O Uso dos Arquétipos no UX

Utilizando as figuras arquetípicas na construção da Brand Persona

Renata Ramos
Ladies That UX PT
3 min readSep 20, 2020

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Os arquétipos junguianos seguem uma das ferramentas possíveis de uso na estratégia de gestão de pontos de contato, personalidade ou posicionamento da marca, facilitando na construção da Brand Persona.

Segundo o psiquiatra suíço Carl Jung, arquétipos “ são formas ou imagens da natureza coletiva, que ocorrem em praticamente toda a Terra como componentes de mitos e, ao mesmo tempo, como produtos individuais de origem inconsciente ”. Por meio de símbolos e representações da psique, eles nos auxiliam a dar sentido a questões internas.

Em 2003, as pesquisadoras estadunidenses lançaram o livro “ O herói e o fora-da-lei ” (Editora Cultrix), responsável pela popularização do conceito de arquétipos no mundo dos negócios. Nele, elas apresentam a Mandala dos Arquétipos, na qual dividem 12 figuras arquetípicas em dois eixos que se opõem e representam os anseios humanos: Pertença Grupo versus Independência/Autorrealização e Estabilidade/Controle versus Risco/Mestria.

No eixo Independência/ Autorrealização, temos os arquétipos do Inocente, do Explorador e do Sábio. Eles representam o anseio pelo paraíso, que é explicado por alguns psicólogos como o desejo de experimentar outra vez a segurança do útero materno.

O Inocente pode ser representado pela criança adorável, assombrada diante da beleza de todas as coisas e que busca a realização no aqui e agora.

O Explorador , por sua vez, é inquieto e insatisfeito, está sempre procurando algo melhor e colocando o pé na estrada para alcançar sua autorrealização.

Já o Sábio gosta de ter todas as informações relevantes para tomar decisões e acredita que a realização pessoal é o fruto do aprendizado.

No eixo Mestria/Risco, temos o Herói, o Fora-da-lei e o Mago. Eles representam aqueles que deixam sua marca no mundo; são os corajosos protagonistas que correm riscos para mudar sua própria realidade.

Essas figuras arquetípicas ajudam a desenvolver a qualidade de mestria para que a mudança necessária seja feita ser feita. Para isso, levantam uma questão motivadora: será que eu também poderia fazer isso? O Herói, o Fora-da-lei e o Mago se rebelam contra alguma realidade repressiva ou prejudicial.

O Herói idade correndo riscos pessoais para derrotar o mal, enquanto o Fora-da-lei idade violando normais e regras culturais em nome do bem comum. O Mago , por sua vez, age como um catalisador que transforma a sociedade.

Os arquétipos do eixo Pertença/Grupo são: o Cara Comum, o Amante e o Bobo da Corte. Eles podem ser resumidos na seguinte frase: “ninguém é uma ilha”. Afinal, o desejo de fazer parte de um grupo é inerente ao ser humano desde o início dos tempos.

As perguntas que norteiam essas figuras arquetípicas são: “Eu sou agradável? Atraente? Engraçado? Será que vão me aceitar? É possível fazer parte do grupo e continuar a ser eu mesmo? Como encontrar o amor verdadeiro? ”.

O Cara Comum representa os comportamentos que possibilitam nossa adequação a determinado grupo e a capacidade de enxergar o valor de todas as pessoas.

Já o Amante permite que nos tornemos atraentes e tenhamos aptidões para desenvolver uma intimidade emocional e sexual.

O Bobo da Corte nos ensina a viver de forma leve, no momento presente e a usar a interação com outras pessoas sem nos preocupar com o que eles podem pensar.

Por último, temos os arquétipos que fazem parte do eixo Estabilidade/Controle: o Prestativo , o Criador e o Governante. Estes são os modelos arquetípicos que dão estrutura ao mundo, atendendo aos desejos de ordem e segurança.

O Prestativo está totalmente consciente da vulnerabilidade humana e, por isso, é altruísta, preocupando-se mais em resolver os problemas alheios do que com seus próprios dilemas.

O Criador tem um perfil mais artístico e exerce seu controle ao dar vida à sua arte, momento no qual ele também oferece grande beleza ao mundo.

Para finalizar, temos a figura do Governante: aquele que assume o controle das situações, principalmente quando o caos ameaça imperar, porque sua responsabilidade é tornar a vida o mais estável e previsível possível.

Vale ressaltar que os arquétipos representam uma das possibilidades a serem utilizadas não somente na construção da Brand Persona, mas também na definição do quadro de tom e voz que a marca deseja adotar, sendo assim um aliado essencial para o trabalho do UX Writer.

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Renata Ramos
Ladies That UX PT

Escritora desde a primeira infância. UX Writer em construção.