Aladdin: o que esperar do novo live-action da Disney

Paula Lepinski
Lado M
Published in
5 min readMay 23, 2019

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Não ter expectativas — e receios — quanto à nova adaptação de Aladdin seria difícil. Enquanto crescia, assisti tantas vezes à animação de 1992 que minha fita VHS, ainda guardada como recordação, ficou desgastada e teve a capa arrebentada pelas minhas mãos e de meus irmãos. Mas qualquer expectativa que eu tivesse em relação ao live-action se diluiu ao longo dos meses por causa das críticas feitas antes mesmo do primeiro teaser ser liberado.

Primeiro, em relação à falta de ascendência árabe de alguns membros do elenco principal — Agrabah, apesar de ser um reino fictício, inspira-se nos países árabes, e representatividade em Hollywood importa mais do que nunca. Depois, a escolha de Will Smith como Gênio da lâmpada, com um humor muito diferente de Robin Williams, que deu voz ao Gênio em 1992. E, por fim, o anúncio de Guy Ritchie como diretor, mesmo sem ter um musical no currículo.

Com tudo isso em mente, sentei na sala de cinema um tanto apreensiva. Abaixo, sem spoilers, você confere um resumo do que esperar do live-action de Aladdin:

Will Smith se sai muito bem como Gênio

Will Smith interpreta o icônico Gênio da lâmpada na adaptação

Segundo Guy Ritchie, Will Smith foi escolhido para interpretar o Gênio da lâmpada por ser capaz de honrar a memória de Robin Williams sem copiá-lo. E ele estava certo.

Smith adiciona um toque humano e um humor especial ao personagem, sem forçar a barra para parecer com o Gênio de Williams. O resultado é extremamente positivo, e Smith convence ter sido a melhor escolha para o papel.

Fiel à história, mas sem medo de inovar

O novo Aladdin é muito semelhante à versão de 1992. Se você tiver a animação fresca na memória, vai perceber que algumas cenas mudaram de ordem, outras são mais curtas, enquanto outras, mais trabalhadas. Porém, as cenas mais emblemáticas estão lá, muito bem produzidas e dirigidas e com bons efeitos especiais.

Se você tinha receios quanto às cenas inéditas, fique tranquilo(a). Os 30 minutos adicionais do live-action ajudam a deixar o roteiro mais sólido e a dar maior credibilidade para a conexão entre os personagens, principalmente entre Aladdin, interpretado por Mena Massoud, e Jasmine, interpretada por Naomi Scotts.

Uma Jasmine mais forte e menos sexualizada

A atriz Naomi Scotts, conhecida pelo papel em Power Rangers, interpreta a princesa Jasmine

As fãs de Aladdin que se incomodam com a objetificação de Jasmine podem ficar tranquilas. A princesa é a personagem que mais sofreu interferência dos roteiristas (ainda bem).

O figurino dela, por exemplo, é o único que foi completamente repaginado, ganhando um toque de realeza e perdendo a carga sedutora. Além disso, a Jasmine da adaptação é, essencialmente, uma líder. Ela aprofunda a discussão sobre o que significa ser uma princesa — por que é tão diferente de ser um príncipe, afinal?

A trajetória dela ilustra bem os obstáculos enfrentados por mulheres que querem ocupar cargos de liderança exclusivamente masculinos e, com sorte, servirá de inspiração para as muitas meninas.

Trilha sonora novinha

Noites na Arábia, Um Mundo Ideal, Príncipe Ali e Amigo Insuperável aparecem no longa e são incríveis para os fãs cantarem junto. Mas, para “embelezar ainda mais” a nova versão, como disse Guy Ritchie, algumas músicas inéditas foram encomendadas.

Para criá-las, foram convidados Benj Pasek e Justin Paul, compositores de La La Land, e Alan Menken, que assina todas as canções originais da versão de 1992. Entre as novidades, Speechless é a mais marcante. A construção da cena em que Jasmine a canta é uma das mais bem produzidas do live-action, além de ser o ápice de empoderamento da personagem e de atuação de Scotts.

Menos Tapete-Abu-Iago e mais Gênio-Aladdin

O ator canadense Mena Massoud, que ficou com o papel principal, ao lado de Will Smith

Apesar de se manter fiel à magia mostrada na versão original, a adaptação deixa Abu e Iago mais próximos de serem animais comuns. Isso significa que o papel deles é reduzido, assim como o do Tapete Mágico. Fica nas mãos da dupla Gênio e Aladdin a maior parte da carga cômica, o que rende ótimas cenas inéditas, mas pode decepcionar os fãs. Você também pode esperar boas risadas de outra personagem: Dalia, a serva de Jasmine, e única personagem feminina além da princesa.

Parecidos, mas não iguais

No live-action, o Gênio é mais humano. Jasmine é menos sedutora. Aladdin é mais atrapalhado. Jafar é menos debochado. Iago é mais quieto. Abu é menos encrenqueiro. Sultão é mais maduro. Tapete é menos inteligente. Não importa o personagem, você vai notar diferenças óbvias na forma como ele é retratado na adaptação.

Em um primeiro momento, essas mudanças me impediram de aproveitar o filme. Apegada aos personagens originais, vi defeitos e mais defeitos no que cada ator trazia para a tela. Isso só passou quando uma das cenas inéditas me fez rir tanto que pensei “Isso é genial!”, e a barreira se dissolveu.

Isso não significa que gostei da atuação de todo o elenco. Para mim, Marwan Kenzari não foi a escolha certa para o papel de Jafar. O personagem, tão expressivo na animação, se tornou extremamente sem graça nas mãos do ator holandês. Mas a química entre os atores, as mudanças feitas pelo novo roteiro e o resultado final fazem do live-action mais um sucesso na lista da Disney.

Assista ao trailer de Aladdin

OBS: se você pretende assistir ao filme em versão dublada, prepare-se para uma dose extra de nostalgia, pois Márcio Simões, que emprestou a voz para o Gênio em 1992, vai dublar o personagem novamente!

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