Novo Dona Flor e Seus Dois Maridos traz o embate entre moral e desejo

Thaís Matos Pinheiro
Lado M
2 min readDec 19, 2017

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Pedro Vasconcellos é um diretor apaixonado pela obra de Jorge Amado. A partir de 2008, adaptou, com o ator Marcelo Faria, a história icônica de Flor, uma mulher dividida entre dois amores que protagoniza o eterno “Dona Flor e Seus Maridos”. Quase 10 anos depois, a dupla se junta novamente para levar seu espetáculo ao cinema. Pedro Vasconcellos é o diretor da mais nova adaptação cinematográfica de Dona Flor.

Dois maridos

Juliana Paes é a responsável por dar vida à doce Flor. Já Marcelo Faria encarna o safado Vadinho e Leandro Hassum interpreta o todo pudorado Teodoro. Flor, Vadinho e Teodoro formam um triângulo amoroso improvável. Após Vadinho morrer, Flor se casa com Teodoro. Porém, ela recebe visitas do fantasma do ex-marido e passa a conciliar esses dois amores tão distintos.

A adaptação é absolutamente fiel ao livro. Segundo o diretor, o roteiro é uma costura de trechos do livro. “Quem escreveu o roteiro foi Jorge Amado”, declarou Vasconcelos durante a coletiva de lançamento do filme. Por isso, assistir a Dona Flor é viajar pela obra do autor baiano, parando para se deliciar em algumas partes. É ouvir prosa e a poesia contidas em suas páginas ganhando vida.

A trilha sonora é composta por clássicos da música popular brasileira: traz a alegria incontestável de Dominguinhos cantando “Isso aqui tá bom demais”, e nos brinda com duas interpretações de Maria Bethânia: “Gostoso demais” e “É o amor”’.

Liberdade feminina

Lançar este filme em 2017 reforça toda a luta por direitos que as mulheres travaram até aqui. Dona Flor exalta a liberdade e os desejos sexuais femininos. Flor não está contente apenas com um homem que lhe satisfaz sexualmente, mas que a maltrata. Também não se contenta com um homem que lhe trata bem e provém tudo em casa, mas que não atende seus desejos. Trangressoramente, ela resolve se satisfazer por completo e levar a cabo seus dois casos de amor livre das amarras sociais que pesam sobre a mulher.

Durante a coletiva de lançamento do filme, Juliana Paes defende a representatividade desta personagem: “Não existe mulher que não tenha passado ou está passando pelas angústias de Flor. É a sua sensualidade ou a moral? É a libido ou são os códigos de ética. O que a mulher pode socialmente e o que não pode? Tudo isso é muito atual e diz respeito a todas nós”.

A primeira adaptação da obra ao cinema, estrelada por Sônia Braga, José Wilker e Mauro Mendonça em 1976, foi maior bilheteria brasileira até 2010. A nova adaptação não fez tanto sucesso quanto a primeira, mas vale a pena ver a magia deste clássico da literatura brasileira em todas as suas expressões.

Originally published at www.siteladom.com.br on December 19, 2017.

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