O Uso dos Arquétipos no UX
Utilizando as figuras arquetípicas na construção da Brand Persona
Os arquétipos junguianos seguem uma das ferramentas possíveis de uso na estratégia de gestão de pontos de contato, personalidade ou posicionamento da marca, facilitando na construção da Brand Persona.
Segundo o psiquiatra suíço Carl Jung, arquétipos “ são formas ou imagens da natureza coletiva, que ocorrem em praticamente toda a Terra como componentes de mitos e, ao mesmo tempo, como produtos individuais de origem inconsciente ”. Por meio de símbolos e representações da psique, eles nos auxiliam a dar sentido a questões internas.
Em 2003, as pesquisadoras estadunidenses lançaram o livro “ O herói e o fora-da-lei ” (Editora Cultrix), responsável pela popularização do conceito de arquétipos no mundo dos negócios. Nele, elas apresentam a Mandala dos Arquétipos, na qual dividem 12 figuras arquetípicas em dois eixos que se opõem e representam os anseios humanos: Pertença Grupo versus Independência/Autorrealização e Estabilidade/Controle versus Risco/Mestria.
No eixo Independência/ Autorrealização, temos os arquétipos do Inocente, do Explorador e do Sábio. Eles representam o anseio pelo paraíso, que é explicado por alguns psicólogos como o desejo de experimentar outra vez a segurança do útero materno.
O Inocente pode ser representado pela criança adorável, assombrada diante da beleza de todas as coisas e que busca a realização no aqui e agora.
O Explorador , por sua vez, é inquieto e insatisfeito, está sempre procurando algo melhor e colocando o pé na estrada para alcançar sua autorrealização.
Já o Sábio gosta de ter todas as informações relevantes para tomar decisões e acredita que a realização pessoal é o fruto do aprendizado.
No eixo Mestria/Risco, temos o Herói, o Fora-da-lei e o Mago. Eles representam aqueles que deixam sua marca no mundo; são os corajosos protagonistas que correm riscos para mudar sua própria realidade.
Essas figuras arquetípicas ajudam a desenvolver a qualidade de mestria para que a mudança necessária seja feita ser feita. Para isso, levantam uma questão motivadora: será que eu também poderia fazer isso? O Herói, o Fora-da-lei e o Mago se rebelam contra alguma realidade repressiva ou prejudicial.
O Herói idade correndo riscos pessoais para derrotar o mal, enquanto o Fora-da-lei idade violando normais e regras culturais em nome do bem comum. O Mago , por sua vez, age como um catalisador que transforma a sociedade.
Os arquétipos do eixo Pertença/Grupo são: o Cara Comum, o Amante e o Bobo da Corte. Eles podem ser resumidos na seguinte frase: “ninguém é uma ilha”. Afinal, o desejo de fazer parte de um grupo é inerente ao ser humano desde o início dos tempos.
As perguntas que norteiam essas figuras arquetípicas são: “Eu sou agradável? Atraente? Engraçado? Será que vão me aceitar? É possível fazer parte do grupo e continuar a ser eu mesmo? Como encontrar o amor verdadeiro? ”.
O Cara Comum representa os comportamentos que possibilitam nossa adequação a determinado grupo e a capacidade de enxergar o valor de todas as pessoas.
Já o Amante permite que nos tornemos atraentes e tenhamos aptidões para desenvolver uma intimidade emocional e sexual.
O Bobo da Corte nos ensina a viver de forma leve, no momento presente e a usar a interação com outras pessoas sem nos preocupar com o que eles podem pensar.
Por último, temos os arquétipos que fazem parte do eixo Estabilidade/Controle: o Prestativo , o Criador e o Governante. Estes são os modelos arquetípicos que dão estrutura ao mundo, atendendo aos desejos de ordem e segurança.
O Prestativo está totalmente consciente da vulnerabilidade humana e, por isso, é altruísta, preocupando-se mais em resolver os problemas alheios do que com seus próprios dilemas.
O Criador tem um perfil mais artístico e exerce seu controle ao dar vida à sua arte, momento no qual ele também oferece grande beleza ao mundo.
Para finalizar, temos a figura do Governante: aquele que assume o controle das situações, principalmente quando o caos ameaça imperar, porque sua responsabilidade é tornar a vida o mais estável e previsível possível.
Vale ressaltar que os arquétipos representam uma das possibilidades a serem utilizadas não somente na construção da Brand Persona, mas também na definição do quadro de tom e voz que a marca deseja adotar, sendo assim um aliado essencial para o trabalho do UX Writer.