Photo by Bellava G on Unsplash

Confira 4 filmes de terror dirigidos por mulheres que vão tirar seu sono

Vanessa Panerari
Published in
4 min readAug 16, 2017

--

Não é de hoje que as mulheres contam histórias de terror. DesdeAnn Radcliffe ou Mary Shelley, muitas mulheres produziram obras importantes na literatura e no cinema. Contudo, o cinema já costuma ser recheado de obstáculos para mulheres, principalmente em cargos como roteiro e direção. Quando falamos do gênero terror, falamos de um cenário que não abre espaço facilmente para diretoras, roteiristas e personagens femininas bem desenvolvidas e com suas complexidades exploradas.

O gênero terror ainda é muito restrito aos homens, apesar de existir sim um público feminino grande. Por isso, é importante que falemos sobre produções dirigidas por mulheres. Geralmente, elas fazem filmes que adotam mecanismos do gênero, mas que transcendem seus elementos a fim de buscarem reflexões complexas e ambiciosas.

Esse é o caso da antologia de curtas de terror dirigidos por mulheres XX, que entrou no catálogo da Netflix no final de junho. Além desse, trouxemos mais três opções bem diferentes se você curte filme de terror e estava precisando de indicações! Confira:

XX

XX, que teve sua estreia mundial no festival de Sundance, é composto por quatro curtas intercalados pela animação em stop motion de Sofia Carrillo.

São eles: A Caixa (de Jovanka Vuckovic), O Bolo de Aniversário (de Annie Clark, conhecida como St. Vincent), Não Caia (de Roxanne Benjamin) e O Único Filho Vivo (de Karyn Kusama). O interessante de poder assistir as quatro obras juntas é perceber que, apesar de terem estéticas diferentes, o que essas obras têm em comum é uma ótica da mulher: seus problemas, medos, sonhos, cotidiano e anseios.

Em entrevista a GQ Espanha, Vuckovic comentou: “Que existam mulheres escrevendo e dirigindo filmes de gênero sobre si mesmas tão interessantes e exitosos não é algo passageiro. Esses filmes são prova de que até mesmo a menor mudança de perspectiva resulta em novas ideias e formas de narrar. Os homens estão há um século contando histórias sobre si mesmos. Cada esforço de uma cineasta para fazer avançar o gênero importa; serve de exemplo para outras mulheres e transmite a futuras gerações que a ideia de que a mudança é possível”.

Ainda na mesma matéria, a diretora Kusama explicou: “ Mesmo que as mulheres tenham criado e consumido cinema de terror desde as suas origens, é certo que se intensificou o enfoque de determinados temas nos filmes de gênero atuais dirigidos por mulheres. Muitos desses filmes abordam as ansiedades particulares, as fantasias e os pesadelos que enfrentamos no dia a dia”.

O Babadook

Em Babadook a diretora australiana Jennifer Kent nos coloca no universo de uma mulher que precisa lidar com os desafios da maternidade solo, o emprego, a casa, o luto e com suas relações sociais. Aqui acompanhamos ótimas metáforas sobre depressão e saúde psicológica e emocional.

Garota Sombria Caminha Pela Noite

Este longa é uma produção em preto e branco, gravada nos EUA, mas filmada por iranianos. A roteirista Ana Lily Amirpour, que também participa como atriz, se baseou em um curta que havia feito anteriormente.

Ganhador de alguns prémios de revelação, o filme acontece em Bad City. Uma cidade iraniana fantasma, onde vivem prostitutas, cafetões, traficantes e todo tipo de pessoas marginalizadas. Ali uma vampira solitária, de poucas palavras e que anda de skate se alimenta e se envolve com um rapaz. Com poucos diálogos, referências de western e cultura pop, Garota Sombria Caminha Pela Noite é uma experiência estética.

Sinfonia da Necrópole

Esse é o típico filme capaz de acabar com qualquer preconceito que existe em relação ao cinema nacional. Juliana Rojas nos entrega um filme que foge de qualquer coisa que você possa esperar. Trata-se de um misto entre terror, musical e comédia. O enredo: Deodato é um coveiro que não se encaixa no emprego e tem aspirações artísticas. Mas logo chega Jaqueline, uma funcionária que tem a missão de recadastrar os túmulos e verticaliza-los para otimizar espaço. Aí entra a crítica sobre a cidade, assim como o cemitério, crescer destruindo sua memória. E, além da diretora mulher, Jaqueline também é uma ótima personagem.

Fazer um esforço individual de assistir a obras de diretoras é sempre fundamental. Assim validamos o trabalho de mulheres que estão inseridas em nichos ainda tão predominantemente dominados por homens. Além disso, nossas escolhas atuam como força de mercado. Se nos comportamos como demanda, o mercado é obrigado a oferecer a oferta. Então, se você estava precisando de uma ajudinha para encontrar filmes de terror dirigidos por mulheres e com narrativas fora do padrão do gênero, essas três dicas vão te surpreender!

Originally published at www.siteladom.com.br on August 16, 2017.

--

--