Uma viagem feminista no tempo: conhecendo grandes mulheres

Maria Alice Gregory
Lado M
Published in
4 min readApr 22, 2015

Dando continuidade à nossa viagem feminista no tempo, agora chegou a vez de contarmos as histórias e as contribuições das feministas para a nossa sociedade e nossa escalada para a igualdade de gênero pelo mundo.

Vale lembrar que as feministas apresentadas abaixo são apenas algumas das milhares que possuem dentro de si histórias únicas e vivências bastante diferenciadas. Toda mulher que luta por seus direitos é digna de orgulho e exaltação por parte da sociedade, mas infelizmente só uma parcela bastante reduzida acaba recebendo esse reconhecimento, e muitas vezes mascarado de críticas machistas e opressões de diversos tipos.

Gerda Lerner

Gerda foi uma historiadora americana que chegou a ser professora na prestigiada Duke University nos Estados Unidos, e foi uma das fundadoras do campo de História Afro-Americana na instituição. Seu importante papel como feminista se pautou justamente na criação de um currículo de História da Mulher, um curso totalmente voltado para o estudo social da mulher e de sua história nos mais diversos contextos históricos.

Louise Labé

Louise foi uma poetisa francesa que desafiou as expectativas sociais sobre a figura da mulher no século XIV: apesar de ter sido criada em um contexto nobre e conservador, Louise aos dezesseis anos se disfarçou de homem para acompanhar um de seus amantes em uma batalha e chegou até a tomar parte de combates. Anos depois, como poetisa, sua principal obra foi “Debate da Loucura e do Amor”, na qual defende o direito das mulheres à educação, à liberdade de pensamento e a escolha de parceiros.

Mary Wollstonecraft

Talvez você conheça a Mary, mas não sabe. Ela é a mãe da Mary Shelley, que escreveu o grande sucesso literário “Frankenstein”. Mas fora o fato de ter uma filha famosa, a Mary-mãe tem seu mérito como escritora e como feminista: durante a sua breve carreira, escreveu vários romances, um livro sobre viagens, uma história sobre a Revolução Francesa, um livro sobre comportamento social, e livros para crianças. Seu trabalho mais conhecido é a obra “A Vindication of the Rights of Woman”, em que defende que as mulheres não são, por natureza, inferiores aos homens e que devem ser tratados como seres racionais e de igual capacidade para trabalhar e exercer seus direitos como cidadãs, ao passo que concebe uma ordem social baseada nessa razão.

Maria Veleda

Maria Veleda é na verdade um pseudônimo para Maria Carolina Frederico Crispim jornalista e feminista portuguesa que foi uma das pioneiras na luta pela educação das crianças e dos direitos das mulheres e na propaganda dos ideais republicanos, sendo uma das mais importantes dirigentes do primeiro movimento feminista português.

Carmen da Silva

Definida como “um dos símbolos da modernização da imprensa e da sociedade brasileira contemporânea”, Carmen foi uma jornalista brasileira que teve um papel importante na publicação de artigos em favor dos direitos das mulheres na mídia brasileira. Durante 22 anos, Carmen redigiu a coluna “A arte de ser mulher” na revista Claudia da Editora Abril, onde propunha o debate sobre muitos temas de empoderamento feminino que ainda eram tabus em sua época, como o uso da pílula anticoncepcional, inserção da mulher no mercado de trabalho e divórcio, entre outros.

Jerônima Mesquita

Jerônima foi uma enfermeira e líder feminista brasileira de grande importância na história do nosso país, de forma que até em sua homenagem foi criado o Dia Nacional da Mulher (30 de abril). Sua atuação na luta pelos direitos da mulher contemplou a fundação da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino(FBPF) em 1922, além de ser uma das pioneiras na luta pelo direito ao voto feminino, participando ativamente do movimento sufragista em 32. Alguns anos depois, ainda criou o Conselho Nacional das Mulheres e a Associação das Girl Guides do Brasil (primeiro nome da Federação de Bandeirantes do Brasil).

Nísia Floresta Brasileira Augusta

O nome que mais parece de perfil de alguma página de militâncias interseccionais dos dias de hoje é na verdade um pseudônimo de Dionísia Gonçalves Pinto escritora e poetisa potiguar considerada uma pioneira do feminismo no Brasil e foi provavelmente a primeira mulher a romper os limites entre os espaços público e privado publicando textos em jornais, na época em que a imprensa nacional ainda engatinhava. Em seu primeiro livro, Direitos das mulheres e injustiça dos homens, Nísia foi a primeira escritora no país a tratar dos direitos das mulheres à instrução e ao trabalho, inspirado no livro da feminista inglesa Mary Wollstonecraft: Vindications of the Rights of Woman. Na tradução livre e comentada por Nísia da obra de Mary, temos talvez o texto fundante do feminismo brasileiro, se o vemos como uma nova escritura, ainda que inspirado na leitura de outro.

Originally published at www.siteladom.com.br on April 22, 2015.

--

--