As Nove Vidas de Rose Napolitano traz dilemas sobre ser ou não mãe

Cris Chaim
Lado M

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Uma manhã, nove desdobramentos, algumas muitas possibilidades, mas quantos finais? O que rege nossas vidas e destino?! Seriam os astros?! As nossas vontades?! Ou já está tudo definido por um plano superior?!

Em As Nove Vidas de Rose Napolitano a protagonista Rose nos traz todos esses questionamentos e nos faz refletir sobre a força de nossas escolhas e nos desdobramentos de nossa vida e daqueles à nossa volta. Tudo se inicia em uma manhã, com uma pergunta e nos leva a um hipnótico romance sobre maternidade (ou não), relacionamentos e profissão.

Rose e Suas Escolhas

Uma manhã e um frasco de comprimido, assim começa a trajetória de nossa heroína. Casada já há alguns anos com Luke, fotógrafo autônomo, Rose Napolitano, professora universitária, é questionada pelo marido sobre o motivo pelo qual o frasco de vitaminas para impulsionar a sua fertilidade (e facilitar a gravidez) continua cheio. Quando casaram o combinado era de não terem filhos, porém Luke mudou de ideia e tenta que Rose faça o mesmo. Ela até havia topado tomar os comprimidos, mas não cumpriu sua promessa. É justamente a partir dessa discussão que a autora de As Nove Vidas de Rose Napolitano trará nove desdobramentos para a história.

O livro chegou aqui em boa hora: aos 30 anos, eu sempre quis ser mãe, jamais duvidei da minha vontade e pautei a minha escolha de namoro atual com um companheiro que tem o mesmo sonho. Não ter filhos nunca foi uma opção.

Entretanto, uma grande amiga está em um momento similar ao de Rose: o marido quer, ela não, e o futuro do relacionamento parece depender inteiramente de sua escolha. E, quando ela levou a situação para nosso grupo de amigas, oito mulheres dos 25 aos 40 e muitos anos, vimos que mais de uma não pretende nem cogita ter filhos: nem agora, nem mais tarde. Confesso que fiquei um pouco assustada, talvez por dizer que a única certeza que eu tenho na vida é a vontade em maternar, mas Rose foi uma ótima (e nova amiga) para me ajudar a entender essa escolha.

A leitura das desventuras de Rose são tratadas de forma leve e divertida e nos fazem esquecer das horas e notificações do celular, os questionamentos sobre ser ou não mãe, o que é a completude de um relacionamento e como nossas escolhas interferem (ou não) em nosso destino final.

As personagens e situações são comuns à uma mulher de trinta e poucos/quarenta anos: os sogros e pais que pressionam, mesmo que sem querer, para que tenham netos, a amiga fiel de todas as horas, amores e desamores que vem e vão, prazos para entrega de trabalhos, viagens profissionais e o eventual flerte com colegas, taças de vinho, e a constante incerteza se estamos tomando as decisões corretas, além da quase onipresente “síndrome da impostora” — aquela sensação de que não importa o que fazemos, nunca é o suficiente, e quando somos bem sucedidas, foi por sorte.

Você pode entender As Nove Vidas de Rose Napolitano de duas maneiras: um romance instigante e gostoso para um final de semana, ou, a minha opção, uma reflexão densa sobre as possibilidades da vida e como lidamos com os desdobramentos trazidos por nossas escolhas.

A autora de As Nove Vidas de Rose Napolitano

Donna Freitas é americana, nascida em 1972 e formada em filosofia e em espanhol, e pós-graduada em religião. Já colaborou para jornais como The Wall Street Journal e The Washington Post.

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Cris Chaim
Lado M
Writer for

Empoderamento feminino, aceitação corporal, drinks e livros