Poesia completa de Emily Dickinson é publicada em versão bilíngue

Carolina Carettin
Lado M
3 min readDec 7, 2020

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Edição é uma parceria entre as editoras da Unicamp e da UnB

A poetisa Emily Dickinson escreveu mais de 1800 poemas, mas publicou somente dez em vida. Pela primeira vez sua obra será publicada no Brasil em edição bilíngue com notas explicativas.

A escritora organizou boa parte de sua obra em 40 fascículos que costurava à mão. Os mais de mil poemas foram traduzidos para o português e publicados em um só volume pelas editoras da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e da UnB (Universidade de Brasília) e já está em pré-venda.

A tradução de Adalberto Müller, professor de teoria da literatura na UFF (Universidade Federal Fluminense) leva em conta os manuscritos originais e os limites sintáticos e rítmicos da língua portuguesa.

Müller também é tradutor das obras de Francis Ponge, E. E. Cummings, Paul Celan e Rainer Maria Rilke. Poesia Completa, de Emily Dickinson, segue a organização feita por Cristanne Miller em Emily Dickinson’s poems: as she preserved them, publicado pela Harvard University Press, no final de 2016.

Cristianne Miller também assina o prefácio à edição brasileira, em que apresenta a autora e seu contexto, além de tecer comentários sobre alguns de seus poemas. O volume traz o conjunto dos poemas em inglês e português, lado a lado, e, às vezes, mais de uma versão de uma mesma composição, além de indicar palavras e expressões alternativas anotadas pela própria autora.

Respeitando os processos de criação e de organização dos poemas em fascículos da consagrada poetisa, Poesia Completa é uma obra para o conhecimento profundo de sua obra por especialistas, mas também para fruição dos amadores. Um segundo volume será publicado em 2021, contendo a tradução das folhas e poemas soltos, assim como dos transcritos por terceiros e dos não retidos.

Por que Dickinson não publicou em vida?

Emily Elizabeth Dickinson nasceu em 1830 em Amherst, Massachusetts, nos Estados Unidos. Começou seus estudos numa escola local e, aos dezessete anos, se matriculou no Mount Holyoke Female Seminary, um colégio para moças que abandonou menos de um ano depois, alegando problemas de saúde.

A poetisa ficou reclusa por muito tempo, quando começou a escrever. Alguns biógrafos apontam a reclusão como a causa de ela ter publicado pouco em vida. Emily não se sentia parte do cenário social imposto e, na época, uma mulher ocupar esse espaço nas Letras não era bem-visto.

Foi só nos anos 1960 que o movimento feminista fez um resgate de suas obras que mostram a opressão sofrida pelas mulheres da época. Emily morreu desconhecida do público por conta de nefrite, em 1886. Após seu falecimento, a família encontrou entre seus pertences mais de 1750 poemas, escritos a partir de 1850.

Com informações da Agência Bori.

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Carolina Carettin
Lado M
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Jornalista, caipira de Araras, interior de São Paulo. É bailarina desde criança, ama ler e é fã da Rita Lee.