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Lidando com a depressão ou como eu me redescobri em 100 dias

Cris Chaim
Lado M
Published in
4 min readApr 21, 2019

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Em 2015, tinha 25 anos e estava em um escritório em que o assédio moral era lei. Durante os exatos 12 meses que fiquei lá, fui do céu ao inferno: a alegria de entrar em um projeto que parecia bacana, a entrega total, a negação de que tinha algo errado, os primeiros sinais de prejuízo à minha saúde, o caos e, enfim, uma internação no hospital por uma crise de burn out. Ao pedir demissão, veio uma crise de depressão fortíssima. Zero força para sequer levantar da cama em alguns dias. Até o dia que percebi que só eu podia me levantar.

Num lapso de energia, resolvi anotar uma coisa boa que tinha acontecido no dia, um corte de cabelo, mas transformei a anotação em foto e publiquei para ver se ganhava uns likes, e o retorno foi positivo com várias amigas comentando. No dia seguinte, achei outra coisa bacana e resolvi postar de novo. Na época estava na moda os desafios #100happydays no Instagram, mas não me achava minimamente feliz para ter o direito de usar a hashtag. Então veio a #100lessdepressivedays: uma foto, uma frase por dia, por cem dias.

#100lessdepressivedays #day1 — Quando eu consegui sair da cama e cortar o cabelo

Além das regrinhas de uma foto por dia, por cem dias, comecei a me policiar, transformando o #100Less em um verdadeiro projeto de vida: a foto tinha que ser tirada no dia da publicação, não podia ser imagem da internet e não podia repetir comida por dois dias seguidos (essa última por um histórico de compensação de frustração na comida). E não foi nada simples, teve dia bom, ruim, nhé, super especial e dia que foi noite, mas o importante era continuar.

Nos primeiros trinta dias as mudanças eram mais do que visíveis: sai da cama todos os dias, comecei um curso novo, dos seis medicamentos que tomava reduzi para apenas um, fiz uma festa de aniversário incrível, e voltei a dormir sem insônia. No 60º dia, quase não lembrava mais quem era a pessoa de dois meses antes e já estava começando em um novo projeto.

E no 100º dia, convidei os amigos mais próximos e família que tinham sido meus companheiros nessa jornada para uma Pizzada de Celebração, imprimi as 100 fotos e escrevi um recado para cada pessoa presente na foto em que ela estava montando um varal na sala de casa.

Demorei quatro anos para conseguir escrever sobre o projeto. Já tinha tido mil ideias de transformá-lo em livro, blog, podcast, mas resolvi manter as coisas simples. Meu intuito não é me vangloriar, ganhar likes ou ser coach de ninguém, mas sim te dizer que se você está num momento ruim, ele vai passar. Talvez em cem dias ou cem semanas, mas vai passar. A chave para mim foi começar a olhar a vida de uma maneira mais positiva, tentar encontrar um segundo gostoso que fosse (não é fácil — teve dia que escovar o dente foi essa vitória). E, quer conversar, desabafar? Estou aqui.

O post #day100 dos #100lessdepressivedays

“Há 100 dias eu resolvi mudar de vida. Na verdade resolvi viver a vida. O desafio era grande: encontrar uma coisa boa no dia, fotografar e publicar.

Teve dia que foi facinho, mas teve dia que nem com muito esforço eu achei alguma coisa boa. Ai fica a pergunta: realmente não teve nada bom ou eu que não enxerguei?

No fim, o que fica é uma eu renovada, mais leve, com algumas conquistas, um pouco mais saudável, um tanto menos egoísta e mais esperançosa e com a certeza que vivo a vida que vale a pena ser vida.

Essa vida não é fácil, mas dizem que vale a pena se a alma não é pequena e também nunca disseram que seria tranquilo. Às vezes vão te servir a dobrada à moda do Porto fria, aí cabe a você achar uma maneira de esquentar. E é nesse jeito que você vai tendo as conquistas diárias, que no final viram uma conquistona.

Fica a dica para quem acha que tá no fundo do poço e tudo está perdido: você não vai ser o super homem e sair voando de lá, mas você pode ser o Mario que vai subindo de cano em cano, pegando as moedas, passando de fase e no final salva a princesa. Se eu estou feliz? Acho que sim, mas diz a lenda que é bom não sair espalhando essa noticia por aí, senão ela acaba.

E, por fim, o lema aprendido e seguido (quase) à risca nesse tempo: SIGA BRIGANDO! ☺️☺️☺️ #100lessdepressivedays #day100#acabou #épenta#wearethechampions#missaocumprida #beijinhonoombro#consegui #parabenspramim

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Cris Chaim
Lado M
Writer for

Empoderamento feminino, aceitação corporal, drinks e livros