O que aconteceu quando eu rompi padrões nos relacionamentos

Lado M
Lado M

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A ironia da vida é algo surpreendente, não é mesmo? Por vezes, criticamos situações, pessoas, mas, quando paramos para analisar nosso comportamento, lá está o que mais criticamos. É como diz aquele ditado: podemos nos tornar o que mais odiamos. Por isso, é sempre bom uma autoavaliação.

Digo isso porque a pessoa que vos escreve caiu na ironia da vida e percebeu que os padrões que tanto combatia estavam presentes em sua vida, mais especificamente em seus relacionamentos. Pois é. Quando dei por mim, percebi que só me relacionava com caras com as mesmas características. Acho que vocês já devem ter concluído o resultado disso, né? Um novo cara, a mesma história.

Estranhamente, os caras com quem eu me envolvia tinham os mesmos papos e as mesmas características físicas. Por algum motivo, cai no estereótipo de “Che Guevara”. Já sabem como é? Não? Explico: homem branco com papo cult; que discute sobre classe com toda propriedade embasada em livros, sem nenhuma vivência; pró-feminista, mas que na primeira oportunidade se mostra machista. É esquedomacho que chama?

Pois é. Eu repeti esse padrão não uma, duas ou três, mas várias vezes. Como já disse, o resultado era sempre o mesmo. De alguma forma, eu acabava magoada. Foi difícil perceber o padrão? Nossa, sim. Por algum motivo eu só sentia atração por caras assim. Só percebi a repetição quando uns amigues decidiram me alertar. Contudo, perceber não é compreender. Entendo a compreensão como algo muito mais profunda e essa não veio com o alerta das minhas amizades.

O que aconteceu?

A bendita da compreensão só veio quando, já cansada de me magoar, decidi abrir meus horizontes. Foi aí que eu percebi quantos caras legais eu já tinha deixado de lado simplesmente porque eles não estavam no padrão que eu “gostava”.

Abro aqui uma explicação para as aspas propositais na palavra gostava. Acredito que nossos gostos são construções sociais. Sendo assim, da mesma forma que eles foram criados, podem ser desconstruídos.

Voltando ao assunto, pois bem. Desconstruir padrões nos relacionamentos, como já disse, não foi uma tarefa fácil. No entanto, acho que viajar me ajudou muito. Como sou nômade digital, acabo viajando muito e conhecendo diversas pessoas. Estar entregue ao momento, curiosa para conhecer pessoas e culturas novas me fez perceber o quanto a diversidade é rica.

Viajando percebi que comecei a me envolver com caras interessantíssimos, que tinham histórias de vidas totalmente diferentes, que possuíam realmente algo a acrescentar na minha vida e que, mesmo não dando certo por algum motivo, me proporcionaram bons momentos. Foi então que me dei conta que finalmente tinha conseguido desconstruir um padrão de relacionamento.

Desde então, a frase “Always be in love with a soul, not a face” (“Sempre se apaixone por um espírito, e não por um rosto”) nunca fez tanto sentido.

Originally published at www.siteladom.com.br on April 2, 2018.

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