Imagem com o fundo de uma paisagem da Ribeira, ponto turístico muito famoso no Porto. Por cima da imagem da paisagem tem a logo da comunidade escrito: Ladies that UX Porto.

Mesa redonda Ladies that UX Porto

Dia Mundial da Usabilidade 2023

Lissa Dias Oliveira
Ladies That UX PT

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Oie, meu nome é Lissa Dias, e sou Product Designer. Sou do Rio de Janeiro, Brasil e atualmente moro no Porto, em Portugal.
Sou formada em Análise e Desenvolvimento de Sistemas e tenho 10 anos de experiência na área gráfica.

Comecei muitos anos atrás com o design, cursei Pedagogia e segui gerindo as duas carreiras ao mesmo tempo. Em 2020, iniciei a falculdade na área de TI (Tecnologia da Informação) mas tive receio, não queria abandonar de vez o design, eu sempre gostei dessa área, foi então que ao longo da faculdade, tive disciplinas sobre design e descobri o UX. Nesse momento entendi que o que eu queria, aproveitaria meu conhecimento de código mas sem abandonar o design e foquei nessa área.

Recebi o honroso convite para participar de uma mesa redonda com as Ladies (Ladies that UX — Porto) e juntamente com Ana Paula Faria, tivemos o prazer de comemorar o Dia Mundial da Usabilidade. Fiquei extremamente feliz e aceitei o convite, é claro. O tema da mesa redonda foi:

“Usabilidade no Mundo Real e a Implementação de Boas Práticas no Mercado de Trabalho”.

imagem de divulgação da mesa redonda nas redes sociais

Tivemos algumas perguntas enviadas pelas queridas que fazem parte da comunidade, o que guiou a nossa conversa e pudemos compartilhar nosso conhecimento e opinião sobre os seguintes tópicos:

- O que são as boas práticas de usabilidade e qual a sua importância?

Boas práticas de usabilidade são diretrizes, princípios e técnicas que os designers seguem para criar produtos ou serviços que sejam eficientes e agradáveis de usar.
A usabilidade é essencial pra melhorar a experiência do usuário; reduzir erros, reduzir retrabalho, pra garantir acessibilidade e inclusão, reduzir custos, pra garantir conformidade… a usabilidade é o cerno do nosso trabalho.

- Existem diversos meios de avaliar a usabilidade de um produto. Quais técnicas para avaliar a usabilidade de um produto/serviço vocês usam ou já usaram no dia a dia?

Já utilizei:

  • Entrevistas com usuários;
  • Questionários;
  • Avaliação Heurística;
  • Testes de Usabilidade;
  • Mapas de Calor;
  • Teste de validação;

O teste de validação em baixa fidelidade não é muito discutido, pelo menos não ouço falar muito sobre isso. Acho interessante ressaltar que não é necessário esperarmos até que o protótipo esteja concluído, o que pode demandar meses de trabalho. Podemos e devemos realizar testes antes desse estágio. Este teste foi conduzido de maneira analógica, utilizando wireframes de baixa fidelidade em papel.

Durante o processo, mostramos o papel aos participantes, fizemos perguntas e indagamos sobre onde eles clicariam para realizar determinadas tarefas, entre outros aspectos. Quanto mais cedo validarmos, melhor.

- A Análise Heurística é muito recorrente no campo teórico e no dia-a-dia de trabalho.Verdade ou mentira?

Verdade e Mentira!

Mentira que em todo trabalho você vai realizar análise heurística. Muitas empresas não valorizam essa etapa, não têm tempo para isso; é uma etapa interna da equipe de design, e aí sim ela é valorizada.

E sim, verdade! Em que momento é interessante fazer a análise heurística? Quando não há tempo para realizar testes, mas você precisa de uma argumentação, de um embasamento para suas decisões. A análise heurística ajuda muito aqui, pois você não deve seguir em frente baseado em achismo. De alguma forma, é preciso validar. Caso aleguem falta de tempo ou orçamento para testes, a análise heurística é perfeita nesse contexto.

Além disso, diariamente você utiliza as heurísticas de Nielsen em sua mente para argumentar em discussões. Quando decidem seguir um caminho e você concorda ou discorda porque segue ou fere tal heurística. É importantíssimo tê-las todas na ponta da língua. Sempre.

- Quando falamos de Testes de Usabilidade, quais são os erros mais comuns que os designers podem cometer ao aplicar testes de usabilidade?

Erros no Antes:

Esperar ter tudo perfeito para realizar o teste. Apenas nas condições ideais vou fazer o teste… o mundo não é um chocolate quente. Mesmo que não tenha tudo perfeito, faça; não perca oportunidades. Gosto muito da frase: “Antes feito do que perfeito, mas nunca de qualquer jeito”.

Erros Durante:

  • Não definir objetivos claros para o teste; é necessário chegar com uma lista de tarefas, tudo o que você precisa validar.
  • Influenciar os participantes com perguntas enviesadas.
  • Não gravar e documentar corretamente; você vai precisar consultar esse material depois, muitas vezes.
  • Recrutar participantes inadequados apenas por ter. Eles precisam ser pessoas que façam parte do seu público-alvo.

- Quais são os desafios que vocês enfrentam ao tentar implementar boas práticas de usabilidade? E o que fazem para mitigar?

Resistência:

É crucial ter na ponta da língua o argumento; é necessário pesquisar e estudar muito para embasar suas decisões, pois sempre haverá alguém para questionar. Às vezes, isso ocorre de forma saudável, como uma troca para aprendizado, e às vezes é porque a pessoa não concorda com você, então é preciso defender sua decisão.

Decisão Final:

A decisão final não cabe a você, designer. Ela é do Product Owner (PO) ou do Project Manager (PM), do gerente à frente do projeto. Você pode mostrar qual é a melhor opção, mas, no final, a decisão não é sua. Já vivi situações em que decidiram pela pior opção, e eu não pude fazer nada. Apenas registrei a recomendação da equipe de UX e a escolha feita pelo gerente, e segui em frente. Não adianta ficar preso nisso; você pode se frustrar, é chato, mas acontece. Faz parte.

Saber que:

Nem todo projeto seguirá todos os passos que aprendemos na teoria. Há projetos que podem pular do wireframe de baixa para o de alta, ou nem ter o de baixa; começam diretamente no de média. Nem sempre o PO fornecerá os casos de uso, critérios de sucesso, tudo detalhadamente. Você terá que correr atrás disso ou prosseguir sem essas informações devidamente documentadas

- Existe usabilidade sem acessibilidade?

Estamos falando sobre a vida real né?! Sim, existe, mas não deveria.

A usabilidade e a acessibilidade são conceitos inter-relacionados, mas têm focos distintos. Existe uma linha tênua entre elas.

Ambas concentram-se na qualidade. A usabilidade focaliza a eficiência, simplicidade e facilidade de uso, enquanto a acessibilidade direciona-se à facilidade de acesso, promovendo métodos para torná-lo mais acessível.

Um produto ou serviço não pode ser considerado verdadeiramente “usável” se não for acessível a todos os usuários.

A usabilidade é um componente fundamental da experiência do usuário. A acessibilidade, por sua vez, é um aspecto específico da usabilidade que se concentra na remoção de barreiras que possam impedir o acesso e uso por uma ampla variedade de pessoas, incluindo aquelas com deficiências.

Vou dar um exemplo real. Você já entrou num site que estava em inglês (por exemplo) e você não sabe inglês, pelo menos não a ponto de ler o site inteiro com tranquilidade; foi procurar a opção de alterar a língua e não tinha essa opção? Já viveu isso?
Já vivi essa situação algumas vezes, daí pensei, vou usar a extensão do navegador com o tradutor, muitas vezes funciona, mas já teve casos do site bloquear a extensão e não ser possível traduzir. E agora?
Agora que eu esbarrei numa barreira de acessibilidade e se você notar, em momento algum eu falei de deficiência.

A acessibilidade é uma parte essencial da usabilidade.
Ignorar a acessibilidade pode limitar o alcance de um produto e pode excluir por completo um público significativo.

Quer ver como foi a mesa redonda? A live ficou salva no Youtube

Imagem com fundo preto escrita: Ladies that UX. We love UX.
Ladies that UX — We love UX

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