Gaga: Five Foot Two mostra intimidade, medos e força de Lady Gaga
Quando Lady Gaga cancelou sua participação no Rock in Rio 2017, seus fãs ficaram desolados. Seu show faria a abertura do evento e teve que ser substituído pela banda Maroon 5. Pelo twitter, ela se desculpou e explicou que não poderia vir por motivos de saúde.
Uma semana depois, a Netflix lança o documentário Gaga: Five Foot Two. A produção acompanha a cantora durante o lançamento de seu quinto álbum, Joanne, e dos preparativos para sua apresentação no intervalo do Super Bowl. É a partir desse filme que podemos ter contato com uma Lady Gaga por Lady Gaga. A mulher que é muito mais do que a personagem exótica que construiu no passado. A mulher que luta contra uma dor que a acompanha diariamente e que, com alguma frequência, a faz cancelar compromissos.
A força que Gaga demonstra está em suas motivações, em suas dores, seus conflitos e medos.
Gaga: Five Foot Two
No começo do documentário, Gaga já afirma que não tem mais paciência com “bobagens de macho”. “Não dou a mínima. Não sei se é porque tenho 30 anos e nunca me senti tão bem. Todas as minhas inseguranças sumiram. Não me sinto insegura como mulher”, declara.
A cantora também é questionada sobre uma polêmica apresentação no VMA. Ela conta: “a metodologia por trás do que eu fiz é que, quando queriam que eu fosse sexy, ou que fosse cantora pop, eu fazia uma reviravolta absurda que me dava a sensação de estar no controle. Se eu vou aparecer sexy nos VMAs e cantar sobre paparazzi, farei isso sangrando até morrer, lembrando vocês do que a fama fez com Marilyn Monroe”.
Ainda sobre ser uma artista mulher, Gaga revela que, na esmagadora maioria das vezes, os produtores homens acham que são a razão de existir da carreira de uma artista. Segundo ela, houve tantos homens em sua vida, nos negócios e em relacionamentos, que ela chegava a pensar que sozinha não era boa o suficiente.
Joanne
Além de precisar se afirmar como mulher num universo dominado por homens, a cantora também sentiu necessidade de se conectar mais consigo mesma. O resultado foi o álbum Joanne, que leva não só o seu nome do meio, mas também o da tia falecida com 19 anos. É uma homenagem a sua própria luta, ao seu pai e a sua avó, protagonista de um dos momentos mais emocionantes do filme.
Essa decisão lhe exigiu muita coragem. Ela precisou encarar o conflito entre ser quem é e quem os fãs e a mídia gostariam que ela fosse. Foi necessário desconstruir a imagem da mulher que usava figurinos extravagantes e causava polêmicas para se reapresentar perante o público.
Dores
Ao mesmo tempo que encara a mudança, Gaga luta contra dores terríveis. Elas começaram com uma fratura no quadril, em 2012, durante a turnê Born This Way. No documentário podemos ver as crises de dor que, de acordo com a cantora, costumam acontecer quando ela está deprimida.
Gaga descreve as dores que sente, como é ter que conviver com medicamentos todos os dias e trabalhar com as limitações de seu corpo durante as apresentações e gravações de clipes.
A cantora também demonstra se sentir frustrada por acreditar que não consegue administrar todos os aspectos de sua vida de maneira satisfatória. Ela convive com o medo de ficar sozinha e de que os homens não saibam lidar com seu sucesso.
Por trás da fama há uma pessoa
As ações de Gaga revelam uma pessoa muito preocupada com a carreira. Mas não apenas isso: ela é extremamente afetuosa e engajada com o que acredita. Perceber sua relação com a família, com a equipe e consigo mesma é muito bonito.
Ao mesmo tempo em que o documentário é íntimo, ele nos mostra uma artista para além da glamourização da fama. Ele nos traz Lady Gaga do jeito mais humano e cru possível. A todo momento, o público vê a cantora tendo a liberdade de olhar para a câmera e nos contar sua história. Nada invasivo ou distante. Essa escolha transmite um recorte honesto sobre o que estamos assistindo.
Assim, Gaga: Five Foot Two nos presenteia com uma narrativa completa sobre a grande artista que é Lady Gaga. Desde seu cotidiano em casa, trabalhando como cantora ou como atriz, até sofrendo, se emocionando, sorrindo e vivendo a fama. Gaga pode ser considerada uma artista completa porque é também um ser humano completo, e é necessário que a vejamos assim.
Trailer
Originally published at www.siteladom.com.br on September 25, 2017.