Aprendizados sobre Liderança Feminina (parte 1)

Resumão das primeiras 5 aulas do Bootcamp da WoMarkersCode

Mayara Pillegi
Ladies That UX PT
9 min readDec 15, 2020

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Mãos femininas seguram uma caneca com os dizeres: Like a Boss (Como um chefe). Foto por Brooke Lark disponível no Unsplash.

O Bootcamp Liderança Feminina nasceu da parceria entre WoMakersCode e Microsoft. Foi ao ar de 26 de outubro a 18 de novembro de 2020, organizado em 12 aulas on-line com transmissão ao vivo.

Segundo o Global Gender Gap Report, do World Economic Forum, levaremos 100 anos para alcançar a igualdade salarial entre os gêneros. Um reflexo disso é que, na área de tecnologia, mulheres ocupam 20% das posições de trabalho no Brasil.

A WoMakersCode é uma comunidade de tecnologia, fundada em 2015, com a missão de fortalecer o protagonismo feminino na área, por meio do desenvolvimento profissional e econômico.

Quando falamos em protagonismo no ambiente do trabalho logo imaginamos uma pessoa com presença, muitas vezes alguém da liderança. Mas liderança não é um cargo, é uma postura, uma forma de agir.

“Você tem que saber o que acende a luz em você, para que, de sua própria maneira, possa iluminar o mundo”.
– Oprah Winfrey

Nesse Bootcamp, as palestrantes dividiram conosco suas histórias de vida e também ferramentas e conceitos que nos ajudarão a assumir o protagonismo em nossas vidas, por meio de habilidades técnicas e emocionais que potencializam nosso crescimento pessoal e profissional.

Design Thinking para a Felicidade

por Karen Cesar

Antes de explicar a aplicação do Design Thinking, Karen vai a fundo na investigação sobre felicidade. Fala da Psicologia Positiva, da Ciência do Trabalho, traz a visão de pensadores e estudiosos de diversas épocas e como seus conceitos se aplicam no nosso contexto atual. Muitas das reflexões extrapolam o ambiente de trabalho e se refletem em nossas vidas pessoais, evidenciando que não há divisão entre esses dois mundos.

Da Univesidade de Berkeley, ela traz a definição PERK para a felicidade no trabalho: Propósito, Engajamento, Resiliência e Kindness (Bondade e Compaixão), enfatizando o papel da confiança e da transparência na construção de um ambiente sadio. Karen também fala da importância de uma liderança positiva, em que o líder atua como um facilitador de desempenho, ajudando a manter o time engajado, e da agilidade de aprendizado, uma facilidade de adaptação a cenários variáveis.

Do livro "The How of Happiness", ela comenta sobre 3 fatores determinantes da felicidade: genética, circunstâncias e ações intencionais. Enfatizando as ações intencionais, que é onde podemos ser agentes de mudança, Karen incentiva atividades e padrões de comportamento que ajudam nosso corpo a liberar substâncias ligadas ao bem-estar e felicidade, reduzindo o nível de estresse.

A partir dessa contextualização sobre as ações intencionais, insere-se o Design Thinking como ferramenta para construção de soluções que podem nos levar à felicidade, trazendo a seguinte reflexão:

"Pense na vida como um protótipo. Nós podemos conduzir experimentos, fazer descobertas e mudar nossas perspectivas."
– Tim Brown, CEO da IDEO

Modelo de Design Thinking em 5 passos, da d.school.

Karen usa o modelo de Design Thinking da Escola de Design de Stanford, que se dá em 5 passos. Apresenta como aplicar as ferramentas Ikigai e Círculo dourado, combinando forças pessoais com o ambiente de trabalho, e Mapa de valor e Mapa de empatia, pra gerar uma Proposta de valor. A partir daí, parte-se para a ideação. Colocar as ideias em prática e validar com as pessoas mais próximas serão as fases de prototipação e teste, nas quais usa-se a Matriz de feedback para colher as percepções dos envolvidos. Por fim, revisita-se esse processo de tempos em tempos a fim de buscar melhorias contínuas. E para condensar a evolução do processo, sugere-se o Design Thinking Canvas e o Elevator Pitch.

Ao final da palestra, Karen ainda elenca algumas dicas científicas práticas de hábitos e atitudes que podem nos fazer mais felizes.

Soft Skills: 5 Principais Habilidades para Impulsionar sua Carreira

por Daniela Vitaliano e Daniela Sicoli

As palestrantes introduzem o assunto com uma ilustração que representa habilidades que formam uma carreira de sucesso: soft skills, capacidade técnica e trabalho duro.

Vitaliano fala sobre a importância da presença, quase mesclando-ao conceito de liderança, já nomeando aqui 2 soft skills. Presença dá-se tanto no sentido de postura (corporal e de fala) como no sentido de estar presente, vivenciar o momento prestando atenção aos detalhes (princípio do mindfulness). É também sobre como interagimos com as pessoas, abraçando nossas características próprias para nos apresentar ao mundo com autenticidade.

Sicoli traz, então, três características de um bom líder na visão da Microsoft:
• Dar clareza: definir um curso de ação, mantendo o alinhamento e a objetividade das decisões entre todos os envolvidos;
• Gerar energia: desenvolver times fortes, inspirando positividade e um ambiente em que todos buscam se superar continuamente;
• Entregar resultados: ser persistente em alcançar resultados, promovendo inovação e sem se deixar abater co obstáculos.

A terceira soft skill apresentada é a inteligência emocional, abordando os 5 pilares definidos por Daniel Goleman: autoconsciência, autorregulação, automotivação, empatia e consciência social. Enfatiza-se a necessidade de buscar o equilíbrio entre vida profissional e pessoal, cuidando da saúde mental.

A quarta soft skill é o networking, elevada à ciência, na visão referenciada de Brian Uzzi. Não pode ser vista limitado a redes sociais, mas sim como redes de contato formais e informais que podem ser criadas em todos os ambientes que frequentamos. O professor fala também sobre a importância de mulheres terem uma rede fortalecida com outras mulheres, favorecendo o surgimento de oportunidades e o encorajamento.

Matriz Swot aplicada ao desenvolvimento pessoal. Imagem por Lead Empresarial.

A quinta soft skill é o coaching, visto aqui como a habilidade de buscar e evoluir a própria jornada. É um processo individual, mas que pode ser suportado por uma outra pessoa, no qual as regras são definidas pelo próprio coachee (pessoa que está passando pelo processo de coaching). Com base no autoconhecimento, é preciso ter clareza das características que quer desenvolver, e com a ajuda do coach aplicam-se as ferramentas e técnicas necessárias para desenvolvê-las.

Por fim, as palestrantes propõem um exercício reflexivo de 4 passos:
• Pedir feedback para pessoas-chaves;
• Reconhecer padrões nos feedbacks;
• Construir autorretrato, definindo seus pontos fortes e o que te impede de aprimorar-se;
• Redefinir seu job description pessoal, levantando como é possível evoluir e o que é preciso mudar.

O Novo Mundo de Trabalho e Work Life Balance

por Mariana Hatsumura e Cristina Ussami

Mariana contextualiza as mudanças no ambiente de trabalho devido à pandemia. Ela atua numa área da Microsoft focada em produtos de colaboração e produtividade e traz dados de pesquisas que a empresa realizou pelo mundo durante os últimos meses. Seguem algumas constatações levantadas:

  • Reuniões digitais permitem participar da vida privada dos colegas, o que gera mais empatia;
  • As reuniões também dão mais igualdade de voz entre os participantes;
  • Aumento da busca pelo equilíbrio entre trabalho e vida pessoal;
  • Fazer trabalho colaborativo online é mais desafiador, o que gera estresse. E quando voltarmos para o escritório, vai ser necessário passar por uma nova adaptação, o que também vai gerar estresse;
  • Reuniões por vídeo geram fadiga mental a partir de 20 minutos. Depois de 2h de reunião, o cérebro já atinge indicativos de estresse;
  • Aumento das atividades de trabalho das 7h às 9h e se estendendo pela noite e também no final de semana;
  • O Brasil foi um dos países com mais casos de burnout, mas não é o pais que teve maior número de horas trabalhadas.

Apostas para o futuro do trabalho:

  • Será hídrido: vai mesclar home office e trabalho presencial;
  • Escritório será remodelado, proporcionando novas formas de interagir com o espaço (ambientes colaborativos, ambientes silenciosos etc).
Mesa de trabalho misturando pertences da vida pessoal e profissional. Foto por Ella Jardim disponível no Unsplash.

Para garantir nossa qualidade de vida, Cristina apresenta o conceito de work life balance, entendido como distribuir nossos principais recursos (tempo, capacidade cognitiva e capacidade de trabalho) entre as principais coisas de nossas vidas: emprego, família e amigos e nós mesmas.

E para alcançar essa qualidade de vida, Mariana e Cristina dão algumas dicas:

  • Fazer reuniões de 45 minutos para ter um intervalo entre uma e outra;
  • Definir o horário para parar de trabalhar e mudar de atividade para que haja uma quebra de ritmo, desconectar-se;
  • Ter um momento dedicado a jogar conversa fora;
  • Bloquear horários na agenda para ter tempo de fazer atividades concentradas e se planejar;
  • Entender quais são nossas necessidades, priorizar o que é importante para nós e respeitar limites pessoais;
  • Concentrar-se no que pode ser controlado por nós mesmas, não se estressar com coisas que estão fora do nosso controle.

Mindfulness como Estratégia de Carreira

por Thais Requito

Thais contextualiza que estamos no mundo VUCA, no qual habilidades comportamentais são valorizadas e vistas como prioridade, mas também são transferíveis. Então, mesmo que a gente mude de carreira, levamos essa bagagem conosco, o que facilita o processo de adaptação em novas situações.

O primeiro passo para desenvolvermos as habilidades "do futuro" é sairmos do piloto automático na forma de interagir com o mundo, tomando consciência das nossas ações, estando presente a cada momento. Isso é o mindfulness.

Placa em neon com os dizeres You are here (Você está aqui). Foto por Aleks Marinkovic disponível no Unsplash.

Dessa forma, passamos a perceber como surgem nossas emoções e nos tornamos capazes de acolhê-las para, então, tomar decisões melhores. É um ciclo que conecta intenção, atenção e atitude. Como consequência, desenvolveremos inteligência emocional, bem-estar, felicidade, empatia e conexão com outras pessoas.

Esse processo se dá por meio da meditação e também de práticas que aplicamos às nossas atividades diárias. Os pontos principais que precisamos cultivar são a curiosidade e a gentileza, para conosco e com as outras pessoas. Quanto mais nos compreendemos e nos aceitamos, mais aptos nos tornamos a lidar com situações difíceis e a nos relacionar com outras pessoas.

É preciso também um pouco de paciência, porque a prática de atenção plena, o mindfulness, é como um músculo. Para evoluir, é necessário persistência, recorrência e tempo de descanso. E para experimentar um pouco desses benefícios, Thais encerra o conteúdo com uma meditação guiada.

"Esperar a felicidade restringe o potencial do cérebro para o sucesso, ao passo que cultivar positividade estimula a nossa motivação, eficiência, resiliência, criatividade e produtividade, o que, por sua vez, melhora o desempenho."
– Shaw Achor, no livro O Jeito Harvard de Ser Feliz

Protagonismo e Planejamento de Carreira

por Marissol Alves

Protagonismo é sobre tomar pra si a responsabilidade do rumo que as nossas vidas levam. É entender que o tempo todo estamos fazendo escolhas, mesmo quando a escolha é não fazer nada e deixar a vida nos levar. Então, Marissol usa a teoria da Jornada do Herói para ilustrar como podemos contornar situações difíceis e nos direcionar para o caminho que queremos, reforçando que mesmo os fatores que não controlamos podem ser usados para a nossa evolução, podem ser gatilhos de transformação.

Diagrama da Jornada do Herói de 12 passos em 3 atos, por Leelah.

Essa é uma visão que devemos adotar para nossas vidas como um todo. No âmbito profissional, especificamente, ela deve nos ajudar a traçar nosso plano de carreira. Antigamente, o plano de carreira dependia da empresa em que trabalhávamos, mas hoje essa ferramenta deve extrapolar um local de trabalho e ser aplicada como um motivador da nossa evolução profissional.

Precisamos entender quem somos, nossas preferências e qualidades, para determinar aonde queremos chegar e, com isso, guiar nossa carreira, adaptando-nos às mudanças do mercado e mantendo o controle sobre a nossa jornada.

Para isso, autoconhecimento é imprescindível, mas também é necessário estudar nossas áreas de atuação e ter contato com outras pessoas, a fim de aumentar nosso repertório e conhecer novas possibilidades. Aumentando nosso nível de consciência, estaremos mais preparadas para passar por fases de transição de carreira e encontrar motivação, mesmo quando estivermos fazendo atividades de que não gostamos.

Qual dos assuntos mais chamou sua atenção?

Gostou da leitura? Se quiser continuar explorando o assunto, o resumo das últimas 7 aulas já está disponível aqui.

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Mayara Pillegi
Ladies That UX PT

UX Lead, apaixonada pelo potencial das palavras e eterna estudante de comunicação e empatia.