No Brasil, 30% dos homens acreditam ser melhores do que as mulheres

Carolina Pulice
Lado M

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Nesta semana, o Instituto Ipsos divulgou um longo estudo sobre o feminismo e a desigualdade de gênero no mundo. Foram 24 países analisados, e mais de 17 mil pessoas entrevistadas, sendo destas mais de 8,800 mulheres, com perguntas que envolviam questões práticas, emocionais e sociais.

Os levantamentos mostram algumas diferenças e muitas semelhanças entre homens e mulheres ao redor do mundo. Muitas das perguntas foram feitas para homens e mulheres.

Por exemplo, umas das questões era se o homem se considera mais capaz que uma mulher. E neste caso, muitos homens achavam que sim. China, Turquia, Estados Unidos e na Rússia, por exemplo, quase metade ou mais da metade dos homens realmente acreditam nesta afirmação. No Brasil, 30% dos entrevistados acham que são mais capazes. 30% é muita coisa. Imagine em uma maior proporção. 30% de 100 milhões e 400 mil homens (que são brasileiros). São mais de 30 milhões de homens. Imaginem 30 milhões de homens que pensam que, pelo simples fato de serem homens, são mais capazes que as mulheres. São chefes, pais, irmãos, namorados, professores, que não nos respeitariam porque somos mulheres. Será que esta projeção é hipotética?

Outra porcentagem muito preocupante: 36% das pessoas brasileiras têm medo de falar e defender a igualdade de direitos das mulheres — entre homens e mulheres. Imagine um país em 36% das pessoas não discutem um assunto, por ter medo. Em números fica mais fácil de entender o porquê das famílias mudarem de assunto quando tentamos botar o machismo na roda de assuntos, né? Fica ainda mais claro de perceber como alguns aspectos do machismo são culturais, estão encrustados em nossa sociedade. São 36%. É muita coisa.

A pesquisa, porém, não mostrou apenas o lado da ignorância e da alienação de algumas pessoas. Ela mostrou também a consciência de que muitas mulheres já têm sobre suas vidas, as sociedades em que vivem, e onde mora o problema.

Por exemplo, 58% das pessoas entrevistadas acreditam que deva existir igualdade de gênero, e 44% acreditam que há desigualdade entre homens e mulheres. O despertar da consciência de que há algo errado já é o início de uma jornada de mudança. E melhor, no mundo todo.

Não foi à toa a data da divulgação da pesquisa. Na semana em que comemoramos o dia Internacional da Mulher (dia 8 de março), devemos levantar mais questões do que lembrar do passado e celebrá-lo.

O dia da mulher retoma todas as questões e respostas levantadas não somente por esta pesquisa, mas por todas as mulheres, do mundo todo, que sentem que sofrem preconceito ou qualquer outro impedimento em seu dia a dia, por ser mulher.

Por isso, esta e tantas outras pesquisas são a porta de partida para o mundo do questionamento, do não aceitar, do lutar, e do mudar. Da China até o Brasil, passando pela Europa, África e mais tantos outros lugares, o dia da mulher deste e dos próximos anos serão comemorados de outra maneira.

Originally published at www.siteladom.com.br on March 8, 2017.

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Carolina Pulice
Lado M
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Jornalista que adora discutir sobre tudo com todo mundo, e de escrever sobre todas essas coisas que se tem pra se discutir