Uma viagem feminista no tempo: mulheres que fizeram a diferença!

Maria Alice Gregory
Lado M
Published in
5 min readFeb 25, 2015

Dando continuidade à nossa viagem feminista no tempo, dessa vez buscamos mulheres que tenham feito a diferença no movimento e na sociedade de seu tempo, tornando-se grandes ícones feministas de sua época.

Vale lembrar que as feministas apresentadas abaixo são apenas algumas das milhares que possuem dentro de si histórias únicas e vivências bastante diferenciadas. Toda mulher que luta por seus direitos é digna de orgulho e exaltação por parte da sociedade, mas infelizmente só uma parcela bastante reduzida acaba recebendo esse reconhecimento, e muitas vezes mascarado de críticas machistas e opressões de diversos tipos.

Alice Walker

Alice é uma escritora americana e ativista feminista negra que sempre lutou pelos direitos dos negros e das mulheres, destacando-se na luta contra o apartheid (ainda em vigor na época de sua militância jovem) e contra a mutilação genital feminina em países africanos. Além de participações notáveis em suas militâncias, Alice ainda deve ser lembrada como uma mulher forte que cresceu e trabalhou em meio a um contexto bastante racista dos estados sulistas norte-americanos, desafiando grupos supremacistas brancos que a perseguiam principalmente ao casar-se com um homem judeu (em uma época em que casamentos interraciais ainda eram ilegais).

Susan Brownmiller

Como Alice, Susan é uma jornalista norte-americana e ativista feminista, autora de diversos livros relacionados à essa temática. Na década de 1960, iniciou sua militância e participou de mobilizações em torno do direito a voto da população negra. Foi co-fundadora da New York Radical Feminist, uma das primeiras organizações feministas americanas e teve experiências no CORE (Congress Of Racial Equality), uma das quatro maiores organizações que lutavam pelos direitos civis de afro-americanos à época. No início da década de 1970, Brownmiller explora o tema da violação do corpo feminino, até então recorrente e naturalizada, por meio do livro Against Our Will: Men, Women, and Rape. A obra foi considerada revolucionária para o entendimento acerca das relações de dominação homem-mulher que envolvem o crime de estupro.

Barbara Jordan

Contemporânea de Susan, Barbara não só foi ativista dos direitos das mulheres nos Estados Unidos como foi líder do movimento dos direitos civis dos negros. Em 1975, foi eleita pela revista de notícia Time como Pessoa do Ano, representando as Mulheres Americanas.

Lélia Gonzalez

Lélia foi uma professora de Ensino Médio que, no final a década de 1960, fez de suas aulas de Filosofia espaço de resistência e crítica político-social, marcando definitivamente o pensamento e a ação de seus alunos. Ajudou a fundar instituições como o Movimento Negro Unificado (MNU), o Instituto de Pesquisas das Culturas Negras (IPCN), o Coletivo de Mulheres Negras N’Zinga e o Olodum. Sua militância pelos direitos das mulheres negras ainda lhe rendeu um cargo no Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM), no qual atuou de 1985 a 1989. Seus escritos da época identificam sua constante preocupação em articular as lutas mais amplas da sociedade com a demanda específica dos negros e, em especial, das mulheres negras.

Betty Friedan

Betty figura na lista por dois motivos: além de ser uma notória feminista da vertente Liberal, ainda é o exemplo máximo de feminista de fevereiro: nasceu e faleceu no mesmo dia (4 de fevereiro)! Betty participou de movimentos marxistas e judaicos para além de sua militância feminista e ainda publicou o livro The Feminine Mystique (A Mística Feminina), um best-seller que fomentou a segunda onda do feminismo, abordando o papel da mulher na indústria e na função de dona-de-casa e suas implicações tanto para a sobrevivência do capitalismo quanto para a situação de desespero e depressão que grande parte das mulheres submetidas a esse regime sofriam. Foi co-fundadora da Organização Nacional das Mulheres, nos EUA e auxiliou também na criação do NARAL, organização de fomento aos direitos reprodutivos, inclusive o do aborto.

Madalena Barbosa

Madalena foi a fundadora do Movimento de Libertação das Mulheres em Portugal, criado para lutar pelo direito de igualdade sem discriminação de sexo. Ainda fez parte da Comissão da Condição Feminina (posteriormente Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género), comissão parlamentar para lutar pela igualdade entre sexos.

Judith Butler

Judith Butler é uma filósofa estadunidense e uma das principais teóricas da questão contemporânea do feminismo, teoria queer, filosofia política e ética. Durante a década de 1980, entre diversas designações de ensino e pesquisa , ela envolveu-se nos esforços de crítica ao estruturalismo presente na teoria feminista ocidental, questionando os seus pressupostos enquanto essência da teoria (ou seja: os pontos que levavam umas a fazer a famosa batida de carteira de feminista).

Meena Keshwar Kamal

Meena foi uma feminista afegã que trabalhou e deu sua vida pelos direitos das mulheres. Fundou a Associação Revolucionária das Mulheres do Afeganistão (RAWA) em 1977, um grupo organizado para promover igualdade e educação para as mulheres. Poucos anos depois, Meena lançou uma revista bilíngue Payam-e-Zan (Mensagem das Mulheres), e fundou escolas para ajudar crianças refugiadas e suas mães, oferecendo hospital e aprendizado em atividades manuais. Ao final da década de 1970, ainda representou a resistência afegã no Partido Socialista do Congresso Francês.

Originally published at www.siteladom.com.br on February 25, 2015.

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