Rumo a 2030: por mais diversidade de gênero na tecnologia

Regina Acher
Laboratoria
Published in
4 min readMar 8, 2018

Laboratória participa do evento da ONU Mulheres em São Paulo “Por um Planeta 50–50 em 2030: Mais Mulheres e Meninas na Ciência & Tecnologia”

Hoje no dia internacional das mulheres, queria compartilhar a experiência que tivemos de participar do evento da ONU Mulheres, UNESCO e Serasa em homenagem ao marco do dia international das Mulheres e Meninas na Ciência & Tecnologia, celebrado em 11 de fevereiro.

Não tinha ocasião melhor para a estreia da Laboratória Brasil em eventos. Estávamos ao lado de mulheres e homens inspiradores e altamente engajados na batalha pela equidade de gênero na tecnologia.

O desafio é enorme. Vimos que mesmo entre grandes empresas, conscientes da importância de uma maior representatividade feminina nas áreas de tecnologia, a equidade ainda é uma realidade distante. Na Serasa Experian, por exemplo, as mulheres compõe 48% do quadro de funcionários, mas em TI elas são apenas 23% da equipe.

Mas sabemos que essa baixa representatividade das mulheres na carreira tech é apenas um sintoma de um problema que tem raízes profundas na nossa educação e cultura. A Adriana Carvalho do ONU Mulheres, falou bastante sobre esteriótipos que impedem meninas e mulheres de se interessarem por tecnologia e sobre as mensagens sutis que todos os dias falam que pertencemos a outros lugares.

Esse viés cultural se reflete nos números. Segundo a Sociedade Brasileira de computação, apenas 15% das matrículas nos cursos de ciência da computação e de engenharia são de mulheres. Entre aquelas que trilham esse caminho a desistência é grande, 8 entre 10 mulheres em cursos de tecnologia saem no primeiro ano (dados PNAD). Como consequência, somente 17% dos programadores brasileiros são mulheres.

As dificuldades diárias e os preconceitos também impedem que, as persistiram e se formaram, sigam carreira na área. Segundo uma pesquisa da Harvard Business Review mencionada no evento, 41% das mulheres que atuam na área de tecnologia desistem de suas carreiras. Os dados apresentados pelo Alexandre Scaria da CA Tecnologies, são ainda mais impressionantes: 74% das mulheres que trabalham na área da tecnologia dizem que amam o que fazem, mas as barreiras e preconceitos fazem com que 56% delas abandonem suas carreiras em níveis médios.

Essas estatísticas ganharam vida nos relatos emocionantes de executivas de grandes empresas como a Flavia Silva da IBM, que contou os desafios de sua trajetória profissional de mais de 20 anos como uma mulher negra na tecnologia.

Apesar do cenário adverso, vivemos hoje um momento crucial para mudar essa realidade.

Essa foi a perspectiva que trouxemos. As palavras quentes do Fórum Econômico Mundial desse ano foram upskilling e reskilling. A tecnologia está impactando profundamente a forma como nos relacionamos com o trabalho. Com a automação muitas funções deixarão de existir, e entre os que serão mais impactados estão as mulheres e pessoas de baixa renda. Segundo dados do Fórum Econômico Mundial, entre 2015–2020, para cada emprego gerado, as mulheres perderão 5. E o estudo lançado no Fórum desse ano, mostra que as mulheres ocupam 57% dos empregos que serão eliminados até 2026 nos EUA. E que elas terão metade das opções de realocação que os homens. Ou seja, se as mulheres não forem capacitadas nas novas habilidades exigidas por este mercado, elas perderam empregabilidade e a desigualdade de gênero vai aumentar ainda mais.

Por outro lado, se elas forem treinadas terão 4 vezes mais opções de se alocarem em novas funções e 74% das mulheres que conseguirem mudar de área devem ganhar salários maiores, segundo os dados do mesmo estudo.

Diante desse cenário, nos encontramos em um momento-chave na história da vida das mulheres. Se elas forem preparadas para essa transição, temos uma real possibilidade de estreitar o gap de gêneros. Mas se deixarmos essa oportunidade passar, a desigualdade deve aumentar ainda mais.

Como bem disse a Adriana Carvalho da ONU Mulheres:

“Estamos no meio de uma grande transformação no mundo de negócios e da tecnologia. Isso é um desafio, mas também uma janela de oportunidade. Se a gente precisa se reinventar para esse novo mundo, vamos nos reinventar corretamente”.

É para ajudar as mulheres a se reinventarem e fazerem parte dessa revolução tecnológica que a Laboratória existe. A cada menina que se inscreve em nosso curso e começa a sonhar com uma carreira em tecnologia, quebramos preconceitos e estereótipos. A cada programadora que se forma, transformamos a vida dessa mulher, de sua família e de sua comunidade. A cada aluna que se insere no mercado de trabalho, tornamos a indústria de tecnologia mais diversa, humana e igualitária. A cada turma de graduadas, nos aproximamos de um planeta 50–50.

Rumo a 2030. O caminho é longo, mas estamos na direção certa.

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