Daisy Jones & The Six não é o que parece

Thais Lombardi
Lado M
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4 min readJul 28, 2019

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Os anos 70 foram intensos para todos. Mas para os jovens que curtiam o bom e velho Rock and Roll, esses foram anos pós Woodstock, o maior festival de música de todos os tempos, que apresentou nomes como Janis Joplin, Jimi Hendrix, Santana, Joan Baez e muitas bandas que até hoje são referências para músicos e fãs do estilo. Também foram anos de descobertas e do uso desenfreado de drogas pesadas, do sexo livre e de perdas de grandes artistas pelas overdoses.

Nesse cenário maluco, surge Daisy Jones, uma moça magra, de olhos azuis, voz marcante e com um histórico de abandono familiar que a fez sair de casa cedo e ter as mais diversas experiências antes mesmo de atingir a maioridade. Ela é uma mulher que precisou se tornar independente rapidamente, por isso sua personalidade era forte e ao mesmo tempo sedutora, com uma pitada de ingenuidade que encantava a todos, homens e mulheres, por onde ela passava.

“Às vezes, quando Daisy estava lá em casa tomando banho ou lavando louça, eu ouvia ela cantar Janis Joplin ou Johnny Cash. Ela adorava cantar ‘Mercedes Benz’. E tinha uma voz muito boa. Eu estava tentando arrumar outra gravadora, fazendo aulas de canto sem parar, e para Daisy parecia tão fácil. Queria sentir raiva dela por isso, mas não é fácil detestar alguém como Daisy.”

Em outro lugar dos EUA, uma banda chamada The Six surgia. Mesmo após a morte de um dos seus integrantes, casamento, traição e vícios, eles conseguiram chegar ao auge e carregaram multidões por onde passavam. A banda começou como “ The Dunne Brothers” com os irmãos Billy e Graham Dunne, que desde cedo tinham contato e paixão pelo mundo da música. Aos poucos, os outros integrantes chegaram. Uma delas foi Camila, a esposa de Billy, uma garçonete que abandonou sua vida para seguir a banda por onde passava, nos bons e maus momentos.

O segredo de Daisy Jones & The Six

Em Daisy Jones & The Six, a autora Taylor Jenkins Reid conta toda a história da união entre Daisy Jones e a banda The Six e todos os episódios que acontecem a partir daí. Para a construção do livro são usados depoimentos dos próprios artistas, familiares e membros da equipe.

Do seu início até o seu fim abrupto, a história de Daisy Jones & The Six é envolvente e cria, majestosamente, o ambiente dos anos 70, os cheiros, cores, roupas, vozes e a nostalgia.

Embalados com as músicas e as letras, podemos ouvir as melodias como se ligássemos a nosso aparelho de som e colocássemos um disco de vinil para rodar, ainda mais com as letras do álbum Aurora ao final do livro.

Daisy Jones & The Six é construído de uma maneira tão eficiente — os personagens com jeitos peculiares de falar, características físicas, vícios, roupas e particularidades — que somos levados a acreditar que a banda realmente é verdadeira. Isso mesmo, toda essa história não é verídica.

Essa capacidade de nos transportar para a década de 70 e ao mesmo tempo para as entrevistas é o maior trunfo da autora e ao mesmo tempo foi a minha maior decepção com Daisy Jones & The Six: de tão bem escrito, ficamos com vontade de escutar algo que não existe ou que só existe na nossa cabeça.

Confesso que, antes de descobrir que não existia, busquei até os confins da internet por algum material. Afinal, existem milhares de bandas dos anos 70 que estão escondidas por aí e pouca gente sabe. Mas como Daisy Jones & The Six era a maior banda da década e não tinha nenhuma música?

A vantagem é que Daisy Jones & The Six será transformado em uma websérie que será exibida pela Amazon e tem como produtora uma das grandes fãs do livro, a atriz Reese Witherspoon. Serão 13 episódios que seguirão a forma do livro, com entrevistas e flashbacks. O que nos resta é esperar e finalmente ver essa grande banda concretizada.

A autora de Daisy Jones & The Six

Taylor Jenkins Reid era produtora de filmes e publicou seu primeiro romance em 2013 Forever, Interrupted, seguido de After I Do (2014), Maybe in Another Life (2015), One True Loves (2016), The Seven Husbands of Evelyn Hugo (2017), Evidence of The Affair (2018) e Daisy Jones & The Six (2019).

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Thais Lombardi
Lado M
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Cineasta, redatora, revisora, feminista e vegetariana. Gosta de ler, gatos, fazer crochê e destruir o patriarcado.