Lady Bird é um filme sobre voar, mas mostra que cair também faz parte

Eloane Berto
Lado M
2 min readFeb 14, 2018

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O esperado Lady Bird, primeiro filme dirigido por Greta Gerwig, pode parecer ser, à primeira vista, somente mais uma típica história sobre a adolescência, aquela fase conturbada na vida de qualquer jovem.

Porém, não é de se surpreender que o trabalho perspicaz de Gerwig nos encante mais uma vez. Sua atuação, que trouxe a beleza do cotidiano em Frances Ha, transforma-se em uma direção que parece conhecer de maneira minuciosa cada espectador, tornando bem provável alguma identificação com a trajetória da sonhadora Christine, que já em seu pseudônimo, “dada por ela para ela mesma”, deixa claro que quer voar pra longe da sua pacata cidade, Sacramento.

O enredo

Através de cenas dramáticas, mas ao mesmo tempo bem-humoradas, o filme não é construído sob uma ótica maniqueísta. Ao invés de caracterizar os personagens como essencialmente bons ou ruins, eles são mostrados de maneira real e crua, deixando claro que na vida não há vilões ou mocinhos, apenas situações a serem superadas, mesmo que muitas vezes elas possam ser difíceis e deixar marcas. Com isso, diversas questões importantes são levantadas de maneira forte e ao mesmo tempo delicada, como religião, a dificuldade em descobrir a própria sexualidade ou estar em uma família que parece não compreender seus sonhos.

É nessa direção livre de amarras que acompanhamos o amadurecimento de Christine, que, enquanto busca realizar o seu sonho de estudar em Nova York, vai, ao mesmo tempo, tendo experiências como o primeiro amor e a primeira vez que, por mais que sejam planejadas, provam que nem sempre esses momentos marcantes podem sair como o esperado (muito pelo contrário). Mais que isso, mostra que lidar com frustrações faz parte do aprendizado e talvez seja a parte mais importante.

Mãe e filha

Embora a interação entre os personagens seja forte, a relação entre mãe e filha merece destaque. Ao ocupar grande parte das cenas, é através dela que os sentimentos parecem estar, ainda mais, à flor da pele. Tanto Saoirse Ronan (Christine “Lady Bird”) quanto a experiente Laurie Metcalf (Marion McPherson) encaram perfeitamente o papel de duas personagens femininas fortes que, embora briguem grande parte do tempo, desde um vestido para a formatura até o futuro de Christine longe de casa, sempre acabam transparecendo amor e carinho, mesmo atravessando barreiras como o orgulho.

Por que vale a pena?

Assim, ao final de Lady Bird, quando a jornada da (anti) heroína parece finalmente ter terminado, somos novamente surpreendidos. O grande segredo de crescer, almejado por grande parte dos adolescentes é desvendado: não é só através de rupturas que se amadurece, mas também através da aceitação do outro e, principalmente, de si mesmo. E melhor: que saber disso é só o começo do aprendizado.

Originally published at www.siteladom.com.br on February 14, 2018.

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