade de gênero, étnica e cultural está correlacionada ao desempenho financeiro das empresas. Com apenas a diversidade de gênero nas equipes executivas as empresas estão 17% mais propensas a ter maior lucratividade (dois pontos percentuais a mais considerando a pesquisa de 2015). Quando falamos de diversidade étnica e cultural o número sobe para 33%.

A realidade é que a diversidade não é apenas uma vantagem competitiva para quem a escolhe, mas também uma penalidade para quem a rejeita: a probabilidade de obter um menor desempenho financeiro por não ter equipes diversas é de 29%!

Diante dessa realidade o mercado tem se movimentado, mas não na velocidade em que gostaríamos de vê-lo se movimentar:

“[…] o progresso nas iniciativas de diversificação tem sido lento. E as empresas ainda estão incertas sobre como podem usar com mais eficiência a diversidade e a inclusão para apoiar seus objetivos de crescimento e criação de valor.” Delivering through diversity, 2018.

Por fim, deixo o seguinte questionamento: considerando que empresas mais diversificadas são melhores em manter a satisfação dos funcionários, em aperfeiçoar a orientação ao cliente, e também na tomada de decisões, além de serem mais capazes de atrair melhores talentos e propensas a maior lucratividade, porque ainda temos uma desigualdade salarial entre gêneros de 26%?

Esse índice é maior maior que o de nossos vizinhos. Maior que a média mundial. Não estamos nadando contra a corrente?

A maratona “Hackeando a Desigualdade” acontece no dia 30 de Março, nas sedes da Laboratória em São Paulo, Santiago do Chile, Lima e Cidade do México. Quase 400 mulheres já formadas pela Laboratória participarão do evento co-criando soluções que tratem dos desafios que tangem a vida da mulher moderna: a existência de estereótipos que rotulam e limitam a ambição feminina; as dificuldades de garantir às mulheres uma vida livre de violência; a inclusão econômica de mulheres no mercado de trabalho, buscando a igualdade salarial e a representatividade feminina nos espaços de liderança.

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Carolina Gonzalez
Laboratoria

Guria de riso fácil, Desenvolvedora Front-end, Gestora Ambiental e apaixonada pela vida!