Quando você vai ser independente de verdade?

Lado M
Published in
3 min readJan 28, 2016

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Muitas vezes, queremos tomar decisões por nós mesmas, sair sem dar satisfações e tomar os tapas necessários da vida sem a intervenção dos outros, e por mais que tenhamos idade, dinheiro ou empoderamento suficientes para isso, o lado emocional — ou a chantagem- podem falar um pouco mais alto.

Por um lado, eu sei que preciso e quero me desenvolver — e, para isso, deixar para trás o que não faz mais sentido. Mas, por outro lado, tenho receio de magoar aqueles que amo pelo simples motivo de eles não entenderem que eu mudei e não preciso mais deles tanto assim.

“Quando você volta?”
“Por que você sumiu?”
“Esqueceu da gente?”
“Você não parece ser mais a mesma pessoa”
“Por que está agindo assim?”

Resposta: porque eu mudei e não sou mais a menininha que se assustava ao ouvir um trovão, a amiga que pedia opinião para tudo ou a mulher que não confiava no próprio taco. As pessoas mudam, tudo sempre muda.

E tomar consciência de que algumas pessoas deixaram de fazer sentido para que a nossa a vida pudesse prosseguir, ou que algumas delas estagnaram e gostariam de nos ver estagnadas junto com elas, é, minimamente, estranho.

É estranho ter a noção de que, às vezes, precisamos abdicar de vínculos que estão nos impedindo de seguir adiante ou deixar de frequentar lugares e largar hábitos que por tanto tempo foram acolhedores.

Dizer não às pessoas, impor limites ou simplesmente seguir, independentemente da crise do ninho vazio que nossos parentes podem ter, não é deixar de amar, mas sim seguir o caminho da própria alma e se tornar gente grande pelos próprios pés.

Não se engane. Haverá chantagens emocionais, imposição de costumes que não têm mais cabimento e tantas outras tentativas de manter o status quo. Haverá constantemente o medo de que você possa se machucar e, por conta deste medo, uma tentativa descomunal de te proteger ou prender.

Por outro lado, o que pode acontecer é você ou eu sermos as pessoas que têm o medo da mudança e do novo, que têm medo de perder uma pessoa amada, seja por sua liberdade que a afasta de nós ou pela iminência da morte.

De qualquer modo, a vida do outro não nos pertence, muito menos seus caminhos. Vai que vocês e eu nos encontramos lá na frente? Vai saber se novos aprendizados não são necessários antes de voltarmos a nos ver? O amor fica e a consideração também.

Já a insegurança e o medo de perder quem nunca foi seu (ou o medo de te perderem) só aprisionam ao invés de acolher.

Partidas são necessárias, inclusive as nossas. E quem sabe lá na frente, depois de um breve retorno, talvez possamos ter consciência do motivo de termos ido embora. Digo-lhe apenas para que, se seu coração grita por algo, siga isso independentemente do que ou quem queira te barrar. E vá. Vá sem saber onde vai chegar, vá sem saber se volta. Não deixe que te prendam ou que você prenda alguém também.

Originally published at www.siteladom.com.br on January 28, 2016.

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