Imago Imagens. Crédito: Fifa

Edina Alves, a primeira líder árbitra do Mundial de Clubes masculino

Carolina Pulice
Lado M
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3 min readJan 6, 2021

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Edina Alves Batista será a primeira juíza mulher na história do futebol a liderar um grupo de árbitros no Mundial de Clubes masculino.

A decisão da Fifa desta segunda-feira (dia 4) mostrou que o ambiente tão estático e predominantemente masculino pode ter cada vez mais espaço para mulheres, sem a divisão que muitos pregam.

Junto com a assistente brasileira Neuza Back, Edina comandará um grupo a trabalhar no próximo Mundial no Catar, campeonato que é, para muitos, feito para consagrar times e jogadores como os melhores do planeta. Os campeões de cada continente disputam um campeonato rápido, mas que é assistido por boa parte do mundo, e que envolve muitos interesses econômicos (inclusive da FIFA, que embora tenha tomado uma boa decisão, é uma entidade para se olhar com muita cautela).

A Fifa e o próprio futebol são motivos de discussão dentro e fora do feminismo, mas o espaço conquistado por Edina tem uma representatividade gigantesca, e faz jus a sua própria trajetória.

A paranaense de 40 anos já representa as mulheres árbitras há um tempo, tendo comandado jogos da Série A do Campeonato Brasileiro Masculino, a semifinal da Copa do Mundo Feminina de 2019 e sendo parte do grupo da Fifa desde 2016.

Sua trajetória não foi simples. Natural de Goioerê, no interior do Paraná, Edina trabalhava duro para pagar sua faculdade de Educação Física, como relatou o jornal francês La Croix. “Eu trabalhei muito duro. Faz vinte anos que sou árbitra e sempre me preparo para o melhor para o dia em que tal oportunidade chegar”, disse em entrevista publicada nesta quarta-feira.

Convidada para ser assistente de árbitro em um jogo amador, em 1999, Edina contou ao site da Fifa que se apaixonou pela profissão.

“Me inscrevi para fazer um curso oficial, mas era caro e eu não tinha dinheiro. Todos me mandaram esquecer, que futebol não era para mulheres, mas eu estava disposta a fazer qualquer coisa”, afirmou ao site da entidade.

Também ao site Uol, Edina falou que sempre gostou de futebol, e que seu sonho era ser jogadora profissional. “Sempre gostei de esporte e sempre quis jogar em uma seleção. E hoje eu posso jogar na seleção da arbitragem. Isso para mim é um sonho”.

O Mundial de Clubes de 2020 está programado para o dia primeiro e 11 de fevereiro deste ano.

Junto com a suíça Esther Staubli (Copa do Mundo masculina sub-17 em 2017) e Claudia Umpierrez (que apitou dois jogos da a sub-17 de 2019), Edina também será uma pioneira, fazendo parte de um grupo de supermulheres nas decisões de um dos esportes mais conhecidos no mundo.

E o que isso significa para nós, mulheres?

O que Edna mostrou ao mundo foi a capacidade das mulheres superarem as diferenças e seguir em frente. Sempre brinquei que em um mundo evoluído não precisaríamos discutir preconceitos como racismo, homofobia, machismo entre outros.

E Edina vai na mesma linha. Sua última publicação em seu Instagram diz:

O problema da sociedade não é a cor da pele, não é o gênero, não é a opção sexual, o problema é não saberem a diferença entre SER PESSOA e SER HUMANO. Agradecida a todos, homens, mulheres, jovens e idosos que evoluíram ao ponto de saber essa diferença.

O próximo passo? Os Jogos Olímpicos no Japão e quem sabe mais qual será seu limite…

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Carolina Pulice
Lado M
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Jornalista que adora discutir sobre tudo com todo mundo, e de escrever sobre todas essas coisas que se tem pra se discutir