Carreira em UX: O Caminho das Pedras

Recentemente resolvi participar de grupos de Whatsapp. Confesso que fui a eles movida pela curiosidade de pesquisadora. Meu objetivo era entender as angústias de quem está migrando para esse mercado. Queria me aproximar das pessoas sem interferir. Sim, fui fazer etnografia, pois as pessoas que eu hoje estou fazendo mentoria vem a mim com as mesmas angústias, mas nunca discutimos o mercado e suas mazelas. Tudo é sempre muito individual e pessoal. Aí, lá fui eu em busca de observar, depois perguntar e em seguida pensar o que eu poderia contribuir.

O que eu observei: muitos daqueles que migram, o fazem com uma coragem imensa! Sem recursos financeiros, muitos sem ajuda de ninguém, lançam-se em uma aventura: adquirir novas competências e conseguir uma chance. Uns buscam UX, outros programação, mas todos buscam uma chance. Vão aos blogs, aos cursos gratuitos, poucos tem a chance de fazer cursos que os preparem de ponta a ponta. Parte deste contingente de migrantes, portanto, não tem a ideia do todo e o único que desejam é a tal da chance.

Para quem acabou de migrar, o pior pesadelo é acabar um curso, qualquer curso, gratuito ou pago, curto ou longo, colocar nele todas as esperanças e não ter a primeira oportunidade de trabalho. Outros, quando por sorte conseguem essa oportunidade, não têm a postura correta, adulta e profissional desejada, e queimam pontes, criam reputação ruim, e ajudam os que contratam a confirmar o acham dessa geração: pessoas sem compromisso, sem respeito à hierarquia e sem resiliência.

Poderia ficar aqui discutindo as razões para esse grupo de pessoas agir dessa forma, mas eu não vou discutir isso. Vou oferecer o melhor que tenho a oferecer para vocês, que são meus anos de experiência e vou confessar uma coisa: eu era igualzinha a vocês! Não, eu não tinha grana para estudar. Não, eu não tinha respeito por hierarquias! Não, eu não sabia quem eu era e me achava perdida. Tinha medo de tomar decisões erradas, tinha medo de não saber me virar, pagar minhas contas. Mas eu me tornei mãe e, por amor a essa pessoa eu virei gente grande! Tinha que parar de me lamentar e tratar de pensar, planejar e executar.

Passei, de uma hora para a outra a planejar cada passo, a ter ambição desmedida por dentro e na medida por fora. Consegui todas as bolsas de estudo que pude, fiz um plano e decidi ser a melhor profissional que eu conseguisse ser. Descobri o Dragão que existia em mim, essa força de transformação e sobrevivência que não aceita não como resposta, que não desiste, que não se acha vítima de nada, que aprende a cada erro.

Eu chorei muito a cada porrada e cada cara na lona, cada assédio, bullying e injustiça. Mas se eu tenho que dizer algo a você, que está começando, direi:

1) Tenha um sonho e não desista dele.

2) Descubra o que te apaixona e o que você faria mesmo se não te pagassem (mas sempre cobre caro, viu?) e trabalhe duramente, todos os dias com o único propósito de ser o/a melhor profissional da área.

3) Tenha amigos de verdade, aqueles que dariam um rim por você, mas que são capazes de te dizer quando você tiver errado/errada.

4) Defina as empresas nas quais você quer trabalhar e não aceite trabalhar na primeira coisa que aparecer. São suas horas de vida que vão ser dedicadas a essa empresa.

5) Procure uma pessoa para ser seu mentor: chefe, amigo ou professor!!

6) Nunca aceite fazer um trabalho diferente daquele para o qual você foi contratado sem negociar os termos de promoção. Claro que nem todas as empresas vão aceitar você indo lá negociar, mas é um risco válido. Você aprende a se defender, a ter voz e a falar com seus superiores. Caso você ache que as chances de promoção são pequenas, procure outro lugar para trabalhar. Há lugares que só existem para nos ensinar a nos defender.

7) E não tenha medo, ou melhor, tenha medo (até chore) ,mas siga em frente, porque vai sim dar tudo certo! #vailáefaz #uxchange

Se precisarem conversar, vocês me acham aqui:

Amyris Fernandez, Ph.D.

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