Foto: Ricardo Bufolin/CBG

Rebeca Andrade, a primeira brasileira medalhista da ginástica artística

Carolina Carettin
Lado M
Published in
3 min readJul 29, 2021

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A primeira medalha da ginástica artística feminina brasileira chegou. Rebeca Andrade, de 22 anos, ganhou a prata no individual geral nas Olimpíadas de Tóquio, Japão. Com o solo ao som de Baile de Favela, de MC João, Rebeca fez história ao trazer uma medalha inédita e levar o funk para a competição.

Natural de Guarulhos (SP), Rebeca começou a treinar aos 4 anos no projeto social Iniciação Esportiva, da Prefeitura de sua cidade natal. Foi lá que ficou conhecida como “Daianinha de Guarulhos”, em referência a Daiane dos Santos, medalhista de ouro em campeonatos mundiais.

Rebeca Andrade competindo em Cuba. Foto: Arquivo pessoal.

Ainda em Guarulhos, Rebeca foi descoberta pela técnica e árbitra internacional Mônica Barroso dos Anjos, que treinou a atleta por um ano e meio e depois a encaminhou para o grupo de alto rendimento. A mãe de Rebeca, Rosa Rodrigues, conta que a filha teve que parar de treinar por falta de condições financeiras, chegando a ir a pé aos treinos, caminhando por 2 horas. Nessa época, os treinadores fizeram um rodízio para levar Rebeca até o ginásio. O apoio também vinha dos irmãos. Com cerca de 15 anos, o irmão Emerson comprou uma bicicleta para levar e buscar Rebeca nos treinos.

Hoje, dia 29 de julho de 2021, em Tóquio, Rebeca agradece:

“Essa medalha não é só minha, é de todo mundo. Todos sabem da minha trajetória, o que eu passei. Se eu não tivesse cada pessoa dessa na minha vida, isso aqui não teria acontecido. Tenho certeza disso. Sou muito grata a todo mundo mesmo. Acho que mesmo se eu não tivesse ganhado a medalha, eu teria feito história, justamente pelo meu processo para chegar até aqui. Não desistam, acreditem no sonho de vocês e sigam firmes. Dificuldade sempre teremos, mas temos que ser fortes suficientes para passar por dia. Tive pessoas maravilhosas que me ajudaram a passar por esse processo, espero que vocês tenham pessoas incríveis para ajudar a chegar no topo assim como cheguei. Eu sou muito grata. Mando todo meu amor para todas as ginastas que passaram por aqui, que estão feliz com meu sucesso, estou muito grata mesmo”, em entrevista à Globo.

Hoje, Rebeca representa o Flamengo, repetindo o caminho dos irmãos Hypolito. Ainda aos 12 anos, a atleta já era a melhor do país, conquistando o campeonato brasileiro em 2012. Porém, as lesões a deixaram fora do Panamericano e do Mundial de 2015. Rebeca estreou em Olimpíadas no Rio de Janeiro, em 2016, ficando na 11ª colocação no individual geral.

Foto: Reuters

Somente nesse ciclo olímpico, entre 2016 e 2020, Rebeca teve que fazer duas cirurgias nos joelhos. O atraso dos Jogos Olímpicos ajudou a atleta a se preparar para essa edição. Rebeca ainda tem duas chances de medalha: no salto, transmitido no domingo (01/08), às 5h45, horário de Brasília; e no solo, na segunda-feira (02/08), às 5h45, horário de Brasília.

Funk nas Olimpíadas

E foi justamente com sua apresentação no solo que Rebeca viralizou nos últimos dias. Ao som de Baile de Favela, a atleta recebeu 14.066 nas classificatórias do individual geral nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Na final, a nota foi 13.666 por conta de dois pequenos passos que Rebeca deu para fora.

Rebeca apresenta o solo no Campeonato Pan-Americano de Ginástica Artística

O coreógrafo Rhony Ferreira uniu o funk à Tocata e Fuga, de Bach. “”Quando começou a tocar o ‘Baile de Favela’, ela abriu um sorrisão e já começou a dançar com o fone no ouvido”, disse em entrevista ao G1.

Desde que Daiane dos Santos se apresentou com Brasileirinho, as brasileiras passaram a ser sinônimo de inovação nas escolhas das músicas. Rebeca, além de levar o Brasil aos Jogos, leva o funk, gênero tão marginalizado da cultura brasileira.

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Carolina Carettin
Lado M
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Jornalista, caipira de Araras, interior de São Paulo. É bailarina desde criança, ama ler e é fã da Rita Lee.