Para Sempre Interrompido: sutileza, profundidade e dor frente ao luto

Daiana Porto
Lado M

--

Taylor Jenkins Reid traz uma leitura sensível sobre continuar vivendo depois da morte de um grande amor

Toda manhã quando acordo, por uma fração de segundo esqueço que você não está mais aqui e estendo o braço para te procurar. Tudo o que eu encontro é uma cama fria. Meus olhos se voltam para nossa foto em Paris, na mesinha de cabeceira, e sinto uma alegria imensa porque, mesmo que tenha sido só por um breve momento, eu te amei e você me amou.

Elsie e Ben pareciam ter todo o tempo do mundo: vinte e poucos anos, recém-casados, apaixonados. Entre eles as coisas sempre aconteceram depressa, como uma explosão irrefreável de energia. Elsie só não tinha como saber que o brilho de seu romance seria tão fugaz.

Pouco mais de uma semana depois de se casar, Elsie perde Ben em um acidente e sente o futuro se desfazer diante de seus olhos. Só o que resta é um eterno agora, carregado de questões não resolvidas do passado.

Eu não sabia muito sobre o que esperar do livro antes de começá-lo e me surpreendi muito com a densidade da história. Para Sempre Interrompido foi meu primeiro livro de Taylor Jenkins Reid, mas já fiquei ansiosa e animada por outras histórias da autora.

A narrativa é dividida entre presente e passado e Taylor faz isso de forma cativante e muito doce. Além do luto pelo marido, Elsie também precisa encarar o julgamento das pessoas pela sua curta relação. Em vários momentos, minha única vontade era abraçá-la ou gritar exausta junto com ela.

“Já ouviu falar de supernovas? Elas brilham com mais força que qualquer outra coisa no céu, e depois se apagam de uma hora para outra. Uma supernova é uma explosão de uma energia extraordinária.”

Por ser uma leitura muito fluida, eu li Para Sempre Interrompido em poucos dias, mas levei o dobro disso para processar e até superar toda a história. A morte de Ben aconteceu logo nas primeiras páginas e por isso imaginei que não teria tanto apego ao personagem, já que o desenvolvimento dele, até então, não havia sido suficiente. Ledo engano. No decorrer da história vamos conhecendo mais sobre ele, sobre Elsie e sobre a relação dos dois e isso faz o sentimento pelos personagens aumentar cada vez mais.

Saber sobre o destino de Ben infelizmente não foi o suficiente para evitar que eu me apegasse a ele também. Durante a leitura, me peguei várias vezes desejando que tudo não tivesse passado de um equívoco e ele afinal estivesse vivo o tempo todo.

A autora soube abordar a dor do luto de uma maneira muito sensível e real. Independente de já ter perdido ou não alguém próximo, dá para se imaginar em cada situação de revolta, desespero e inércia diante de tudo.

Eu matei um pouco de mim mesma quando ele se foi.

O desenvolvimento da personagem é feito de forma gradual e muito natural. Você torce o tempo todo para que Elsie fique bem e lê a história na ânsia de descobrir como ela vai conseguir superar o luto.

A relação de Elsie com outras mulheres da história foi, para mim, um ponto alto da história. Para Sempre Interrompido é, sobretudo, um livro sobre dor e perdas, mas também sobre nascimento de novas relações, recomeços e amadurecimento diante do que a gente não pode controlar.

--

--