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Que tesão é esse?! 5 fatos sobre parar de tomar anticoncepcional

Lado M
Lado M
Published in
6 min readSep 28, 2016

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Pois é. Parei de usar anticoncepcionais (AC pras mais íntimas) e a minha vida tem mudado. Muito.

Acredito que muitas mulheres que decidiram parar de tomá-lo tenham passado por um ciclo parecido ao longo da vida:

  • Inicialmente, começaram a usar algum tipo de anticoncepcional (seja pílula anticoncepcional, anel vaginal, adesivo com hormônio, DIU Mirena) desde muito novinha, fosse pra controlar as espinhas, regular a menstruação ou por conta do início da vida sexual;
  • Depois, passaram anos usando algum método hormonal (o mais tradicional é o uso da pílula, né? Mas no meu caso passei um bom tempo usando o adesivo hormonal e mais recentemente o anel vaginal, ambos por serem mais práticos e terem uma quantidade menor de hormônios);
  • Tiveram o conhecimento de que usar essas coisas faz mal e coloca a saúde da mulher super em risco, desde diminuir consideravelmente a libido a problemas como AVC a trombose, se sentir desconstruída por ter ouvido a vida inteira de que anticoncepcional era a melhor invenção do mundo;
  • E, finalmente, tiveram coragem de parar de usá-lo.

É sobre isso que falarei agora. Antes de tudo é imprescindível dizer que este texto não é científico, mas sim um relato sobre as sensações que eu obtive depois de deixar de usar anticoncepcionais.

Talvez você já tenha passado por este mesmo processo de uma forma diferente ou tenha lidado com ele bem mais tranquilamente, mas a listinha abaixo refere-se ao que tenho aprendido nesse processo de pós-anticoncepcional. Sem generalizações, ok?

Vamos à lista!

1- Ser desconstruída por manas bem informadas e/ou com relatos fortes

Antes de conhecer o feminismo e moças empoderadas, eu desconhecia os efeitos colaterais dos anticoncepcionais. Ok, eu bem que poderia ter lido a bula mais a fundo — e de fato o fiz. Só que isso nunca foi o suficiente para que eu pensasse que anticoncepcionais não seria tão milagrosos assim.

Então me deparei com textos de mulheres falando sobre como o anticoncepcionais (qualquer que fosse o tipo de contraceptivo hormonal utilizado) diminui nossa libido e aumenta consideravelmente riscos de trombose, embolia pulmonar ou AVC. São relatos muito fortes que você pode encontrar sobre as vítimas de anticoncepcionais, até mesmo de histórias de mulheres que morreram super jovens por conta desse medicamento. Você pode encontrar esses relatos e informações sobre medicamentos específicos nesta página do Facebook, como na “Vítimas de anticoncepcionais. Unidas a favor da vida”.

2- Aprender a controlar o medo de engravidar

Após essa desconstrução de que anticoncepcionais seriam eternamente milagrosos pra mim, o próximo passo foi controlar esse medo irracional de ficar grávida.

Eu não sei vocês, mas meu principal motivo para tomar anticoncepcionais sempre foi este. E mesmo com ele, a minha neurose sempre foi imensa. Dessa forma, deixar de tomá-lo tem sido um desafio mental, já que ficar com a menstruação meio desregulada por um tempo e sonhar com gravidez (comigo isso acontece direto) têm me assustado bastante.

Dessa forma, nesta fase é imprescindível pesquisar quais métodos contraceptivos naturais existem e que sejam mais adequados para você. Usar camisinha ou DIU de cobre? Pode ser! Outros métodos existentes e bem interessantes são o diafragma e o espermicida. Pra quem não sabe, o diafragma é uma espécie de barreira que fica encaixadinha no colo do útero, impedindo que os espermatozóides entrem e façam seu trabalho — é importante passar no gineco pra ver qual seria o melhor tamanho para você, já que, se ele ficar muito pequeno ou muito grande, essa “barreira” não vai ser muito eficaz né? Já o espermicida, que pode ser utilizado junto, é um gelzinho que os mata, como o próprio nome já sugere. Acredito que esta seria uma combinação maravilhosa caso fosse mais fácil de ser encontrada no Brasil. Aqui esses dois métodos são praticamente inexistentes.

Além desses também dá pra verificar o período de ovulação, mais comumente chamado de dia fértil, com base na medição na temperatura corporal (temperatura basal) ou do muco cervical. Optei por este segundo método também.

Basicamente, é necessário introduzir o dedo médio (o mais longo) na vagina todos os dias e verificar como está o muco. Aí é só verificar como ele está. A cada dia muda um pouquinho. Tem dias que ele é grosso e meio esbranquiçado, e, em tese, esse tipo não é muito fértil. Aí nos dias férteis ele fica transparente e mais pegajoso (como quando a gente tá bem excitada, sabe?) mesmo quando você nem tá pensando em sexo. Bem, no meu caso, quero evitar uma gravidez, então é mais sábio não fazer sexo nesses dias.

3- Ui! A libido voltou demais!

Só que não transar nesses dias é quase impossível. Na boa, se não existissem obrigações e compromissos da vida cotidiana, nesses dias eu ficaria eternamente transando. Que sensação doida! Eu sempre achei que tivesse uma libido bem alta (alta mesmo), mas depois de não ter hormônios a mais passando pelo meu corpo, constatei que passei os últimos 7 anos meio castrada. Nossa! Eu pensava que sentia muito prazer sexual normalmente, mas depois de parar de usar anticoncepcionais, descobri que não era bem assim: tem dias que passo o dia todo pensando em sexo, até mesmo quando vem algum cheiro familiar (como perfumes específicos). É meio que literalmente estar no cio (e eu nunca pensei que fosse assim).

4- Os enjôos passaram

Por mais que eu sempre tivesse utilizado métodos com menos hormônios, tais substâncias sempre estiveram lá . E só recentemente notei que minhas crises de enjoo e tontura iniciaram logo depois que comecei a usar anticoncepcionais, em meados da adolescência. Sempre associei isso com estresse (passar no vestibular, provas, trabalho, etc.) e pensava que efeitos colaterais eram besteira, bem coisa do tipo “Ah, isso não acontece. Bem, pelo menos não comigo”. Curiosamente, os enjoos que eu estava tão acostumada a sentir diminuíram drasticamente, mesmo em dias de alto estresse, por exemplo.

5- Estou aprendendo a conhecer mais o meu corpo

E por conta disso tudo, é como se estivesse entrando na adolescência novamente, começando do zero. Agora eu preciso saber quais dias menstruo, quais dias fico mais fértil. E até mesmo aceitar que, sim, eu tenho um tesão imenso tanto por caras quanto pela vida. Tesão de me sentir mulher e descobrir o que meu corpo me diz. De ter uma maior consciência de que há dias nos quais me sinto super sensual e outros que a única vontade é apenas ficar encolhidinha num canto curtindo minhas cólicas em paz. O corpo tem uma sabedoria intrínseca que estou aprendendo a contemplar agora, já que até então havia me entupido de medicamentos que burlavam os ciclos naturais.

Usar anticoncepcional implica em muitas coisas. Por muitos anos, ele foi considerado o salvador da pátria e só agora começamos a enxergar sua nocividade. É claro que, por mais que ele tenha efeitos bons, como não engravidar e fazer tratamentos diversos (como as meninas que têm ovário policístico e usam anticoncepcionais como tratamento), é bom que estejamos sim atentas aos riscos que ele traz para nossa saúde, nem que o menor dano seja a baixa na libido.

Bem, eu particularmente não preciso utilizar anticoncepcionais com fins terapêuticos e cansei de drogar meu corpo. Porque, sim, métodos contraceptivos hormonais são remédios, drogas.

Fora isso, é claro que tem mais um monte de coisa para descobrir, inclusive como lidar com meu emocional. E principalmente aprender a controlar meus medos e a sentir meu corpo e o que ele diz pra mim. E você leitora, como lida com o que seu corpo tem a te dizer?

Originally published at www.siteladom.com.br on September 28, 2016.

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