Ideologias enquanto camadas

Pedro Maciel
Lado (B)lack
Published in
2 min readJan 13, 2017

Me desculpe o título audacioso. Isso aqui está longe de ser uma tese ou algo do tipo. Tá mais pra um comentário de portal (nem textão é), escrito as pressas porque eu preciso passear o cachorro.

Frequentemente vejo pessoas colocando em oposição pautas ideológicas que na verdade lutam pela mesma coisa, mas em esferas diferentes, camadas por assim dizer.

Um último exemplo foi a seguinte postagem que vi no Facebook:

Post no facebook escrito: “GENOCIDA: Porque a representatividade não é capaz de mudar estruturas, principalmente quando o discurso da representatividade é utilizado para reafirmar políticas genocidas e imperialistas. E é por isso que Obama ganhou o prêmio nobel, por ter batido o recorde de lançamento de bombas contra países não-alinhados à política externa estadunidense.”

Esse é só um exemplo. Já vi a mesma dinâmica acontecer em outros momentos. Com tantas lutas sociais acontecendo ao mesmo é fácil as coisas serem colocadas em oposição. Isso é absurdo, afinal de contas, ambas as forças apontam para a mesma direção.

Traduzindo o rabisco acima de forma simplista: eu quero igualdade social, de acesso, de oportunidade para todos os seres humanos. Mas enquanto isso não acontece, eu quero ver pretos ricos, famosos e em situação de poder e de influência.

As duas idéias coexistem perfeitamente na minha cabeça, sem conflito nenhum.

O Obama foi o primeiro presidente negro dos Estados Unidos e saiu com um saldo positivo na mentalidade geral. Isso pra nós negros enquanto coletividade é muito bom. Se cometeu atrocidades ou não, pelo menos não não conseguiu ser pior do que o Bush e outros, por exemplo.

Diferentemente do que aconteceu com o ex-prefeito Celso Pitta, que foi o segundo prefeito negro de São Paulo, que além de ter sido elevado ao cargo graças ao Maluf, teve seu mandato marcado por escandalos de corrupção. Em termos de representatividade, ele acabou sendo um desserviço.

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