Como é o processo de adoção de crianças e adolescentes no Brasil

Natália Sanches
Lado M
3 min readOct 27, 2017

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Segundo uma reportagem do G1, mais de 40 mil crianças vivem em abrigos — conhecidos como “orfanatos” — no Brasil. As histórias que envolvem estas crianças beiram a desigualdade social, maus tratos e abandono. Todas essas trajetórias são um reflexo bem claro de como o país negligencia a infância. Além disso, reiteram que, quando o assunto são crianças pobres, a tendência é o ciclo de pobreza se manter devido às burocracias e às dificuldades que envolvem o processo de adoção no Brasil.

Os impasses no processo de adoção no Brasil

A primeira dificuldade é a falta de informação. Muitos casais, bem como mulheres ou homens que queiram adotar, começam procurando em lugares cujo estereótipo envolve abandono infantil. Porém, não adianta ir direto a hospitais, abrigos ou orfanatos. Todo o trâmite começa na Vara da Infância e da Juventude, onde estas crianças estão cadastradas. Além disso, os futuros responsáveis passarão por cadastros, trâmites do jurídicos e entrevistas. Dependendo do caso, o processo pode levar anos, o que não ajuda em nada a situação das crianças.

O segundo impasse é a idade das meninas e meninos. A grande maioria das famílias que pretendem adotar procuram bebês de até 1 ano de idade. Na reportagem Adoção no Brasil, da Revista Mundo Educação, somente 6% das crianças se encaixam neste perfil, contra 87% de crianças que possuem 5 anos ou mais. Assim, a fila de adoção não para de crescer, tanto em pais que esperam o filho perfeito, como de crianças que esperam pais que possuam compaixão pelo seu histórico de vida.

Por fim, a burocracia relacionada ao processo é extremamente problemática. A realidade social que engloba os abrigos mostra que a grande maioria dos que vivem em nesses locais, na verdade, possuem família. Assim, os candidatos a pais se deparam com o fato de que, para a Justiça, é preferível que as crianças retornem ao lugar de origem. Segundo o Ministério Público, 86,7% das crianças e adolescentes vivem em abrigos por abandono dos pais biológicos, o que faz o processo se complicar ainda mais.

Nem tudo está perdido, mas é preciso melhorar

No entanto, apesar dos problemas, o cenário é favorável e tende a ser melhor no país. De acordo com a revista Carta Capital, 1226 crianças foram adotadas em 2016, o que revela uma procura grande pela adoção. Casais homoafetivos, apesar de ainda enfrentarem preconceitos, também já recebem aval completo para continuar o processo. Tudo isso é extremamente positivo para os mais de 40 mil meninos e meninas que estão nos abrigos.

No entanto, ainda é preciso melhorar. Os órgãos públicos devem oferecer o suporte adequado para os meninos e meninas estão nos abrigos. A situação de abandono gera inúmeros traumas, de modo que uma assistência adequada em todas as esferas — educação, saúde, alimentação, segurança, entre outras — é fundamental. Além disso, a justiça brasileira precisa entender que, por causa da burocracia, inúmeras crianças e adolescentes estão perdendo uma parte importante de suas vidas e da qual todo ser humano tem direito.

Final feliz

O processo de adoção é árduo, mas possui um final feliz. Pra você que deseja embarcar nessa linda jornada, aqui você encontra um passo a passo fazer tudo direitinho. Além disso, aqui você também encontra algumas orientações do Conselho Nacional de Justiça sobre o processo de adoção.

Originally published at www.siteladom.com.br on October 27, 2017.

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Natália Sanches
Lado M
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é Natit. Professora especializada em Estudos Brasileiros, paulistana de nascença, mas catarinense de coração. 17 tatuagens e cabelo curtinho. Gosta de tulipas.