Stacy Pearsall: conheça a fotojornalista que registrou a guerra no Iraque

Carolina Carettin
Lado M
3 min readApr 6, 2017

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Na terceira reportagem da série Linha de Frente, apresentamos o trabalho da fotógrafa americana Stacy Pearsall, que iniciou seu trabalho como fotojornalista da Força Aérea dos Estados Unidos aos 17 anos. Aos 21 foi aceita no 1st Combat Camera Squadron, baseado em Charleston, na Carolina do Sul.

Em entrevista para o PetaPixel, Stacy afirma que os primeiros meses no Squadron foram os mais desafiadores pessoal e tecnicamente. “Eu aprendi como transmitir imagens digitais via satélite para todo o mundo, como fotografar estando na rampa de um avião de carga, fotografar em movimento e como se locomover utilizando somente um mapa topográfico e uma bússola”, conta.

Por haver poucas mulheres no meio quando iniciou seus estudos, Stacy tentava fazer as pessoas esquecerem que ela era mulher, muitas vezes se comportando de forma diferente. “Como era uma fotojornalista militar, havia trabalhos dos quais eu era excluída por conta do meu gênero”, afirma. “Quando me deram a oportunidade de provar minhas habilidades em combate, eu acredito que o fiz. Para mim, e outras mulheres fotojornalistas, nós provamos que as câmeras são cegas em relação ao gênero. Não é sobre ser mulher ou homem, é sobre ser um ser humano bom que genuinamente se importa em contar a história”. Feminista, Pearsall defende que nem todos os trabalhos são adequados para cada indivíduo, seja homem ou mulher. “É preciso encontrar o que funciona com base na habilidade, não no gênero”, diz.

Durante seu tempo em serviço, viajou para 41 países e participou do Military Photojournalism Program na S.I. Newhouse School of Public Communications, na Universidade Syracuse. Foi a primeira mulher a ganhar por duas vezes o prêmio Military Photographer of the Year (tradução livre: melhor fotógrafo(a) militar do ano). Depois de terminar o serviço militar, Pearsall continuou a trabalhar no mundo todo como fotógrafa independente.

A fotógrafa tem uma relação diferente com seus retratados. Quando questionada sobre o momento mais perigoso que já passou enquanto trabalhava, Stacy afirma que sempre acreditou que aqueles que estavam em frente à sua câmera estavam em situação muito mais difícil. “Minha maior arma era minha câmera e contanto que eu mantivesse o medo de lado e meu olho na câmera, eu sabia que conseguiria”, conta.

Um dos projetos criados por Stacy é o Veterans Portrait Project (VPP), que retrata veteranos de guerra. A ideia surgiu depois de Pearsall ser ferida enquanto trabalhava no Iraque. “Durante minha recuperação, comecei a fazer retratos dos veteranos no hospital. Me propus a fotografar veteranos de cada estado e província das quais os Estados Unidos recruta pessoas”, explica. Em oito anos, Stacy fotografou mais de seis mil veteranos. “O projeto tem sido um trabalho de amor, uma ferramenta de cura e uma nova paixão para mim. Eu queria compartilhar as verdadeiras faces e histórias do serviço militar americano, homens e mulheres”, afirma.

Em 2016, Stacy organizou exposições apresentando os veteranos a suas respectivas cidades natais e participou de uma série documental do YouTube sobre suas aventuras na estrada com o VPP.

Pearsall, além de trabalhar com fotografia, leciona e dá palestras. Entre esses trabalhos, lançou dois fotolivros: “Shooter: Combat from Behind the Camera” e “A Photojournalist’s Field Guide: in the Trenches with Combat Photographer Stacy Pearsall”.

Originally published at www.siteladom.com.br on April 6, 2017.

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Carolina Carettin
Lado M
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Jornalista, caipira de Araras, interior de São Paulo. É bailarina desde criança, ama ler e é fã da Rita Lee.