Conheça A Traidora do Trono, continuação do livro A Rebelde do Deserto

Gabrielle M.
Lado M

--

Em A Rebelde do Deserto, tivemos romance, aventura e questionamentos sobre a posição da mulher e pertencimento. A sua continuação, A Traidora do Trono, explora isso e muito mais. Assim como o primeiro, o segundo livro da série é uma publicação da Editora Seguinte.

Por onde anda Amani?

Amani, nossa protagonista, está no acampamento rebelde. Finalmente descobriu o seu lugar no mundo, com pessoas como ela. Ela convive não apenas com o líder da rebelião, mas com sua general e o irmão do primeiro, o forasteiro Jin, com quem fugiu seis meses antes no lombo de um cavalo de areia. A rebelião, sob o estandarte “Uma nova Alvorada. Um novo Deserto”, vem conquistando terreno ao longo do tempo e conseguiu assumir uma parte do deserto do reino de Miraji.

Contudo, quando um resgate dá errado e a rebelião precisa desaparecer, Amani é deixada para trás e é sequestrada. Presa entre os muros do palácio do sultão, ela encontrará com fantasmas do passado e dúvidas a assolarão, em especial ao que diz respeito ao sultão, pai do líder rebelde.

A Traidora do Trono

Bem mais politizado que A Rebelde do Deserto, A Traidora do Trono ainda aborda a importância da mulher quando a história é escrita por homens, ou seja, quando elas fazem grandes feitos, mas estes são associados a uma figura masculina enquanto a feminina desaparece em segundo plano.

A obra consegue trazer questões como o conflito de gerações (o novo e o velho, o pai e o filho), tirania, sororidade, escolhas e principalmente como o passado pode nos assombrar. Velhos personagens, que a rebelde cogitava estarem mortos, surgem em meio a reviravoltas, fogo, pólvora e areia. Agora uma prisioneira dentro de um harém, Amani terá que descobrir em quem confiar — e nem todos são o que as aparências indicam.

Os vilões 100% maus não existem aqui. O sultão é conhecidamente tirano e muito perspicaz, mas que em momentos assumia um estranho papel de pai para a protagonista e sorri de orgulho dos filhos. Um sultão que fora capaz de mandar matar sua esposa por ter dado a luz um filho que não era seu, ao mesmo tempo em que manda presentes e ouve os conselhos da rebelde.

Até onde a soberania fala mais alto?

Em A Traidora do Trono temos política, estratégia e questionamentos sobre até onde um rei pode sacrificar seu país em prol de um líder estrangeiro. Até onde a soberania fala mais alto? O sultão pode ter errado em deixar tropas estrangeiras entrarem (como é falado no primeiro livro), mas será que o líder rebelde terá firmeza de pulso para comandar o país tendo em vista sua bondade e empatia excessivas? É melhor ser temido que amado? Até quando um poder externo pode ditar o funcionamento de um país que não lhe pertence? O que é o melhor para o reino? O patriotismo é um ponto que chega a ser abordado.

O que esperar do novo livro?

A saga é um deleite para os olhos. Um cenário de fantasia inovador, com o deserto como pano de fundo, repleto de criaturas mágicas vinda da areia e que te matarão com a chance, misturado a mistérios e reviravoltas, mágoas e receios, tiros e traições. Temos uma protagonista desbocada e ativa, que não fica parada esperando ser salva. Pelo contrário: ela se faz útil. Uma general mulher extremamente inteligente e subestimada, vista somente como um rostinho bonito entre tantas outras.

As personagens mais fortes de A Traidora do Trono toda são mulheres: temos generais, sultimas (esposas do futuro sultão e com alto poder de influência e controle dentro do harém), meninas engenheiras capazes de construir máquinas incríveis, criadoras de ilusões, transmorfas, rebeldes com uma mira certeira e mães fortes que sacrificam tudo — inclusive a própria vida — por seus filhos. Claro, os homens também têm seu papel, mas a autora merece o crédito por criar personagens femininas impressionantes, o que nos faz ter vontade de continuar lendo a série.

Leia também a resenha de A Rebelde do Deserto e A Heroína da Alvorada

Originally published at www.siteladom.com.br on December 5, 2017.

--

--