Iris: um ícone fashion e a possibilidade de ser excêntrica a vida toda

#INDICOUMFILME

Às vezes a gente escolhe os filmes baseado nos nossos gostos pessoais, porque se identifica com o tema, com a história ou gosta de alguém do elenco. O filme dessa semana me chamou atenção por um motivo aleatório que de vez em quando pauta minha escolha: a imagem de divulgação. O fundo florido preto e branco dava destaque para o rosto de uma senhorinha magrinha rodeada de vermelho no turbante, no batom, no óculos e na roupa, que com um pouco de amarelo, combinavam perfeitamente com o copo do Piu-Piu que segurava. Pesquisando quem era essa excêntrica senhora, descobri que se tratava de Iris Apfel, um ícone da moda e do design de interiores, que foi uma das primeiras mulheres dos Estados Unidos a usar calça jeans e que, junto de seu marido Carl Apfel, atuou na decoração da Casa Branca ao longo do mandato de nove presidentes.

Iris Apfel

O filme Iris, dirigido pelo documentarista Albert Maysles lançado em 2014, faz parte do catálogo da Netflix e se propõe a acompanhar a agitada rotina de Iris em desfiles e exposições de moda, ensaios fotográficos, garimpos em lojas, workshops; a ouvi-la contar sobre as viagens que costumava fazer com seu marido por vários países atrás de tecidos e estampas, e como se tornou um destaque no seu trabalho; além de também mostrar sua casa, um lugar interessantíssimo com ares de museu extravagante por conta do excesso de objetos, roupas e acessórios de lugares, materiais e preços diferentes que retratam bem seu estilo exótico e sua personalidade vanguardista.

Um cantinho da casa de Iris

Não pense que por você não se importar com a moda ou não se identificar com o estilo de Iris esse não seja um filme para você. Iris Apfel é muito mais que um ícone fashion, ela representa uma possibilidade de velhice que escapa do estereótipo do idoso como um fardo, doente e senil. Aos 96 anos ela continua sendo uma mulher interessante e sagaz, que leva a vida com bom humor, mantém sua mente ativa, criativa e curiosa, e segue sendo relevante em seu trabalho ao falar de estilo muito mais do que de beleza, indo na contramão de uma indústria voraz que insiste em enquadrar as pessoas ao limitar o uso de certas roupas para certos tipos físicos. Iris, que não passa despercebida, usa sua voz para questionar o fast fashion, a padronização da moda como reflexo de uma juventude que apaga sua originalidade em busca da aceitação; e para mostrar às pessoas de todas as idades que para ter estilo é preciso se conhecer, e que antes de tudo devemos agradar a nós mesmas.

“Eu não tenho nenhuma regra porque eu as quebraria, então tê-las é só perda de tempo.”

Iris é um desses filmes que você assiste sorrindo, ao final você se sente mais leve, mais alegre e mais inspirada. É um prazer ver pessoas mais velhas aproveitando a vida. Assiste aqui o trailer (ativa a legenda em português) e depois me conta o que achou dessa musa:

Nos encontramos semana que vem.

Um beijo e um queijo.

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